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CONVERSA AFIADA

Prossima fermata: Vale Europeu


Ainda que existissem povos e tribos diversas no Brasil, esse país foi desenvolvido por imigrantes sem os quais não teríamos tantas riquezas. Desde os portugueses, a vinda de tantas outras etnias europeias, aqui nas nossas cidades de Apiúna, Ascurra e Rodeio, prevaleceram ‘i italiani’.

Foi no final do século XIX que os imigrantes italianos vieram ao Brasil e com eles uma fascinante história marcada por desafios e sacrifícios, mas também por resiliência e determinação em busca de uma vida melhor. A Itália fazia propaganda de um futuro muito próspero nas terras brasileiras que, em verdade, almejavam mão de obra e a expansão capitalista.

Mas os imigrantes italianos trouxeram consigo uma riqueza de conhecimento e habilidades que enriqueceram diversas áreas da sociedade brasileira. Na agricultura, eles foram responsáveis pela introdução de novas técnicas de cultivo e pela diversificação da produção agrícola.

Na indústria, contribuíram para o desenvolvimento de setores como a tecelagem, a cerâmica, olarias e a fabricação de móveis. Além disso, sua influência é evidente na culinária brasileira, com pratos tradicionais italianos como a pizza e a massa tornando-se parte integrante da dieta nacional. E a polenta? Quem não gosta de polenta, como diria a música adaptada, ‘bom sujeito não é’! A plantação de uvas e os vinhos também têm sua influência italiana.

A rica arquitetura é outra coisa que veio com os imigrantes. Facilmente andando pelos interiores de nossas cidades, parece mesmo um passeio pela Toscana ou Lombardia ou Vêneto. Nossas paisagens se parecem.

A religiosidade foi instrumento importante trazido pelos imigrantes de maneira que a religião cristã foi o código moral que regeu os nossos ancestrais e os fez prosperar até aqui.

Hoje, ainda temos forte o uso de dialetos de cada região de costume, afinal quem não solta um ‘porco cane’ ou um ‘dai dai’. A vestimenta, o divertimento, a música, o lazer e muitos gestos são heranças dos antepassados! Todo descendente de italianos fala com as mãos, não é mesmo?

Em cada núcleo colonial, a igreja ocupava o ponto principal, e a construção de igrejas e capelas mobilizava sempre a participação coletiva, com doação de material e trabalho voluntário.

Sabe o Capital Santo Antônio de Ascurra? Também os capitéis, as pequenas capelinhas construídas ao longo de estradas, geralmente numa encruzilhada ou em terras particulares, testemunham a religiosidade dos imigrantes e a frequência dos cultos familiares. O fervor religioso era cultivado com rigor nas famílias. Falei do Capitel Santo Antônio porque meu nonno foi um dos precursores dele (do Capitel). E as duas nonas (paterna e materna) ensinaram os netos a rezarem o terço (não tinha escapatória).

E foi ao redor das capelas que começou a girar, de modo quase absoluto, a vida social dos imigrantes italianos. A capela não significou apenas o local de culto, tornou-se o centro cultural, político, econômico e religioso. Anexados à capela, localizam-se o cemitério e o salão de festas (pode passar em todas as nossas Igrejas de interior, é bem assim). A fé e a cultura, em conjunto, constituíram uma força de coesão muito forte. Foi através da religião que os primeiros imigrantes se encontraram e foram mantendo as tradições, os valores e a cultura que não podemos deixar se perder. É claro que sempre houve muita rivalidade e disputa, porque o italiano também é osso duro de roer.

E... como em toda nossa conversa afiada, com o toque de polêmica peculiar, além do tradicionalismo copiamos também, algo bem característico e que o brasileiro ama sem saber que é resquício da Itália e de seu fascismo: a CLT. A Consolidação das Leis do Trabalho foi inspirada (ou copiada) da Carta del Lavoro de Benito Mussolini, o italiano que foi ditador e que está na boca de muita gente que sequer sabe o que era o fascismo.

A Itália está em nosso dia a dia, quer você saiba ou não, quer você queira ou não. A cultura Italiana é algo que deve ser respeitado e aproveitado, pois há muito aprendizado e alegrias a serem mantidos. Que tal fazer a cesta depois de almoçar nesta sexta-feira? E que tal pedir uma pizza a noite ou comer aquela macarronada? Tomar um bom vinho?

Que neste dia do imigrante italiano possamos elevar o pensamento aos homens e mulheres que desbravaram a nossa rica região e nos deixaram todas essas contribuições, hábitos e costumes. Nós somos a geração futura que deu certo!

Que nossa região possa ser a nova Europa com os costumes da antiga, com a força daqueles que foram empreendedores no passado, mesmo antes do empreendedorismo ser o foco e a palavra da moda. Che la prossima fermata siate il Vale Europeu”.

Auguri!

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