Patriotas divulgaram e incentivaram o boicote ao 7 de setembro. Como pode um patriota defender que não se comemore a independência de seu próprio país? Será que se sabe mesmo o que é ser patriota?
Verdade é que há pessoas, singulares, que defendem que o Brasil poderia ter se mantido como Reino Unido de Portugal e Algarves. Éramos um reino independente, porém, com o retorno de D. João VI a Portugal, iniciou-se um processo com muitas questões históricas, inclusive o dia do Fico.
Acatando a sugestão de D. Leopoldina e do ministro José Bonifácio de Andrada e Silva, patriarca da independência, Dom Pedro I proclamou a independência. Historiadores dizem que não houve independência, sim, secessão, pois o que houve foi uma ruptura com Portugal.
Mas não lembramos disso, alguns nem sabem que éramos parte um reino e não uma colônia de exploração. A coroa portuguesa ficou aqui.
Nós não edificamos uma nação com amor ou entusiasmo. Não amamos o Brasil e sua História. Desconhecemos a verdade sobre o 7 de setembro. Não sentimos a influência, mas além da língua portuguesa, herdamos o cristianismo e o espírito de conquista dos portugueses. Fomos ensinados a hostilizar Portugal quando os valores de conquista, a cultura, a artes, as primeiras escolas foram portuguesas. Porque estamos destruindo a verdadeira gênese brasileira? Somo lusitanos por precedência, hierarquia e nosso desenvolvimento dava passos firmes e sólidos. As transformações materiais e culturais do Brasil ocorreram grandiosamente no Primeiro e segundo Reinados. Destruímos tudo.
Não há conservadorismo, nem patriotismos sem História, sem conhecer a História, sem respeitar as personagens principais que desencadearam o hoje. Estamos evitando o legado de coragem, inteligência, bondade da coroa Portuguesa.
Em nome do patriotismo, do conservadorismo, do tradicionalismo, na busca da valorização de princípios elegemos falastrões e mentirosos que sequer sabem que seus cargos são fruto de sucessão de golpes e de que nossa independência foi desencadeada por uma sucessão de desentendimentos, mas que D. Pedro, D. Leopoldina e José Bonifácio foram três de muitas pessoas ímpares e sensatas que desenvolveram grandiosamente esse país.
O patriotismo não é um slogan barato, cantado como ideologia política daqueles que nem sabem o processo histórico que transformou o 7 de setembro em um momento histórico. Patriotismo, nas palavras de Gustavo Corção, é “ter uma história comum que vem de longe, cantada na mesma língua e vivida no mesmo grande e permanente cenário”. Ou seja, é fidelidade, é reverência, é honra, é tradição e respeito aos antepassados. É estar e amar a cultura histórica e não a usurpar para ganhos pessoais.
O 7 de setembro merece respeito, merece reflexão e merece ser comemorado, merece ser ensinado verdadeiramente aos filhos desta nação. Não diminuam o 7 de setembro.
Se conhecêssemos nossa história, verdadeiramente, saberíamos com exatidão o que é ter patriotismo. Nosso último Imperador, Pedro ll assim descreveu: "Cumpre que no patriotismo vibrem vaidades, amor-próprio, altaneria: falece-nos isso; mas há de vir. O Senhor, que é moço, deve desarraigar de sua mente a funesta tendência para o sentimento de subalternidade da pátria. Cultive o orgulho de haver nascido brasileiro; desenvolva-o, propague-o. Embeba dele, se puder, a alma nacional, e será benemérito do futuro. Com esse orgulho superam as nacionalidades crises morais. Aviltam-se sem ele. É meio caminho para a grandeza; uma das asas do progresso e da Glória." E este Pedro II, descendente daquele que proclamou a independência que foi um grande e verdadeiro patriota.
Durante a preparação de seu corpo para o velório na Europa depois de expulso do Brasil, um pacote lacrado foi encontrado em seus aposentos, junto à seguinte mensagem do imperador: "É terra de meu país. Desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. O pacote continha terra de todas as províncias brasileiras.
E nossos falsos patriotas querendo boicotar a luta brasileira.
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