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EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Cinco Armadilhas Mentais

Como o Seu Cérebro Te Engana nas Decisões de Dinheiro

  

Diariamente estima-se que decidimos 35 mil escolhas. Estas decisões podem ser grandes ou pequenas, conscientes ou inconscientes, e abrangem desde escolhas simples, como o que vestir ou o que comer, até decisões mais complexas, como as relacionadas com o trabalho ou os relacionamentos. E ainda 95% delas são tomadas sem muito esforço, de forma automática, sem reflexão sobre nossos comportamentos e atitudes. É assim também  no mundo das finanças pessoais,  tomar decisões financeiras é, em grande parte, uma questão de comportamento. Mais do que fórmulas matemáticas ou estratégias de investimento sofisticadas, são nossas emoções, experiências de vida e vieses mentais que moldam o modo como lidamos com o dinheiro. Dentre vários livros sobre psicologia financeira comportamental, escolhi o livro: A Psicologia Financeira,  de Morgan Housel, que apresenta uma abordagem inovadora, destacando como as pessoas usam heurísticas comportamentais — atalhos mentais — para tomar decisões financeiras.

Heurísticas são regras práticas que usamos para simplificar decisões complexas. Embora úteis, essas estratégias mentais podem levar a erros sistemáticos — os chamados vieses cognitivos. No campo das finanças pessoais, essas heurísticas frequentemente explicam comportamentos que desafiam a lógica econômica tradicional, a saber:

1. HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE

Essa heurística ocorre quando julgamos a probabilidade de algo com base em sua semelhança com outro evento. Por exemplo, muitas pessoas acreditam que um investimento que teve bom desempenho no passado continuará tendo bom desempenho no futuro, ignorando o risco e a aleatoriedade do mercado. No livro: Housel destaca como histórias de sucesso financeiro moldam nosso julgamento, mesmo quando essas histórias são exceções, e não a regra. Confiar excessivamente em exemplos de sucesso pode levar à superestimação de retornos futuros. Na vida prática, se seu vizinho aplicou em Bitcoins ou em um fundo de investimento que teve retorno enorme, não significa que vai funcionar para você. 

2. VIÉS DE CONFIRMAÇÃO

Tendemos a buscar e valorizar informações que confirmam nossas crenças preexistentes. Em finanças, isso pode levar uma pessoa a ignorar sinais de alerta sobre um investimento simplesmente porque quer acreditar que ele dará certo. Lição de Housel: O autor mostra que as pessoas não aprendem com dados frios e racionais, mas com experiências emocionais. Isso reforça o viés de confirmação, pois tendemos a filtrar informações com base na nossa narrativa pessoal. Este atalho mental também é usado nas redes sociais, Instagram e outras redes usam algoritmos que pipocam informações que confirmam sua opinião já formada. Um exemplo é buscar só notícias que apoiem um investimento já feito  “Comprei ações da empresa X e só leio análises que dizem que ela vai subir.” Ignora análises negativas ou críticas que poderiam alertar sobre riscos. Mantém a crença para evitar o desconforto de admitir que talvez tenha cometido um erro. Para evitar esse engano busque opiniões contrárias conscientemente, faça o exercício de “refutar a si mesmo”: “E se eu estiver errado?”, use dados objetivos (não só narrativas), converse com pessoas que pensam diferente e anote os motivos reais de cada decisão antes de executá-la.

3. AVERSÃO À PERDA

Segundo a teoria da perspectiva, de Kahneman e Tversky, as pessoas sentem mais dor ao perder do que prazer ao ganhar. Isso faz com que muitos evitem riscos, mesmo quando eles são necessários para o crescimento financeiro de longo prazo. A dor da perda é 2x maior que o prazer do ganho. Reflexão no livro: Housel argumenta que o medo de perder pode nos fazer tomar decisões ruins, como vender investimentos no pior momento ou manter dinheiro parado por medo do mercado. A aversão à perda também leva muitos a supervalorizar a estabilidade e subestimar o potencial de longo prazo. No consumo é usado como estratégia de venda junto com a estratégia da escassez: é o último item em estoque, último dia antes de subir o preço, todos como incentivo ao consumo imediato em vista a não perder a “promoção”. Perder faz parte de qualquer jornada financeira. O importante é o saldo final da carteira e o aprendizado obtido, não cada resultado isolado. Em investimentos uma carteira bem diversificada diminui o impacto de qualquer perda isolada e aumenta a segurança psicológica.

4. HEURÍSTICA DA ANCORAGEM

A primeira informação recebida sobre algo tende a influenciar nossas decisões subsequentes. Se uma ação de uma empresa como Petrobras foi comprada a R$ 100, uma pessoa pode hesitar em vendê-la a R$ 95 mesmo que o valor justo seja R$ 80, simplesmente por estar "ancorada" no preço inicial. Conexão com o livro: Housel destaca que o ponto de partida das nossas expectativas pode distorcer completamente nossa avaliação do que é um bom ou mau resultado.

5. EXCESSO DE CONFIANÇA

A crença de que sabemos mais do que realmente sabemos é comum em finanças. Isso pode levar a decisões impulsivas, como tentar prever o mercado ou escolher ações sem análise suficiente. No livro: Um dos grandes argumentos de Housel é que sorte e risco são subestimados. Pessoas superconfiantes ignoram o papel do acaso nos resultados financeiros, atribuindo sucesso unicamente à habilidade, quando o fator que mais ajuda você a vencer é a consistência e o tempo que ficou rendendo juros.

A Psicologia Financeira nos lembra que o comportamento financeiro é muitas vezes ilógico — mas compreensível. Ao entender as heurísticas comportamentais que guiam nossas decisões, podemos começar a tomar atitudes mais conscientes, equilibrando emoção e razão. A verdadeira sabedoria financeira não está apenas em saber “o que fazer”, mas em entender por que fazemos o que fazemos — e como evitar que nossos próprios atalhos mentais nos afastem de uma vida financeira saudável.

Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve.

Juscelino Gaio

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