
Já falamos anteriormente da importância da educação financeira na vida das crianças e dos jovens, da instituição do cofrinho, da responsabilidade de gastar, guardar ou administrar o dinheiro e da mesada educativa. Tudo isso pra quê? Para se tornarem adultos mais responsáveis financeiramente, entender o “valor” das coisas, das escolhas, prioridades, desenvolver habilidades de planejamento e organização financeira, e também aprender a poupar e evitar dívidas.
Nossas crianças e jovens de hoje, pertencem a uma geração que foi digitalmente alfabetizada, ou seja, cresceram juntamento com o meio eletrônico de forma natural. Para os nascidos antes de 1985, pessoas assim como eu, conhecemos uma parte bem histórica da informática. Nosso sistema operacional era o MSDOS, de tela verde, que à frente conhecemos o “Windows” de internet discada, e era muito difícil fazer alguma coisa nessa internet: lenta, cara e de frágil conexão.
O que quero lhes dizer é que os jovens por serem digitalmente alfabetizados, têm muita facilidade para os acessos digitais. Falamos anteriormente em “mesada educativa”. Um passo à frente dessa educação poderá ser a instituição da “mesada digital”. A mesada digital é uma forma de entregar valores aos filhos de forma eletrônica, através de um aplicativo ou conta digital.
A educação financeira aos jovens já é algo muito positivo, porém vamos entender que ao trabalharmos com o dinheiro físico, temos a lesa sensação de controle, pois temos o controle físico sob nossos olhos. Ao trazermos a educação financeira junto com o digital, oferecemos “asas” aos jovens, apresentamos o ambiente externo, fora de nossas casas, porém, claro, com limites. Realmente é a porta de entrada para a vida adulta, é o preparatório. Vocês conseguem perceber a importância de falar sobre dinheiro e educação financeira aos jovens?
O mercado financeiro hoje, também já acompanha essa evolução, e dispõe hoje de muito produtos financeiros voltados para este público, e que não deixa de ser também um potencial estratégico. A partir dos 08 anos, já é possível abrir uma conta bancária à criança, seja para movimentar a mesada, o salário do estágio ou do primeiro emprego. Ter a própria conta no banco exige responsabilidade, maturidade e organização e vai prepará-lo para gerenciar um saldo maior quando estiver mais velho, adquirir o hábito de gerenciar o orçamento próprio.
A chamada “conta kids ou jovem”, trata-se de uma conta bancária no nome e CPF do jovem, sem tarifas, com limites e cartão de débito ou adicional do cartão de crédito do responsável legal. Na verdade, todo limite da conta pode ser configurado pelos pais, de forma personalizada. Com a conta é possível realizar o acesso através do aplicativo disponibilizado pela instituição bancária, onde o jovem pode fazer o controle do saldo, pagamentos online, comprar gift cards para jogos, fazer pix e transferências, obviamente, dentro do saldo e limite financeiro disponível. Detalhe, a abertura da conta e suas configurações podem ser realizadas tudo de forma digital, sem o trabalho de se dirigir até uma agência bancária.
Realizada a abertura da conta bancária à criança ou ao jovem, o processo de mesada digital já pode começar lá da conta dos pais. É possível realizar o agendamento de transferência programada. Lembram que falei que é importante fixar uma data para pagamento da mesada. Através da transferência programada é possível delimitar o valor e o dia que o jovem receberá o dinheiro. Após, define-se de que forma o jovem vai movimentar seus valores e as regras, ou seja, o que pode ou não pode comprar, ou seus limites. Quando da realização da abertura da conta, já é possível fazer as liberações para acesso nos aplicativos de celulares ou computadores. Essa é uma boa opção para acompanhar a movimentação, controlar a conta, fazer PIX ou pagamentos, que permite ao jovem visualizar onde o dinheiro está indo. Isso amplia a consciência financeira e o ajuda a economizar para metas futuras. Essa abordagem de utilizar o uso de aplicativos, que permite usar o dinheiro e mesada digital, fazem com que as crianças e adolescentes aprendam a gerenciar finanças desde cedo, oferecendo uma alternativa prática e segura em comparação com a entrega de dinheiro em espécie.
Inicialmente, acredito que o uso do cartão de débito seja mais eficiente. Hoje é quase unanime o comércio que aceita cartão de débito, então facilita sua utilização, combinada com o acompanhamento das movimentações no aplicativo bancário. Mas já lhe adianto, você nem precisará ensiná-los a fazer um PIX, por exemplo, os jovens são muito espertos.
Como todo processo de aprendizado, os pais devem supervisionar sua utilização, tanto que são os responsáveis, desde a abertura da conta à sua vinculação, o mesmo vale para as regras quanto ao gasto, do que pode e não pode, ou seja, até onde a criança ou adolescente podem chegar. Ainda, não menos importante, deve-se orientar os filhos sobre os crimes cibernéticos, que incluem o cuidado ao efetuar compras pela internet ou colocar dados pessoais em sites não confiáveis. Nestes casos, oriento a proibir a utilização de compras online através de cartões, pois podem vincular débitos não autorizados ou o uso indevido de dados.
Atenção importante na utilização de jogos cibernéticos, em especial os não recomendados para menores de 18 anos. E nem estou falando de gastos originários com estas atividades. Jogos podem causar dependência, riscos como problemas de saúde mental, desenvolvimento físico e social, e insegurança online. A exposição excessiva pode levar a ansiedade, depressão e obesidade, afetando a concentração e a capacidade de foco. Mantenham o diálogo com seus filhos. Como todo pai ou responsável oriente uma, duas, três vezes... ou quantas forem necessárias.
Embora a Educação Financeira tenha se tornado uma disciplina obrigatória em todas as escolas do Brasil, incluída na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), carecemos de uma educação financeira inclusiva e instrutiva para a população, pois muitas vezes as dificuldades financeiras surgem da falta de hábito de manejo financeiro, inabilidade de se lidar com o dinheiro, da falta de organização e disciplina. Por isso falar de dinheiro desde cedo, introduz na criança e no jovem uma nova consciência e uma maior maturidade para administrar seu dinheiro hoje, e prepará-lo para vida adulta.
Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.
Até breve.
Juscelino Gaio
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