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CONVERSA AFIADA

Vencer a si mesmo

Às vezes, bem às vezes, num mundo hipotético pessoas não gostam das outras (ou até odeiam) por questões bem básicas: o uso de regras para o melhor convívio. Hoje regras se aplicam somente para alguns (desde casa até a suprema Corte).

Fui surpreendida, nesta semana, com um “ninguém gosta de vocês” (incluindo meu marido) porque queremos que as coisas funcionem dentro das regras criadas em conjunto para um bem viver. Estamos sobrando porque estamos em patamares superiores seguindo contrários à anfractuosidade.

Evidentemente, cabe uma reflexão. Os poderosos de hoje não separam o justo do injusto, mas a consciência deve ser o norte e o rumo para a harmonia.

Tem gente que pensa que o bonito mesmo é fingir ser camarada, ser amigo e passar pano para não discutir. De fato, é mais fácil, porém, o caminho da retidão e do bom convívio exigem o mínimo de regras e subserviência à ordem. Mas a regra é para todos os âmbitos da vida, não apenas no trabalho. Aliás, é dentro de casa que começam as regras de bem viver.  

Vivemos num mundo em que falar o que se pensa é a arma mais mortal, pois você cria inimigos e até ganha processos judiciais. Ninguém quer e nem aguenta a verdade. Justamente por estarmos em um mundo de diversidade e de ideias contrárias, regras mínimas de ordenamento de espaços são necessárias. A vida em comum ignora que a anarquia não beneficia ninguém, ao contrário promove desordem. Mas mesmo afamada, não desisto de seguir no bem.

O mundo, ou melhor, o ser humano precisa seguir esse mínimo de regras para o bom convívio porque na natureza selvagem tudo se coordena pacífica e harmonicamente pelo instinto de preservação e bom senso que em algum momento o ser humano perdeu (ou talvez nunca tenha tido). Bom senso, parece ingrediente quase inexistente na espécie humana.

O mundo do “faz de conta” espera que você sempre diga coisas agradáveis aos ouvidos e olhos, mesmo que seja a maior mentira do mundo. Vivemos numa hipocrisia tamanha que o mundo está cada vez mais insuportável. O grande problema é que a hipocrisia começa bem dentro de nossas casas, e com nossos vizinhos. O pior é verificar nas hierarquias, necessárias para a organização humana, pessoas fracas e que não conseguem exigir a ordem, especialmente, por não cumprirem ela também, talvez por medo de não se sentirem especiais ou queridas, ou simplesmente para manterem-se no poder.

O meu sim, a minha submissão ao nunca me indispor com ninguém é totalmente ligada ao medo de rejeição do ser humano. Se eu disser que não gosto de vermelho, talvez aquele que goste desta cor não fale mais comigo e por isso eu digo que gosto de todas as cores.

Um elemento facilmente observável nos dias atuais é a proliferação e a massificação do vitimismo que entendo ser siamesa a necessidade de ser aceito. Ninguém aguenta errar, ninguém aguenta crítica, e todos querem viver rodeados de um amor inexistente na superficialidade que se vive. Muitos criticam Lula e o lulismo da boca para fora, porque todos agem igualmente, falando o que o outro quer ouvir, agindo arbitrariamente e querendo se beneficiar burlando pequenas regras e contando pequenas mentiras. O importante é ser o cara.

Numa sociedade na qual os deveres básicos e de consciência ainda não são respeitados e os subornos estabelecem onde não deveriam ter lugar, ainda prefiro ser aquela que obedece a postulados religiosos e respeita as regras humanas (mesmo que não concorde com todas).

A lei humana não é absoluta, mas é necessária.

Aqui um convite e uma reflexão: tentem ser honestos e viverem na retidão sem bajulações.

“O silencio interior e a busca da iluminação, renunciando a arrogância para talvez deixar o mundo das falácias e convenções fúteis, podem proporcionar dias melhores e amores genuínos.”

Não faça parte da massa, seja crítico, seja além do normal, seja além do óbvio. Se interesse por conquistas mais profundas que o bem querer de estranhos que lhe fingem admiração. Vença seus próprios medos, vença a sim mesmo. Ninguém pode fugir de si mesmo. Avante (com coragem e mesmo que digam que não gostam de você)!

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