Política não tem nada a ver com o Direito, muito menos com Justiça. Quem faz política, normalmente, para não dizer que quase que integralmente, desconhece a realidade jurídica. Por isso, temos infinitas leis. Leis inúteis e protecionistas. Mas, evidentemente, sem o mínimo de regras é impossível viver, porque esperar bom senso neste Planeta é uma utopia.
Poucos conhecem procedimentos e as reais necessidades do cidadão, apenas pensam que sabem. Poucos conhecem suas próprias funções. Muitos proferem discursos decorados com intuito único de fazer publicidade própria e convencem na beleza das palavras.
Tanto em Brasília quanto em Florianópolis temos acompanhado as mesmas versões dos midiáticos. Discorrem o que o povo quer ouvir, ainda que seja desinformação institucional. Uma vez dentro do sistema, o próprio sistema te empurra. Há funcionários eternos que dirigem os gabinetes e estabelecem a organização mantendo tudo como sempre foi.
Participando de uma comissão, aquelas que discutem e estudam projetos ou pré-projetos, inclusive sobre um assunto importantíssimo, segurança e ordem pública, tema tão atual e deficiente; um político, do qual até tinha certa admiração, proferiu sua singela fala com elogios ao palestrante, fez seu vídeo com o assessor próprio e saiu do recinto sem terminarem os debates com so demais parlamentares, e que foram realmente valiosos. Mais lamentavelmente é que era horário do almoço, ou seja, a agenda seguinte seria um rango. Mais triste ainda é que tal político tem sua formação na área de segurança pública. Ali estava a olhos nus o retrato do Brasil. É decepcionante.
Não adianta cobrar lisura de ‘A’ e deixar o ‘Z’ escorregar porque é do meu time. O correto é o correto e relativizar o erro é insanidade seja qualquer um. Isso serve para todas as esferas da vida, pública e privada. É claro que se espera que tudo o que estiver na esfera pública seja, de fato, exemplar. Mas não é. Vamos aos exemplos.
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional, por violar o princípio da IMPESSOALIDADE, a indicação de Alexandre Ramagem para Delegado Geral da Polícia Federal, em virtude de sua relação com o Bolsonaro. No exato momento que escrevo esta coluna Zanin é sabatinado no Senado para se tornar Ministro da Corte Suprema, mesmo sendo advogado pessoal em mais de 13 processos de Lula que o devolveram ao Executivo brasileiro. Ou seja, um peso com duas medidas.
Aliás, eu não posso imaginar o que um professor constitucionalista esteja ensinando em sala de aula. O que acontece no Brasil é inexplicável e totalmente inconstitucional.
Deltan seguiu a uma conferência internacional, cuja programação ocorre com meses de antecedência e a mídia brasileira publicizou que se trata de fugitivo do país. Ele teve o mandato cassado, porém, não cometeu crime algum, para começo de conversa. Para terminar temos um ladrão condenado em duas instancias dirigindo o país, me poupem de desenhar sobre o malabarismo jurídico que se tem feito por meus pares para libertar os reais bandidos e decapitar os pouco teóricos que poderiam ajustar as ponteiras do país.
Você não precisa e nem deve ter político de estimação, mas não pode defender um a todo custo. Defender liberdades e lisura deve ocorrer até para quem ou aquilo que você não gosta.
Só teremos um mecanismo de progresso quando a população realmente tiver consciência crítica e parar de opinar levianamente sobre assuntos dos quais só lê o título.
Acredite, políticos mentem e você continua acreditando neles porque você não quer se incomodar e quer que alguém diga que é capaz de solucionar sua vida (mesmo que isso seja mentira e impossível). É assim que o sistema se alimenta. Quando as pessoas querem o impossível e o comodismo, somente mentirosos podem satisfazer essa crença. O cidadão quer um pai para dizer o que fazer e dar a mesadinha (assistencialismo) para manter aquela picanha e a cervejinha do cidadão comum enquanto o pai bebe o uísque regado a filé mignon.
“Na política, pouco importa quão desastrosa uma política possa se tornar, desde que as causas do desastre não sejam compreendidas pelo público eleitor”. Thomas Sowell
Atentem-se e não se distraiam, já há uma nova corrida eleitoral! Nossos municípios são imitações menores de Floripa e de Brasília.
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