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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

“Mesada” educativa

  

Quem disse que dinheiro é coisa só de adulto? Ensinar desde muito pequeno as crianças e jovens sobre o “valor” do dinheiro, faz com que cresçam com uma maior consciência e responsabilidade, que se estenderá ao longo da sua vida adulta. Mas já falei também, que alguns valores e ensinamento vem do nosso exemplo, como pais e responsáveis que somos.

O “lidar” com o dinheiro já é inserido ludicamente nas brincadeiras das crianças desde pequenos, ao vender um brinquedinho aos pais, que pagam com o dinheiro imaginário, fazer um mercadinho com embalagens fazias, ter um cofrinho para juntar moedinhas, etc. Todas essas atividades indiretamente já mostram à criança que, vivemos em um mundo capitalista, ou seja, o dinheiro movimenta as relações entre as pessoas e o mundo que vivemos.

Hoje venho falar um pouco sobre a educação financeira dos jovens e adolescentes, e a sua relação com o dinheiro. Você até pode achar muito cedo para falar sobre dinheiro com eles, saiba que quanto antes você tratar desse tema, maiores são as chances deles desenvolverem uma relação financeira mais equilibrada com o dinheiro, e não é só sobre isso, é a relação deles com as decisões e com o consumo consciente e sustentável.

Instituir o cofrinho às crianças é o primeiro passo para ensinar a criança sobre o valor do dinheiro, a importância de poupar, a responsabilidade de guardar, e saber que toda moedinha vale. O segundo passo nessa educação financeira é instituir ao jovem adolescente uma “mesada educativa”. A mesada é um pagamento regular que os pais fazem aos filhos, dando-lhes a liberdade e espaço para tomar decisões com o dinheiro recebido. Mesada não é presente: é uma pequena parcela do orçamento da família que você repassa, à criança ou jovem, a responsabilidade de gastar.

Não existem regras para valores ou idade obrigatória para começar. Como já dito anteriormente, tudo depende do amadurecimento da criança, na relação de responsabilidade e do envolvimento dela com o dinheiro. Cada criança é diferente, assim como a realidade de cada família. Mas para começar, posso apresentar alguns pontos relevantes:

·         Mesada ou semanada? A mesada é mais indicada para adolescente a partir de 12 anos, pois já possem uma real noção sobre o dinheiro, aprendendo a administrar os valores ao longo do mês. Nesta fase eles já têm mais autonomia, e se já aprendeu os ensinamentos, com certeza fará um bom trabalho e poderá ter mais liberdade para comprar o que deseja. Abaixo de 12 anos, é recomendada a semanada, ou seja, um dinheiro para semana. O valor é menor, e não deixa de ser uma experiência, em saber que é aquele dinheiro que se tem para a semana, priorizando as tomadas de decisões, ou seja, em que se vai gastar ou guardar. Neste caso os pais devem estar de olho, analisando a forma como a criança lida com o dinheiro. Definir uma data fixa de quando o dinheiro será entregue cria um compromisso entre os pais e o jovem, e contribui no planejamento e utilização da mesada.

·         Qual o valor da mesada? Aqui temos que considerar uma questão bem importante, a renda, as necessidades e os hábitos de consumo da família, e deve ser proporcional a idade da criança. Ao instituir uma mesada, deve-se começar com um valor pequeno, que pode ir aumentando conforme a idade, o bom comportamento, boas notas e a colaboração. Sim, acredito que este seja um bom poder de barganha. É fácil ganhar tudo pronto. Muitas vezes o adolescente acha que os pais só têm obrigações, os filhos também devem contribuir, em especial, com os afazeres e a harmonia da convivência familiar.  Uma sugestão pode ser de R$ 1,00 por semana, multiplicado pela idade do filho.

·         Como usar a mesada? Os valores devem atender a desejos eventuais do jovem, como: lanches, materiais de necessidades, guloseimas, jogos, algum objeto específico, etc. As necessidades básicas, como alimentação, roupas e transporte, continuam sendo responsabilidade dos pais. Não só gastar, deve-se incentivar a guardar, principalmente quando o valor do item desejado for maior que o da mesada. Ensine também a criar objetivos financeiros, o fato de juntar dinheiro quando se tem um propósito. Pode-se pegar o preço de algo que se quer comprar e calcular juntos quanto é necessário juntar até conseguir o valor total.

A mesada educativa introduz a relação entre o dinheiro e o jovem, auxilia em desenvolver o senso de responsabilidade. Este primeiro contato será umas das primeiras lições para entender o custo-benefício dos produtos e serviços, as escolhas por prioridades, desenvolver habilidades de planejamento e organização financeira, e também ensinar a poupar e evitar dívidas. É um preparatório para a vida adulta. Embora o objetivo da mesada seja dar maior autonomia financeira ao jovem e incentivá-lo neste gerenciamento, os pais podem aplicar algumas regras, sobre como a mesada pode ser usada e o que pode ou não ser comprado.

Volto a dizer, que a realidade financeira da família, bem como seus hábitos de consumo também influenciam diretamente no valor da mesada. Famílias maiores, com mais filhos, pode ser mais difícil instituir um valor de mesada, do que uma família que possui apenas um filho. Mas quero lhes dizer, o que vale é a intenção, ou seja, o processo de educação financeira que vocês estão apresentando aos filhos. Se puder, dê R$ 10,00, ou R$ 20,00, ou R$ 50,00. Comece com um valor menor, e quando possível, possa ir aumentando.

Dê o exemplo. Quando os pais já fazem o gerenciamento das finanças e do orçamento doméstico, os filhos entenderão melhor este processo, pois somos o primeiro exemplo deles. Sabemos que muitas vezes a situação da família pode estar financeiramente comprometida, de mesmo modo, pode-se trazer esse assunto ao jovem para que também tenha esse aprendizado, de como solucionar e gerenciar estes problemas, e como a família pode estar colaborando, para que esta situação seja temporária, assim com o comprometimento de todos.

O envolvimento preliminar dos jovens com as questões financeiras e o dinheiro em si deve ser incentivada desde cedo, isso os ajudará futuramente na resolubilidade dos problemas, a se tornarem adultos mais responsáveis financeiramente, bons empreendedores e bons investidores.

Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve.

Juscelino Gaio

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