Eficiência x Obrigação

'Não há nada tão inútil quanto fazer com grande eficiência algo que não deveria ser feito'

Segundo o dicionário da língua portuguesa, EFICIÊNCIA significa: "virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios" e OBRIGAÇÃO é: fato de estar obrigado a fazer uma ação, dever, encargo. Pelo que parece, de um modo geral, a classe política brasileira, não sabe ou não consegue estabelecer diferença entre uma coisa e outra. O que todos esperamos é que nossos administradores públicos sejam "Eficientes" e o que percebemos é que a grande maioria vive a vangloriar-se e utilizar-se da mídia para mostrar coisas óbvias, nada mais do que a sua "Obrigação" como gestor público, seu dever, seu encargo, para o qual foi eleito. Minha indignação vem de uma matéria publicada num jornal de circulação regional, onde determinado vereador de determinada cidade de nossa região, utiliza-se deste veículo de comunicação para pedir "Paciência" à população pelo fato das estradas estarem ruins devido ao excesso de chuvas concentradas nos dois primeiros meses do ano. Esta atitude traz certa desconfiança quanto à eficiência de nossos vereadores na fiscalização e cobrança dos atos do prefeito, sendo este o seu "Dever" primordial a sua "Obrigação" e não ser somente um mediador das ações do gestor municipal junto à comunidade. Será algum fato novo o excesso de chuvas nos dois primeiros meses do ano? É bem mais provável que nossos gestores não tenham um diagnóstico real da situação do município nas diversas áreas que lhe cumpre atuar. Candidatam-se aos postos de governança, ao que parece, sem o devido cuidado de estarem de posse das informações mínimas e necessárias para a formulação do seu plano de governo. Proponho aqui uma inversão dos fatos: O que diriam os vereadores e os gestores se a população pedisse um pouco de "Paciência" na hora de pagar o tributo? Poderiam aguardar algum tempo até que organizássemos nossas vidas e reequilibrássemos as nossas finanças? Diante do juízo não poderíamos alegar desconhecimento dessas obrigações. Essa mesma regra, acredito, deva valer para aqueles que se colocam a disposição para assumirem os cargos da gestão pública em todas as áreas. Peter Drucker (1909-2005) que foi consultor administrativo, analista financeiro, professor, jornalista e escritor austríaco, considerado um dos maiores especialista em Administração Moderna, dizia que: "Não há nada tão inútil quanto fazer com grande eficiência algo que não deveria ser feito".

Senhores gestores, é de nosso conhecimento a difícil tarefa de governar, dos desafios e esforços que requer esse ofício. Mas diante das vossas obrigações, só esperamos "Eficiência", nem mais, nem menos.

José Renato Leite
Gerente administrativo
Formação: Técnico Contábil