opinião

A Corte em Xeque

O êxodo antecipado e a consequente captura do poder

  

A República assiste a um movimento no Supremo Tribunal Federal (STF) que desenha um cenário de profunda e perigosa instabilidade institucional. A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, somada aos rumores sobre a iminente saída de Gilmar Mendes e Cármen Lúcia, transforma o ápice do Poder Judiciário em um tabuleiro político de alto risco. Em um contexto de ativismo judicial, a antecipação de aposentadorias levanta um questionamento inevitável: é desgaste pessoal ou uma estratégia calculada para a perpetuação de uma visão de poder?

O medo, a blindagem e a estratégia da esquerda

Ao deixar o cargo com oito anos de antecedência, Barroso abriu a quinta vaga para o atual Presidente da República. Se os rumores sobre Mendes e Lúcia se confirmarem, o chefe do Executivo terá a chance de indicar um número inédito de ministros, possivelmente sete, em um único mandato. Tal cenário é a oportunidade de moldar o STF para as próximas duas décadas, garantindo a hegemonia ideológica de esquerda no Judiciário e consolidando o ativismo que o Brasil conservador tanto repudia.

A pressa em desocupar a cadeira, todavia, permite outra leitura: o medo de sanções internacionais, como a Lei Magnitsky. Essa legislação americana, voltada a autoridades que cometem violações de direitos humanos ou corrupção, tem sido usada para pressionar o STF, cujas ações recentes ferem a liberdade de expressão e o devido processo legal. A aposentadoria voluntária, assim, torna-se um mecanismo de blindagem. Ao se desligar do cargo, o ministro se afasta do foco, enfraquecendo a possibilidade de ser alvo direto de punições. A busca por uma vida sem os "ônus" do cargo é um eufemismo para a pressão externa que o Judiciário, em sua postura isolacionista e arrogante, não soube ou não quis enfrentar.

O Senado e o preço da submissão

No meio deste turbilhão, o Poder Moderador por excelência, o Senado Federal, permanece em uma letargia que beira a cumplicidade.

O papel constitucional do Senado, de sabatinar e aprovar ministros, está profundamente comprometido. A composição atual da Casa, engajada em um nefasto balcão de negócios, parece ter trocado a fiscalização republicana por benefícios imediatos. A barganha das emendas parlamentares transformou parte do Orçamento em um instrumento de poder e cooptação, pavimentando um caminho de submissão e paralisia na reação às arbitrariedades do Judiciário.

Quando o Senado se preocupa mais em garantir o fluxo das "emendas PIX" do que em exercer sua prerrogativa constitucional de zelar pelo equilíbrio da República, ele se transforma em mero carimbador. A indicação de novos ministros que solidifiquem o viés ideológico de esquerda no STF passará pelo crivo do Senado sem resistência real, pois a maioria dos parlamentares está atada pelos laços financeiros do Orçamento.

O Futuro da Nação em Jogo

O Brasil conservador e liberal não pode ignorar que a aposentadoria precoce de ministros é uma oportunidade de ouro para o aparelhamento ideológico da Corte, garantindo decisões que contrariam a Constituição por décadas.

É imperativo que as forças conservadoras e de direita no Congresso, a imprensa livre e a sociedade civil exijam do Senado o imediato resgate de sua dignidade. A próxima sabatina não pode ser protocolar. Os candidatos devem ser inquiridos a fundo sobre seus compromissos com a liberdade de pensamento, a separação dos Poderes e o estrito cumprimento da lei, sem ativismos.

O Poder Judiciário está sendo remodelado para se tornar o braço forte de um projeto político de longo prazo, minando a vontade popular expressa nas urnas. Se o Senado não despertar de seu sono induzido pelas emendas, a Constituição será apenas uma nota de rodapé no grande plano de captura institucional do Brasil. O que está em jogo é a própria essência da República e a liberdade de todos os cidadãos.