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OPINIÃO

BR-470: Uma rodovia de desafios e indignação

  

A BR-470, que deveria ser um vetor de desenvolvimento para o Vale Europeu e Alto Vale, transformou-se em um canteiro de obras sem fim e, o que é mais grave, em um palco de insegurança constante. A tão sonhada duplicação, promessa que se arrasta por anos, acumula atrasos inaceitáveis e, nos trechos já concluídos, a qualidade da pavimentação levanta sérios questionamentos.

Bilhões de reais foram injetados nesse projeto. Inúmeras cerimônias, lançamentos de pedra fundamental e promessas eleitoreiras pontuaram a história dessa rodovia. No entanto, o que vemos em 2025 é uma realidade cruel e frustrante. Trechos que, com alarde e pompas, foram entregues como "duplicados" estão hoje em um estado deplorável. Buracos, ondulações perigosas e imperfeições graves pontuam o asfalto, transformando a condução em uma sucessão de manobras arriscadas e a estrada em um teste constante para pneus e suspensões. Não se trata de pequenas falhas, mas sim de defeitos estruturais que comprometem a segurança e a fluidez do tráfego.

O cúmulo do absurdo reside na situação do trecho entre Indaial e Ibirama. Recentemente, com novos investimentos e anúncios de melhorias, essa parte da rodovia passou por um recapeamento. A expectativa era de uma superfície lisa e segura, capaz de suportar o intenso fluxo de veículos pesados e de passeio. Qual não foi a surpresa e a indignação ao constatar que, em pouquíssimo tempo, esse mesmo trecho já está novamente cheio de buracos e crateras, como se o serviço jamais tivesse sido executado com a qualidade mínima esperada. Isso nos leva a uma série de questionamentos inadiáveis: Quem fiscaliza, de fato, essas obras? Onde estão os engenheiros, os auditores, os responsáveis por garantir que o dinheiro público seja bem aplicado? Será que as empresas contratadas não são responsabilizadas pela má execução? As obras públicas, tão almejadas e necessárias, não possuem garantia? Duram apenas 30 dias antes de começarem a desmoronar? A sensação que se tem é de um ciclo vicioso de obras malfeitas, recapeamentos emergenciais e gastos contínuos, sem que a rodovia atinja o padrão de qualidade prometido.

E como se não bastasse a precariedade da pavimentação, a gestão da segurança na BR-470 também é alvo de severas críticas. É inexplicável que lombadas eletrônicas, dispositivos essenciais para o controle de velocidade e a prevenção de acidentes, pareçam ser instaladas em locais que geram "caça-níqueis" para o erário, enquanto trechos comprovadamente perigosos e com alto índice de acidentes permanecem desguarnecidos. Os municípios de Apiúna e Ascurra são exemplos dolorosos dessa negligência. Nos últimos tempos, a BR-470 nesses trechos tem sido palco de uma incidência alarmante de colisões, capotamentos e atropelamentos, muitos deles com vítimas fatais. A ausência de sinalização adequada, de iluminação eficiente e de dispositivos que forcem a redução de velocidade nesses pontos críticos é um descaso flagrante com a vida dos motoristas, passageiros e pedestres.

A paciência da população do Vale Europeu e do Alto Vale se esgotou. Não podemos mais aceitar uma BR-470 que é sinônimo de perigo, de obras intermináveis e de dinheiro público jogado fora. É imperativo que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), as empresas responsáveis e os órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, assumam sua responsabilidade. Queremos respostas claras e, mais do que isso, ações concretas e imediatas. Exigimos uma rodovia duplicada de fato, com qualidade que resista ao tempo e ao fluxo, e que a segurança dos usuários seja a prioridade máxima. A vida dos catarinenses merece respeito, e o desenvolvimento da região demanda uma infraestrutura à altura de suas necessidades. É hora de passarmos da indignação à ação, cobrando que a BR-470, finalmente, saia da vala do descaso e se torne a rodovia segura e eficiente que tanto precisamos.

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