PASSANDO A LIMPO

Mais autonomia

  

"O municipalismo é o antídoto mais eficaz contra a centralização que nos rouba a dignidade e o dinheiro." Ailton Carlos Coelho

Santa Catarina, mais uma vez, demonstra sua resiliência e seu espírito empreendedor, mas também expõe as feridas abertas por um sistema viciado. Nesta semana, testemunhamos o contraste entre os avanços locais – como a desburocratização bancária na Alesc – e a eterna dependência imposta pela União, que força nossos prefeitos a uma humilhante busca por recursos em Brasília. Paralelamente, a celebração dos 150 anos de colonização italiana em Ascurra nos lembra que a verdadeira força de nosso estado reside justamente na autonomia e na tradição de trabalho de sua base.

A humilhação do Pacto Federativo

Não há cena mais vexatória para a autonomia municipal do que ver prefeitos e vereadores se transformando em "pedintes" de luxo. A viagem do prefeito Marcelo Doutel, do vice e do presidente da Câmara de Apiúna a Brasília, em busca de recursos, não é uma exceção — é a regra humilhante imposta por um Pacto Federativo predatório.

A verdade precisa ser dita com incisão: os recursos não são "dádivas" do governo federal; são o dinheiro suado do catarinense que foi sugado pela máquina central. Santa Catarina, um motor econômico do país, devolve mais de 80% do que arrecada e recebe migalhas de volta: para cada R$ 100 enviados, apenas R$ 16 retornam. Enquanto isso, estados com menor contribuição têm seu caixa turbinado por um sistema que beneficia o clientelismo e a moeda de troca política. Este modelo é uma aberração que pune a eficiência e o trabalho.

Alívio contra a burocracia bancária

Em contraponto à rigidez central, a Assembleia Legislativa de SC deu um passo positivo. O projeto do deputado Napoleão Bernardes (PSD), que desburocratiza a instalação de agências de relacionamento bancário, é uma vitória do bom senso e da modernidade.

O setor bancário evoluiu. Manter uma legislação ultrapassada sobre segurança que não acompanha a tecnologia é travar o desenvolvimento e impor custos desnecessários. A aprovação na CCJ, que moderniza as normas de segurança, garante mais agilidade para as instituições e mais conforto/acessibilidade para o público, sem comprometer a segurança. É a prova de que, onde o Estado se retira com inteligência, o ambiente de negócios floresce.

A força imutável da tradição

Finalmente, em meio às tensões políticas e econômicas, Ascurra nos lembra onde reside a verdadeira força da nossa região: na cultura e na tradição. A celebração dos 150 anos de colonização italiana, que começa no dia 15 no Parque Per Tutti, é mais do que festa; é um ato de resistência cultural.

É a comunidade que se une para celebrar seus valores: a cultura, a agricultura, o trabalho árduo e o churrasco que é o símbolo da união. É a celebração de uma identidade que construiu o estado com base na família e na perseverança.

O legado da autonomia

A lição da semana é cristalina. Nossos líderes se veem obrigados a mendigar em Brasília (o resultado do Pacto Federativo) porque o estado não tem autonomia sobre o dinheiro que gera. Ao mesmo tempo, avançamos em pautas conservadoras e liberais como a desburocratização bancária, que prova que menos Estado e mais liberdade geram progresso. A resistência cultural vista na celebração de Ascurra é a mesma resistência que precisamos ter contra o centralismo que nos asfixia. É urgente que os políticos catarinenses se unam para exigir a reforma desse pacto injusto e garantir que a pujança do nosso estado não seja mais moeda de troca para a ineficiência alheia. A prosperidade de Santa Catarina será garantida pela descentralização, não pela submissão a Brasília.