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O relatório econômico que inicia a semana do mercado

Com certeza você já ouviu falar no tal “Boletim Focus”? Ele aparece nos jornais toda segunda-feira, recheado de números sobre inflação, dólar, PIB, taxa Selic e outros elementos de expectativa do futuro econômico. Mas afinal: o que ele é, como funciona, e por que deveria importar para seu bolso — mesmo que você não invista na bolsa ou tenha negócios na economia real como empresário ou pequeno empreendedor.
O Boletim Focus é uma publicação semanal do Banco Central do Brasil, divulgada toda segunda-feira por volta das 8h30. Ele funciona como um termômetro das expectativas do mercado financeiro sobre os principais indicadores econômicos do país. Em vez de ser uma opinião do próprio Banco Central, o Focus compila recebe um gama previsões de analistas de mais de 140 instituições financeiras e consultorias financeiras e consultorias privadas, como: Bancos comerciais e de investimento (ex: Itaú, Bradesco, BTG, XP) Corretoras e gestoras de recursos Consultorias econômicas Universidades e centros de pesquisa. Essas instituições alimentam o sistema do Banco Central, chamado SGE – Sistema de Expectativas de Mercado, com suas projeções sobre: Inflação (IPCA, IGP-M); Taxa Selic; PIB; Câmbio (dólar); Produção industrial; Resultado fiscal; Dívida pública, entre outros. Ou seja, é a reunião das expectativas de mercado para economia brasileira num relatório único compilado pelo Banco Central.
Toda sexta-feira, o Banco Central coleta os dados de expectativa do mercado via o sistema SGE – Sistema de Expectativas de Mercado. As previsões são para quatro horizontes: Semana atual; final do mês; final do ano e até quatro anos à frente. E na segunda-feira seguinte, o Boletim Focus compila a média das previsões e apresenta: média (mediana) das projeções; maior e menor expectativa e tendência em relação à semana anterior.
O principal objetivo é oferecer transparência e previsibilidade ao mercado. Com isso: Investidores e empresas ajustam estratégias conforme a tendência econômica. O Banco Central observa como o mercado está reagindo à sua política monetária. Cidadãos informados conseguem entender os movimentos da economia antes que eles batam na porta.
A Selic, taxa básica de juros da economia, é definida a cada 45 dias pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central),e esse relatório é uma das principais fontes de consulta antes dessas reuniões. Se o mercado começa a prever que a inflação vai cair, o Focus sinaliza essa expectativa. O BC pode então reduzir a Selic (já que não precisa mais “frear” a inflação com juros altos). O contrário também vale. O Focus não decide a taxa Selic, mas serve como bússola do que o mercado espera — e pode influenciar as decisões do Copom.
Se no boletim a previsão de inflação está com tendência de alta, também será prevista alta para taxa de juros. Se o PIB cai, ocorre desaceleração da economia, as pessoas gastam menos, logo que além da inflação mais baixa os juros também tendem a cair. Se o Dólar está com tendência de alta, logo a inflação importada, ou seja, custos de mercadorias finais tendem aumentar e pressionam o aumento da inflação.
Vamos imaginar que o Focus indique o seguinte cenário: IPCA: 3,8% (queda em relação à semana anterior); PIB: 2,5% (estável) e Selic: 10,25% no fim do ano (queda esperada). Isso indica que o mercado acredita numa inflação sob controle e, com isso, espera cortes na taxa de juros ao longo do ano. Com base nisso, bancos já antecipam redução nos juros do crédito. Investidores buscam ativos de maior risco (como ações). O consumidor pode esperar, em breve, financiamentos um pouco mais baratos.
Nesta semana atual podemos fazer um resumo atualizado da conjuntura econômica, com base no último Boletim Focus divulgado em 23 de junho de 2025 com os principais Indicadores de 2025 (expectativas do mercado), a saber:
Inflação (IPCA) A projeção caiu pela quarta semana seguida, passando de 5,25 % para 5,24 % no fechamento de 2025. Ainda acima do teto da meta (4,5 %), o que mantém a pressão sobre a política monetária.
PIB (crescimento econômico): Expectativa revisada para cima pela terceira vez: de 2,20 % para 2,21 %.
Taxa Selic: Após a decisão do Copom, o mercado agora projeta Selic de 15,00 % ao ano para o fim de 2025 (alta de 0,25 p.p.) Para 2026 e 2027, a mediana está em 12,50 % e 10,50 %, respectivamente.
Câmbio (dólar): Projeções para o dólar recuaram de R$ 5,77 para R$ 5,72 ao final de 2025
Expectativa de R$ 5,80 para 2026, levemente ajustada para R$ 5,75 em 2027.
Interpretação da Situação: Inflação em desaceleração, mas ainda acima da meta, o que justifica a manutenção de juros altos. Desempenho econômico levemente positivo, com PIB acima de 2 % — sinal de que a economia reage bem a estímulos e consumo. Juros elevados: a Selic em 15 % reforça a postura conservadora do Copom para conter a inflação.Dólar mais baixo, aliviando o preço de produtos importados e pressionando a inflação pelo lado do câmbio.
Desse modo a leitura semanal do relatório ajuda a entender o que está por trás dos juros que você paga. A taxa do cartão, do financiamento ou do empréstimo pessoal sofre impacto direto da Selic. Quando o Focus sinaliza corte, pode significar alívio no custo do crédito em poucos meses.
Se o Focus aponta queda de juros, talvez não seja a melhor hora para aplicar em renda fixa por muitos anos. Se aponta alta, quem precisa tomar crédito deve se apressar antes que fique mais caro e com tendência de alta e jamais fazer dívidas com juros variáveis.
Ao acompanhar o Focus por 3 semanas seguidas, você já entende a tendência da economia — sem depender da TV ou de “gurus do mercado”. E onde acompanha o Boletim Focus? No site oficial do Banco Central: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/focus.
O Boletim Focus não é só para economistas ou investidores: é uma ferramenta pública, gratuita e simples, que antecipa movimentos da economia e afeta diretamente o que você paga de juros, o valor do aluguel, do supermercado e do seu financiamento.
Se você quer se proteger, tomar decisões mais inteligentes e até negociar melhor seus créditos ou compras, acompanhar o Focus uma vez por semana pode te deixar um passo à frente — e longe das armadilhas do desconhecimento.
Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.
Até breve.
Juscelino Gaio
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