Na era das redes sociais, tudo o que você posta pode (e será) usado contra você. Alguém está monitorando você, e muitas vezes não se trata de Xandão, só algum vizinho invejoso ou um influencer decadente buscando fama.
O tal Agenor Bruce Tupinambá tinha uma capivara, conforme se tornou de notório conhecimento, lá no Amazonas, por meio das redes sociais, Agenor mostrava a rotina de uma capivara, que ele deu o nome de Filó. Era tudo bem bonitinho, por sinal. Um animal de estimação cuidado com o amor que todos nós temos dedicado quase mais a animais que a humanos iguais a nós mesmos.
O IBAMA (por denúncia) autuou Agenor e exigiu a entrega do animal, o que foi feito, ficando a capivara no Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), local esse que se descobriu com inúmeras irregularidades.
No 29/04/2023, cumprindo determinação judicial, QUATRO Médicos Veterinários e UM Biólogo fizeram visita técnica ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA para avaliar as condições em que se encontrava a capivara, denominada FILÓ e fazer o “laudo pericial de bem-estar animal”.
Acreditem, o laudo confirmou as suspeitas de que a estrutura do IBAMA não estava em conformidade com as mínimas condições de permanência para a apreensão da capivara FILÓ.
Realmente a vida de Filó, que é um mamífero, portanto, da mesma espécie que a nossa, é muito importante. Em 15 dias Filó movimentou mais rapidamente o Judiciário que aquela ação que busca medicamentos para pessoas cancerosas em fase terminal que morrem antes da autorização para a compra do medicamento.
Sim, você leitor, está se perguntando e eu vou logo respondendo, você, ser humano, tem que aguardar uma perícia no INSS ou uma perícia médica decorrente de alguma ação judicial por meses e meses e a resposta é o SISTEMA. Afinal, é uma só filó para milhares de jurisdicionados humanos. Nossas perícias exigem um médico, Filó teve 4 veterinários e um biólogo. Que disparate. Alô Direitos Humanos!
E veja-se, nada contra animais, gosto muito, muito mesmo, porém, não há como não refletirmos sobre essas questões: 1. Direitos dos animais se sobrepõe aos seres humanos, seja pela celeridade, pela compaixão, pelo valor das multas, pela calamidade que provocam; 2. Rede social é o antro da cobiça e discórdia, da vida fácil (ainda que utópica) que provoca inveja; 3. Não importa por qual caminho, fama em primeiro lugar.
Mais um evento em que vemos a inferioridade moral humana. Nossos interesses estão voltados a coisas supérfluas e sequer conseguimos olhar com compaixão o próximo. Nosso olhar ao próximo se dá com inveja, discórdia e vontade de arruinar e espezinhá-lo. A rede social nos torna mais competidores e simplesmente nos afasta do exercício do amor ao irmão, porque ficamos ali invejando a vida do outro e esquecemos de viver a nossa própria vida. Estamos hoje vivendo a ausência de personalidade porque inventamos uma personagem no Instagram, inventamos modelos de vida inexistentes e inviáveis de se executar na vida real para mostrar que ‘eu sou mais que você”.
No processo da Filó, o magistrado concluiu o obvio: “Pelos diversos vídeos divulgados, constata-se que o autor, morador da zona rural de um pequeno Município do interior do Estado do Amazonas, vive em perfeita e respeitosa simbiose com a floresta e com os animais ali existentes. Não há muros ou cercas que separam o casebre de madeira do autor em relação aos limites da floresta. Os animais circundam a casa e andam livremente em direção à residência ou no rumo do interior da mata. Não há animais de estimação no quintal da casa do autor porque o seu quintal é a própria Floresta Amazônica. Percebe-se, portanto, que não é a Filó que mora na casa de Agenor. É o autor que vive na floresta, como ocorre com outros milhares de ribeirinhos da Amazônia, realidade muito difícil de ser imaginada por moradores de outras localidades urbanas do Brasil.”
Disto, só podemos retirar um único e precioso ensinamento: A vaidade é destruidora. A vida não é na tela. O Instagram e o Facebook são pequenos recortes de mínimos momentos que estamos bem, lindos e felizes, e, muitas vezes utópicos, irrealizáveis. Tudo ali tem filtro. Nosso pleno estado de felicidade é no contato e na vivência com o outro.
Fala-se em escravidão até hoje, e ela persiste, não mais em razão da cor, mas em razão da sinalização do sucesso e da beleza que você mostra na rede social. Escravidão é um poder dominante se estabelecer sobre mais fracos... pense. Em que lugar você está? A soberba e o egotismo, o narcisismo são doenças graves de caráter que precisamos tratar.
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