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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O que você tem a ver com a inflação?

Suas causas e impactos na sua renda e investimentos

Neste artigo abordaremos a definição pura e simples da inflação e suas possíveis origens. Também analisaremos seu impacto corrosivo sobre a renda das famílias, empresas e governos. E, por último, qual é o impacto da inflação sobre o mundo de investimentos e qual a medida econômica que governos, pessoas e empresas podem fazer para reduzir esse risco de derretimento do poder de compra.

Inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. É o aumento de forma geral dos preços para as famílias. Ela é calculada por meio de índices de preços, comumente chamados de índices de inflação. No Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN), que faz parte da administração pública federal, estabelece as metas de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A meta de inflação no Brasil para 2023 está em 3,25% ao ano, com banda mínima e máxima em 1,5%, variando de 1,75% a 4,75% ao ano. Já para 2024, a meta da inflação está em 3% ao ano, com valor estipulado em 4,5% quando calculado com banda no valor máximo de tolerância, ou em 1,5% ao ano quando observada a banda mínima da meta de inflação.

Para o cálculo do índice, o IBGE faz um levantamento mensal em treze áreas urbanas do País, totalizando aproximadamente um levantamento de 430 mil preços em 30 mil locais. Todos esses preços são comparados com os preços do mês anterior, resultando num único valor que reflete a variação geral de preços ao consumidor no período, englobando famílias com renda de um e quarenta salários-mínimos, o que abrange 90% da população brasileira.

Assim, o IPCA é um índice de inflação que acompanha uma cesta específica de produtos ou serviços e, a partir dela, calcula-se o que seria a variação média dos preços que está sendo vivenciada pelas pessoas. Atualmente, são acompanhados mensalmente os preços de um total de 377 itens que chegam, de alguma maneira, ao lar ou à vida da maioria dos consumidores brasileiros. Os itens que compõem a cesta do IPCA são divididos em nove grupos e pesos, a saber:

GRUPO

EXEMPLO DE ITENS DO GRUPO

PESO %

TRANSPORTE

combustível, passagens e reparos com automóveis

20,6

ALIMENTAÇÃO E BEBIDA

itens de mercado e alimentação fora de casa

19,3

HABITAÇÃO

aluguéis e impostos

15,6

SAÚDE E CUIDADOS PESSOAIS

produtos farmacêuticos e serviços médicos

13,5

DESPESAS PESSOAIS

serviços pessoais e itens recreativos

10,7

EDUCAÇÃO

cursos e materiais escolares

6,1

COMUNICAÇÃO

planos de telefone e serviços de streaming

5,7

VESTUÁRIO

roupas, joias e tecidos

4,6

ARTIGOS DE RESIDÊNCIA

móveis e eletrodomésticos

3,8

A inflação pode ter causa monetária, psicológica ou por causa da economia real quando oferta de produto é menor que demanda, ou seja, maior procura de produto sem sua mesma quantidade para venda. Exemplo foi o aumento do álcool em gel durante a pandemia do coronavírus, procura maior que oferta. De modo geral, essas causas podem ser agrupadas em seis categorias:

1. Gastos públicos

Os governos são responsáveis pela emissão de dinheiro. Quando há exagero na emissão mais moeda do que o habitual, o seu poder de compra reduz, pois tem mais oferta de dinheiro e menos produtos para venda. Outra maneira inflação pelo governo é através dos impostos. Com mais impostos as empesas repassam o aumento ao consumidor final.

2. Cartéis

Quando há pouca concorrência em um mesmo segmento da economia, as empresas podem formar os chamados cartéis. Eles controlam os meios de produção e distribuição de produtos e serviços. Com o poder de regular a oferta determinam os preços dos ativos, deixando os clientes reféns de suas políticas.

3. Indexação

Preços indexados são atrelados a índices. Ou seja, o valor da etiqueta de um item está diretamente relacionado a outro valor ou alíquota. É comum, por exemplo, que o preço dos aluguéis seja indexado ao Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M).

4. Custos de produção

Quando a matéria-prima, impostos ou outros custos de produção aumentam, o valor é repassado ao consumidor no preço final.  Aumentando gastos das empresas, a inflação também sobe.

5. Oferta insuficiente

Essa é uma das causas reais da inflação. Na relação de oferta e demanda, quando não há produção suficiente, o comprador paga o valor que for necessário para adquirir um bem ou serviço. Assim, se a demanda é maior do que a oferta a tendência natural é que os preços subam.

6. Inércia

É a estagnação de políticas públicas para combater a inflação, fazendo com que os custos continuem subindo. Sobe mesmo sem o governo, sobe ou desce apenas por tendencia de alta ou baixa.

Porém, em termos práticos, no que a inflação afeta a vida das pessoas? Dentre todos os efeitos, o principal impacto da inflação é a diminuição do poder de compra. Nesse sentido, quando os preços sobem, o seu dinheiro consegue comprar cada vez menos. Exemplo: um pacote de 5 kg de arroz custava R$ 10,00 em janeiro. Em abril, este mesmo arroz passou a custar R$ 15,00. Ou seja, o aumento do preço corroeu 50% da capacidade de compra do consumidor. E a inflação também funciona como parâmetro para avaliar investimentos. Assim, para ter ganhos reais, você deve buscar aplicações financeiras que remunerem com valores acima do aumento do nível dos preços.

De forma sucinta o governo combate a inflação com política expansionista ou contracionista de mercado. Ou seja, se a inflação tem tendencia de alta, o banco central adota medidas contracionistas, como aumento das taxas de juros e faz a recompra de títulos do governo reduzindo a oferta de credito e dinheiro na economia. E na política expansionista adota medidas de expansão da economia, com menos taxas de juros e venda de títulos públicos, aumentando oferta de credito e dinheiro na economia.

Nesta semana, o país passou a ter uma inflação acumulada de 4,82% na janela de 12 meses. No ano, a alta acumulada é de 3,75%, tendo por impacto principal na vida das pessoas a perda do poder de compra. Assim, para controlar tal deterioração, podemos investir em ativos com remuneração maior do que a inflação, monitorar os índices de mercado e acompanhar noticiários sobre Finanças, Economia e Política.

De todo modo, para nos protegermos também da inflação e aumentar a independência financeira, o primeiro passo é reduzir os gastos para que sobre dinheiro para investir. Nesse sentido, no próximo artigo abordaremos formas de enxugar o orçamento pessoal para chegarmos no final do mês com mais recursos para guardar e aplicar para realizar a meta de viver de renda passiva.

Assim, continuamos juntos nesta jornada, praticando e difundindo a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve!

Juscelino Gaio

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