PASSANDO A LIMPO

Quando a política mata a razão

“A inverdade é a ideologia que não assume seu nome." Ailton Carlos Coelho

Mais uma semana termina com a política local e a saúde global se confundindo em um emaranhado de declarações, interesses e, por que não, inverdades. A voz que clama por clareza parece cada vez mais solitária no coro da conveniência. Mas o papel de uma coluna como esta é justamente separar o ruído da mensagem.

Bocas alugadas

A política de Santa Catarina ferve, João Rodrigues (PSD), em uma atitude que merece atenção, tem levantado questionamentos importantes em suas redes sociais. A reclamação dele sobre uma suposta perseguição de jornais, rádios, TVs e blogs não é nova, mas ganha peso quando ele sugere que essa "campanha" é financiada. A ideia de que há CPFs e CNPJs recebendo altos recursos do governo levanta uma questão essencial: a imprensa livre é realmente livre?

Em um cenário onde a informação deveria ser um bem público e o debate democrático uma prioridade, a mera suspeita de que veículos de comunicação possam estar alugados a interesses governamentais é grave. João Rodrigues, hoje principal adversário de Jorginho Mello, atual mandatário de Santa Catarina, para as eleições de 2026, questionou com ironia: se realmente estão tranquilos com a reeleição baseados em "pesquisas," por que tanto medo e por que se engajam em uma briga tão intensa? A pergunta é retórica e a resposta, óbvia: no jogo do poder, o que a rua diz e o que a urna reflete, muitas vezes, é o oposto do que as pesquisas encomendadas mostram. A tentativa de descredibilizar a oposição por meio de uma imprensa supostamente alinhada não demonstra força; mostra fragilidade e um certo desespero. O eleitor, no fim das contas, saberá passar a limpo.

Missão internacional e o retorno às raízes

Na Alemanha, durante a Oktoberfest de Munique, o prefeito Arão Josino aproveitou para se encontrar com o empresário Luciano Hang da Havan. Arão jantou com Luciano e sua família na própria festa e na oportunidade discutiram ações para fortalecer o Vale Europeu.

Hang tem defendido que os municípios busquem ações que preservem as tradições e resgatem os costumes culturais. Destacou que o Vale Europeu é o Brasil que deu certo, mas que para continuar neste caminho é preciso que os políticos locais mantenham este foco.

A saúde x a inverdade

O segundo assunto da semana nos leva a um terreno ainda mais delicado, onde a verdade é vital, e a inverdade, mortal. A fala de Donald Trump sobre a relação entre o aumento de casos de autismo e os efeitos de vacinas e remédios, como o paracetamol, levantou uma onda de debates e controvérsias. O questionamento sobre a atuação da indústria farmacêutica não é um tema menor, mas deve ser tratado com a seriedade que a saúde exige, e não com radicalismo político.

A pesquisa sobre o tema nos traz uma clareza crucial: a história de que mulheres estariam se expondo a overdoses de paracetamol em protesto contra Trump é falsa. A suposta história de uma mulher grávida em estado grave e com o filho correndo risco de sequelas não tem qualquer comprovação em veículos de notícia sérios ou instituições de saúde. Trata-se de uma narrativa fabricada e irresponsável.

Essa inverdade grotesca, viralizada em redes sociais, expõe o que há de mais perigoso no radicalismo político: a disposição de arriscar a vida e a integridade de um ser humano em formação para sustentar uma pauta ideológica. A atitude de mulheres em redes sociais que, mesmo sem as consequências trágicas do caso, desafiaram as recomendações médicas por radicalismo político é perturbadora. A pergunta que fica é: você arriscaria o bem-estar do seu bebê por radicalismo político? A resposta, para qualquer pessoa que valoriza a vida e a ciência, deveria ser não.

A lição que fica, tanto para a política catarinense quanto para o debate internacional sobre saúde, é que a verdade sempre se impõe. As inverdades podem ter um voo alto e rápido nas redes sociais, mas a realidade tem a gravidade que as derruba. O nosso dever é sempre questionar, ponderar e, acima de tudo, passar a limpo.