SAÚDE

Depressão em idosos é muito mais comum que imaginamos.

Dicas de SAÚDE pelo Dr. Éric Sanders, Especialista em Clínica Médica RQE 20414

Envelhecer é natural, ou seja, uma fase do ciclo vital em que provavelmente todos nós iremos passar um dia. Na verdade, é uma fase que está ficando cada vez mais larga pelas melhorias na qualidade vida e teremos em pouco tempo muito mais idosos que bebês.

Pensando que envelheceremos e permaneceremos mais tempo que nossos ancestrais, algumas doenças e transtornos também serão mais comuns e mais intensos. A depressão é uma das doenças mentais que mais atinge os idosos. A prevalência da doença e como ela se manifesta pode variar de acordo com a situação vivida por ele, o local onde está inserido, o apoio familiar, o convívio com netos, filhos e familiares.

A doença pode estar relacionada a dificuldades trazidas pelo envelhecimento em si, tais como a problemas cognitivos e quadros demenciais, perda de papel social e limitações trazidas por doenças físicas ou então histórico de quadros depressivos prévios, tratados ou não.

Clinicamente, uma das principais diferenças entre a depressão que atinge a população idosa frente à que acomete os mais jovens são as queixas corporais, muito mais intensas e frequentes nos mais velhos. Frequentemente os sintomas depressivos nesta população traduzem-se por queixas de dores pelo corpo, falta de apetite e insônia, perda de energia para realizar as tarefas do dia-dia, sendo a tendência ao isolamento e a apatia dois sinais de alerta para a identificação da doença. Em um primeiro momento, muitas vezes não conseguimos identificar os sintomas depressivos mais clássicos, como tristeza, angústia, crises de choro, mas começamos a ver a intensificação das dores, da perda de apetite e de sono. São idosos mais quietos, mais isolados, mais tristes!

Em geral, a depressão não tem uma causa específica, podendo ser desencadeada por uma mistura de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Além de fatores ambientais, próprios do envelhecimento, a depressão em idosos pode se manifestar a partir de uma série de problemas relacionados à terceira idade como o afastamento da família, a perda do papel social com a aposentadoria, falecimento do cônjuge e solidão. Limitações físicas e fatores clínicos como AVC, infarto e doenças cardiovasculares também podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro de depressão.

Ainda enfrentamos grandes dificuldades pelo fato de as pessoas considerarem o aparecimento de sintomas depressivos como sendo próprios do processo natural de envelhecimento e que, portanto, não requerem atenção e tratamento. Isso atrasa a busca por ajuda especializada e prejudica intensamente o tratamento. O envelhecimento normal é o envelhecimento saudável, e a família pode e deve oferecer ajuda ao perceber qualquer tipo de mudança.

O tratamento une a combinação de medicamentos antidepressivos, mudança do estilo de vida, psicoterapia, retomada de atividades que contribuam para um papel social na comunidade, retomada do convívio social, estimular os exercícios físicos e o bom cuidado da saúde.

Temos que pensar que o envelhecimento saudável não acontece aos 60 anos de idade, acontece aos 30, 40. É fruto do que e de como vivemos nossas vidas e cuidamos da nossa saúde. Se nos tornaremos idosos cheios de doenças, frágeis física e emocionalmente ou se vamos envelhecer de forma saudável e ativa, dependerá muito de como cuidamos do corpo, da mente e do ambiente onde estamos inseridos. Colhemos aos 60 aquilo que plantamos ao longo da nossa juventude, ou seja, vale a pena se cuidar, comer bem, praticar exercícios, cultivar bons relacionamentos ao longo da vida, boas amizades, contato social, porque vamos colher esses resultados no futuro.

Sabemos que o envelhecer não é fácil, nosso corpo e mente se deterioram, ficamos cansados e às vezes perdemos perspectivas, mas não é o fim do mundo. Há quem encare essa fase como o fim da vida e se feche para possibilidades, oportunidades e prazeres, enquanto outras pessoas encaram com leveza, bom humor, mantendo-se abertas para novas experiências e sensações. O modo como você vai encarar este período é uma escolha sua e a decisão vai influenciar na sua saúde. Não se deixe levar pelo pensamento de que já viveu tudo que poderia, a vida é feita de escolhas, de BOAS ESCOLHAS!

Faça as suas. Até breve!