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CONVERSA AFIADA

Dèjá vu

Iniciamos a primeira “conversa afiada” do ano enfatizando que não há crime sem lei anterior que o defina. Não há na lei brasileira, ainda, o crime de opinião e não vivemos em uma ditadura declarada para que haja censura já que a constituição de 1988, em vigor, estabeleça a liberdade de opinião como liberdade individual. Aqui retratamos fatos e opiniões inclusive trazendo o contexto histórico. Criticar as ações de um governo, não é necessariamente criticar a pessoa, muito menos criticar o sistema de governo.

2024: mudou o ano, mas nada mudou. Foram duas semanas, desde o Natal, que muita coisa aconteceu, mas não aconteceu nada (e nada vai acontecer).

O suicídio de uma jovem de Minas Gerais em razão de fakes News, com narrativas e publicação de conversas que seriam privadas, mas que foram editadas e que visavam a atingir o artista Whindersson Nunes, desmascarou uma associação criminosa de social mídia. As mídias sociais criam influenciadores e também cancelam quem não mais lhes convém.

Uma empresa de social mídia é uma agência que organiza, edita e cuida de redes sociais. Essa empresa, Mind8, detém mais de 34 perfis sociais de ‘informação’ (perfis de fofoca) além de administrar muitos perfis de famosos (todos que fizeram o “L”) e que foram utilizados também para manipular eleições quando há proibição legal. É a mente mestra que está por traz de levar as massas para onde se quer, é a linguagem silenciosa, um verdadeiro cartel de influenciadores que passa agora percebido, mas ignorado pela Justiça.

Para se ter noção, alguns dos perfis mais famosos são: Perrengue Chique, Choquei, Alfinetei, Gina Indelicada, Sincero Oficial, Sou eu na vida, Nazaré amarga, Otariano, entre outros, criam e exploram determinado assunto para estabelecer um direcionamento da massa. De todos os mais de 400 perfis gerenciados pela agência, o público que ‘absorvia’ essa informação (falsa ou distorcida) é de aproximadamente 7 a cada 10 brasileiros. Todos esses canais são canais de ideologia, de ataque coordenado, de criar divisão para reinar.

É a janela de Óverton, ou seja, a manipulação da opinião pública. Muitas pessoas pensam que têm opinião formada sobre um assunto e, na verdade, facilmente se tem que elas tenham sido induzidas a pensar de uma certa maneira. E, com as redes sociais, isso ficou mais fácil (e também mais evidente, se você estuda um pouquinho). Basicamente muda-se paisagens ou se amplia limites no campo das ideias, mas com consequências na sociedade sem que se perceba essa manobra de direcionamento da massa. E a Meta* tem sua parcela de culpa porque oferece, pela publicidade paga, o aceso a determinados assuntos que você gosta – a câmera de frente dos aparelhos celulares foi feita para monitorar o tempo de tela e leitura em determinado assunto, não para tirar selfies).

Assim como a Mynd8, Assis Chateaubriand (o Rei do Brasil), já o fez. Ele era o detentor de mais de cem jornais, revistas, redes de rádio e TV no Brasil. Chateaubriand era o dono da informação e, portanto, escolhia políticos, leis e ficou conhecido por sua falta de ética ao ameaçar e criar ‘fake News’ – isso nas décadas de 40 a 60 – se a empresa não anunciasse com as empresas dele. Ele assassinava reputações. Chatô flertava com Getúlio Vargas, um ditador, assim como a Mynd8 está para com Lula. Todos os perfis gerenciados pela Mynd8 divulgaram e fizeram campanha ao Presidente.

‘Estranhamente’ esse caso que culminou na morte de uma jovem e que ao que tudo indica participou ativamente das eleições presidenciais, não foi inserido no inquérito das fake News. Aliás, esse é o inquérito mais longo da história, desde 2011, quando apurava as notícias da revista “O Antagonista” sobre o amigo do amigo de meu pai (dado como o codinome do Ministro Dias Tóffoli no esquema da Odebrecht e do Governo Lula). Percebam que a mídia sempre está intimamente ligada com a política, desde a República Velha.

Mas não podemos crer que o povo brasileiro tenha a memória de um peixe! João de Scantimburgo se revira no túmulo: o povo brasileiro é um povo bestializado, diria ele. Sim, é um povo bestializado, passivo, ignorante e apático com tudo que acontece porque não lê, não estuda, não detém o mínimo de raciocínio lógico e acredita em quem grita mais alto e/ou fala mais bonito ou fala muitas e muitas vezes (mentiras contadas em vários perfis da internet, por várias vezes, se tornam verdades). O problema, professor Scantimburgo, é que os bestializados estão dirigindo os governos para outros mais bestializados que acreditam e aplaudem.

Desde o “brilha uma estrela” até a repaginada versão de “o amor venceu”, absolutamente temos um “dèjá vu”, quando temos aquela sensação de já ser visto ou vivido uma situação igual ou muito semelhante.

Iniciamos 2024 repetindo as mesmas coisas da República Velha, inclusive copiando os ditadores brasileiros de outrora. Iniciamos o ano com a quebradeira das empresas públicas, com a falaciosa “tentativa” de tomada de poder no 08 de janeiro com bíblias e bandeiras! Abolir o Estado democrático de Direito não se configura com vandalismo e quebra-quebra, mas isso é tema para outra “conversa afiada”.

No 08 de janeiro, nesta semana, novamente, vimos as mídias sociais e o jornalismo corrompido por dinheiro público com sua janela de Óverton disseminando a Democracia Inabalável que o Presidente afirmou ser relativa. Reflitam.

*Meta: empresa de tecnologia dona do Facebook e Instagram.

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