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CONVERSA AFIADA

A origem, 150 da imigração italiana no Brasil

A história dos italianos em Ascurra

 

A Europa segue em estado de desordem como esteve em muitos períodos da História. Segundo o jornalista Douglas Murray, a Europa comete suicídio porque a população originária está morrendo e segue com duas moléstias graves: uma, o movimento em massa Europa adentro; duas, a perda da fé, de suas crenças e tradições que lhe retiram a legitimidade do que realmente eram. A cristandade da Europa sempre foi fervorosa e parece borbulhar em sentido contrário.

Tudo isso porque os Governos incumbiram a população de impor a culpa pelo passado, pelos fatos históricos gravosos, pelo nazismo, fascismo, franquismo, pelo Império Romano e até mesmo pela Inquisição muito tempo antes e seja lá mais o que consigam colocar nesta lista de pecados. Porém, fatos históricos, que gostando ou não, existiram e levaram (ou deveriam ter) a humanidade para outro patamar.

Não bastasse isso, movimentos mentirosos sempre tentam firmemente destruir a herança cristã que sempre caminhara com o desenvolvimento da humanidade, sobretudo na Europa. Mas não se trata de irmos adentro de um tema tão complexo. Não hoje.

Em 1942, Stefan Zweig, escreveu – no livro ‘O mundo de ontem’ que trata de reflexões sobre a identidade da Europa – que há esperança uma vez que nos países da América do Sul, foram entregues os brotos da sua própria cultura. Para Zweig havia consolo em saber que “o que as gerações anteriores fizeram antes de nós jamais se perderá totalmente”.

Zweig compreendeu antes mesmo de nós, dos quais muitos sequer despertaram ainda, que aqui, bem aqui, no, não ao acaso, chamado Vale Europeu a árvore da cultura originária continuaria dando novas flores e frutos.

Aquela identidade europeia do passado está bem viva aqui. Nós somos ainda a Europa do século XIX. Enquanto houve uma erosão cultural lá, aqui nós reforçamos o amor e o respeito e o carinho com detalhes do passado. A história aqui se difere, evidentemente, porque a migração não foi, como se costuma dizer, para fugir da guerra, ela começou bem antes com o propósito colonizador e empreendedor.

E, importa muito estabelecer aqui, que o Brasil foi feito de imigrantes, aqui ainda que houvesse indígenas, eles não eram uma população única, eram povos diversos espalhados sob o continente e que guerreavam entre si. A migração do Brasil foi colonizatória e não exatamente exploratória como alguns livros contam.

O empenho de alguns em negar a história e boa parte da própria ancestralidade, com a tentativa de rebaixar o tradicional, fez com que muitas vezes nos últimos anos, Santa Catarina fosse alvo desses deturpadores da cultura. Mas Santa Catarina, sobretudo aqui no Vale Europeu, nós somos modernos ao mesmo tempo que cultivamos cada modo de vida ensinado pelos antepassados europeus. Ouso dizer que é por isso que Santa Catarina dá certo.

Em que pese, se trate mais da cultura mexicana, o filme “Viva, a vida é uma festa” (Coco) da Disney/Pixar, é um filme que faz exatamente esse paralelo com a honra ao passado. Simplesmente uma aula desenhada.

A morte não parece um roteiro adequado para um filme infantil, mas o filme em síntese apertadíssima, nos mostra que só morre quem é esquecido. Contudo, a negação da morte e dos que vieram antes, desajusta tudo o que se segue e reforça numa geração ou outra a vontade irresistível e inconsciente de resgatar aquela memória, seja ela boa ou má (isso vale para todos os eventos históricos já ocorridos como o nazismo). 

Ou seja, o passado não pode ser apagado ou esquecido, especialmente no que se refere à contexto histórico, porque senão repetiremos.

Parece que o povo catarinense vive os ensinamentos do filme desde o século XVIII quando iniciada sua colonização.

150 Anos de Imigração Italiana

Na última semana, comemorou-se fortemente, em todas as cidades de colonização italiana de Santa Catarina o “Dia Nacional da Imigração Italiana” (imigração em massa) que em Santa Catarina comemora os 150 anos neste 2025. Foram feitos muitos movimentos lindos de manutenção da memória daqueles que fizeram a travessia para nos dar vida.

Os festejos em honra aos antepassados que forjaram os primeiros detalhes da cidade e da cultura que segue quase intacta, em Ascurra, iniciou com um evento no Centro Integrado de Educação Padre Paulo Crispino Marconcini.

Relembrada a travessia, foi ouvido o hino nacional brasileiro e italiano, seguido de um lindíssimo e emocionante documentário sobre a polenta, o prato principal dos migrantes e que está toda semana em nossas mesas.

A entrega do prêmio “Professora Dircélia Badalotti” foi o auge da celebração por patrocinar projetos culturais destacando-se o ensino da língua italiana na Rede Municipal, o grupo de danças italianas, o coral e o prêmio concedido ao desenvolvimento da Associação Ascurrense de Memória e Cultura que tem grandes marcas na estrutura italiana.

Veja-se que em um único evento, Ascurra apresentou, integrou e honrou a identidade que iniciou esta cidade. O incremento e a atenção voltada à Cultura do município no último mandato, como neste que se inicia, traz Ascurra para um outro nível de desenvolvimento, porque pela Cultura se cresce, em termos morais, o respeito às tradições e em termos econômicos desenvolve-se a educação – línguas, história, geografia, ciências políticas; bem como, a própria economia local com a procura de turistas para viajar no tempo.   

Em Ascurra, o berço da colonização vêneta em Santa Catarina, assim declarada em Lei Estadual nº 18.922/2024, patrocinada pelo Deputado Napoleão Bernardes, e encampada pela então Vereadora Rosângela Debarba com apoio e estudos do historiador Carlos Mondini, recebeu, no domingo, 23, uma comitiva Vêneta da Província de Belluno.

O evento que contou com um almoço saborosíssimo no Castelli Monidini, um dos cartões postais da cidade, com a delicadeza da música patrocinada pela Famiglia Dal Ponte e visitação à Igreja Matriz, integra a programação das comemorações dos 150 anos da Imigração Italiana de Santa Catarina.

Na recepção, o escritor Nicola Vegro lançou o livro “Antônio Secreto – a força de um Santo”, resultado de um trabalho de pesquisa de três anos que, segundo o autor, revelou novas experiencias do Santo Antonio de Pádua, o Santo que muitas famílias de ítalo-brasileiros são devotas.  

Da comitiva italiana presente em Ascurra, estavam: Oscar de Bona, Presidente da Associação Bellunesi Nel Mondo; incluem empresários e líderes dos setores de turismo, madeira laminada, óculos e sorvetes artesanais Aggiungi Dal Magro Dario consigliere comune di Borgo Valbelluna.

Para Santa Catarina há um ‘mundo’ quase inexistente antes e outro depois da migração, com gerações que viveram muitos eventos marcantes, muitas tragédias, muitas conquistas, mas muita resiliência e benevolência. Foram os imigrantes que assentaram as primeiras estradas e construções de nossas cidades.

Ainda nos restam muitas memórias e virtudes que temos a obrigação de guardar e repassar, na mais velha tradição ‘de pai para filho’. Somos grandes afortunados da riqueza do passado que esculpiu o que vivemos hoje. No final das contas, é a origem que orienta o mundo e os erros seguem-se dessa falta de compreensão, ligação e cultura com o modo como tudo surgiu.

Reflitam.

Crédito das fotos: Divulgação

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