Ascurra é contemplada com 12 casas pelo programa Casa Catarina

Mais de 52 milhões de brasileiros já se aventuraram em apostas on-line, as chamadas BETS. É preocupante, que em virtude do jogo e do vício, pessoas estão deixando de pagar contas importantes, como água, luz e alimentação, para jogar num círculo de vício sem fim.
A Lei 13.756/2018, regulamentou as apostas eletrônicas. Esse mercado vem crescendo exponencialmente, chegando a 520 empresas cadastradas, e apenas nos últimos 3 meses de 2024 colocaram 3 bilhões em impostos no governo federal. Em 2025 já existem 72 empresas autorizadas, somando 156 marcas de Bets, com gasto médio de 30 bilhões por mês em apostas no Brasil. Com a intensa publicidade de possíveis ganhos, estão devastando os orçamentos de quase metade da população brasileira, atingindo mais que os 38 milhões de pessoas positivadas pelo Covid-19. As BETS são comparadas a uma epidemia, por se espalharem tão rápido e também por atingirem todas as classes sociais, causando danos à saúde mental e financeira, arrastando vidas para um caminho de vício em jogos.
As chamadas BETs tem atraído muito os jovens. Segundo o DataFolha, eles representam 15% dos apostadores, e gastam em média R$263,00 por mês, 20% do salário do mínimo, e 76% desse público apostam mais de uma vez por semana. O mercado das Bets movimentou quase 2% dos 11,7 trilhões PIB de 2024, correspondendo a 160 bilhões, maior faturamento que muitos varejistas brasileiros bilionários, como os 18 bilhões da Havan desse mesmo ano.
O investimento é tão massivo que já patrocinam dos 18 dos 20 times da Série A do Brasileirão. Podemos chamar de “Brasileirão das BETS”. Neste investimento será desembolsado R$ 681 milhões para estampar as camisetas de times e torcidas apaixonadas pelo futebol. O time que mais arrecada com essa fonte publicitária é o Flamengo com a PIX BET.
A margem de lucros dessas empresas são apenas estimáveis, pois não há divulgação de balanços, podendo ser de 35% a 40% do valor arrecadado pelas apostas. Até a Caixa Econômica Federal quer implantar uma empresa de BETS para entrar neste mercado de apostas, visto que as apostas das loterias estão perdendo espaço, enquanto a CEF arrecadou 25,9 bilhões em 2024, se tivesse um BET arrecadaria 50% a mais desse valor com menos de 10% de custos.
Segundo levantamento do Banco Central (BC), divulgado no final do mês de setembro de 2024, constatou-se que a média mensal de gastos com apostas foi de R$20,8 bilhões. Cruzando dados de renda, chave pix e dados do Bolsa Família, temos 5 milhões de pessoas cadastradas no programa que gastaram 3 bilhões de reais em apostas, em apenas um mês, ou seja, quase 15% de todo valor apostado em BETs no Brasil tem origem do dinheiro contado e minguado da população mais vulnerável. Quatro milhões desses mesmos desfavorecidos são chefes de família com média de gastos de R$100,00 por aposta.
Associações de supermercados, setor de turismo e moda, estão se unindo para reivindicar ao governo uma medida severa para redução do crescimento das BETS. Trinta e oito por cento do orçamento das famílias está sendo utilizado em apostas.
Segundo psicólogos, o poder de vício das BETS é maior que as drogas, e quanto menor o intervalo entre aposta e ganho mais rápido nas primeiras apostas, maior é o risco de vício. Em 1980 esta obsessão por apostas era categorizada pela medicina como transtorno impulsivo, chamando de LUDOPATIA (vicio em jogos de azar) e apenas em 2013 passou para classe de doença de dependência, comparável à drogas químicas.
Esses jogos atuam no cérebro do dependente no mesmo jeito que drogas atuam viciando o sistema de ação e recompensa através do hormônio da DOPAMINA. Este neurotransmissor é a substância química que é produzida toda vez que temos a previsão que algo positivo pode acontecer, um hormônio que provoca esperança de algo bom vai surgir, com sensações ligadas ao prazer, euforia e bem-estar. Desencadeia sensações de puro prazer, reforçando para repetir comportamentos que liberam mais dopamina, que motiva a buscar novas experiencias e ativar o sistema de recompensa, por isso o inédito sempre tem mais contentamento.
Além do impacto emocional, social e econômico, essas casas de apostas podem vir a ocultar crimes de “lavagem de dinheiro”, sobre valores arrecadados pelo crime organizado por roubos, estelionatos e ilegalidades diversas. Ainda dentro dessa atmosfera das BETS temos a fraude ostensiva para trazer mais apostadores. Influenciadores digitais, com milhões de seguidores, e pessoas públicas, tem realizado divulgações e publicações, “vendendo” a ideia que estão ganhando dinheiro com apostas. O que os apostadores não sabem é que eles utilizam versões demonstrativas preparadas para publicidade destas plataformas, mostrando que é muito fácil ganhar, mas na verdade quem está lucrando são as empresas e os influenciadores, ganhando com contratos milionários vinculados com a perda financeira dos apostadores.
A CPI das BETS foi instaurada em novembro de 2024, para investigar a influência dos jogos on-line no orçamento doméstico, na economia do país e os possíveis vínculos com organizações criminosas. Nos últimos dias tomou ainda maior notoriedade depois do depoimento de grandes influenciadores digitais, que foram intimados a depor, para explicar toda essa relação contratual milionária envolvida com a divulgação destes sites de apostas em suas redes sociais.
O fato é que, a Lei 13.756/2018 não prevê restrição de publicidade. O jogo é um vício, assim como a bebida e o cigarro, que levam a sérios problemas de dependência física e psicológica. Em um lado temos milhares de pessoas, em descontrole, perdendo muito dinheiro, do outro, as empresas e o governo, que vem lucrando exponencialmente. As empresas lucram com a perda financeira dos apostadores, e o governo com a alta arrecadação dos impostos, já que a atividade foi regulamentada. A CPI das Bets tomou tanta proporção, que “abafou” de certa forma a recente fraude dos descontos dos aposentados do INSS. Que triste realidade! O Brasil precisa de socorro!
Encerrando, aposta não é investimento, desconfie sempre de dinheiro com lucro fácil e rápido. Por hoje, seguimos juntos nesta jornada, praticando e difundindo a todos uma educação financeira simples e de resultado.
Até breve!
Juscelino Gaio
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