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CONVERSA AFIADA

Use bem seu dom

Quem quiser a paz entre os povos deve lutar contra o estatismo. Ludwig von Mises.

As parábolas de Jesus nos ensinam verdades eternas, seus ensinamentos percorrem milênios, e também oferecem lições práticas inesperadas para as questões mundanas atuais.

No Evangelho de São Mateus (Mt 25:14-30), encontramos a parábola dos talentos de Jesus. Como todas as parábolas bíblicas, muitas são as possibilidades de reflexões sobre elas. Talvez incontáveis, porquanto cada pessoa pode fazer a própria leitura conforme o ângulo de visão que escolha. Faço algumas reflexões com a lente da minha percepção, sabendo que este é apenas um dos olhares possíveis.

Presumo que o leitor conheça a parábola (ou busque sua leitura). Sua essência se relaciona a como utilizamos o dom da graça de Deus. Com relação ao mundo material, trata-se de uma história sobre capital, investimento, empreendedorismo, e o uso adequado de recursos econômicos escassos. É uma refutação direta àqueles que veem uma contradição entre o sucesso dos negócios e a vivência da vida cristã. A parábola fala sobre multiplicação, oportunidade e coragem. Dois servos multiplicaram seus talentos e um enterrou.

O que se pode haver de ensino é que o empreendedorismo é uma vocação. Não se trata apenas do fortalecimento moral, mas também do sucesso para com a riqueza. Lutar contra a riqueza e a produtividade é longe de ser cristão e de ser produtivo com os próprios dons.

Parece-me que Jesus não condena lucros, mas condena a desídia, a preguiça (um dos sete pecados capitais), o medo do fracasso. Fomos feitos para produzir e aprender. O trabalho não é inimigo, ao contrário é forja de caráter, criatividade e capacidade. A ideia é não diminuir os esforços.

Veja-se que a riqueza não é injusta, pois, como ensina a parábola, o primeiro servo recebeu mais do que o segundo e o terceiro. E quando o lucro é o objetivo a ser alcançado pelo uso do talento empresarial, isso não configura ganância. É apenas o uso apropriado do dom, a correta administração de recursos, inteligência e trabalho. Deus nos ordena a utilizar nossos talentos para fins produtivos. Portanto, saber o que fazer com a riqueza é que é essencial, não sua produção laboriosa.

Trazendo ao nosso primeiro mês do ano, verificamos que agricultores de pelo menos 7 países da Europa estão, desde o começo de janeiro, bloqueando estradas e realizando atos contra medidas impostas sobre o setor. Os atos são motivados, em grande parte, pela insatisfação com decisões que dão prioridade a ações de combate à crise climática, aumentando os custos dos produtores. Como já acontecera no Brasil, o Estado luta contra a produtividade na mesma medida que quer receber dinheiro deles (através de impostos) com a narrativa (mentirosa) de que está preocupado com o bem estar da humanidade. Nunca vi humanidade prosperar sem comida e sem trabalho. Como diz o ditado “cabeça vazia é templo do diabo”.

O Estado luta contra o empresariado desde a Roma antiga, parece que a humanidade não evoluiu nada. O Estado é mesmo o bandido estacionário querendo impor limitações á produção sob pretexto de proteger o clima e os excessos como se isso fosse possível. Lembrem que a Nova Zelandia criou uma taxação sobre os gases (puns) emitidos pelo gado. O gado não deixará de ser criado para não interferir no efeito estufa, mas seu custo aumenta para sustentar o Estado. A cada dia o Estado intervém mais e mais em decisões cotidianas e que deveriam se manter na ordem privada e não pública. Mas o Estado trabalha pelo domínio, não pela elevação de dons e virtudes. Aliás, querem até diminuir a produtividade com a redução da jornada de trabalho sem diminuição no salário para 30 horas semanais. A CLT (Consolidação das leis do trabalho) é uma grande demonstração de como o estatismo mais atrapalha do que ajuda. O trabalho deve ser definido por quem trabalha, não pelo Governo que quer receber sobre sua produção. Fato: os desajustados são so fracassados do mundo. É isso que precisamos combater! Use bem seus dons!

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