Omissos

Toda ação corresponde a uma reação de mesma intensidade, porém sentidos contrários. Uma lei básica da física que não é utilizada por muitos líderes comunitários. Tornar-se líder e popular enseja na mesma medida ter críticas. Algumas pertinentes que podem nos forçar a melhorar, outras que são totalmente vãs, portanto, inúteis e dispensáveis. Ainda assim, há quem não consiga lidar com isso e prefere ficar escondido, na ideia de segurança na inércia.
Um tapinha no ombro aqui, outro acolá; um talvez aqui, outro talvez ali. Essas pessoas são consideradas boas. Diria que não são boas em nada. Não fazer o mal, não é sinônimo de fazer o bem. Chega a ser paradoxal que alguns falem dos tais “isentões” nas eleições de 2022, mas sejam isentos, omissos, na sua própria comunidade.
A inércia é algo que não promove fluidez e não faz o mundo progredir. A pior pobreza é do conhecimento, porque através dele podemos nos posicionar sem medo. E é interessante que nossos maiores líderes sejam pessoas que não conseguem formar opinião ou demonstrar argumentos que possam servir de base, imaginem ao delinear a trajetória de uma cidade. O cenário é desastroso.
A treva da ignorância reina e a estreiteza da visão nos dá mostra real dos motivos que colocaram algumas pessoas em posições de superioridade e nem há como colocar Lula nesse exemplo porque sabemos como ele chegou lá. Entretanto, não podemos falar. Mas é preciso se ater à realidade local, pois soa-me propício ficarmos opinando sobre o Governo Federal e Estadual e não enxergar a comunidade. É claro que muitos não se posicionam na comunidade pelo velho discurso da boa vizinhança. Também não adianta falar a esmo. Pessoas improdutivas querem falar da produção dos outros. Pessoas que desconhecem engenharia querem falar de construções. Suposições não agregam e não são aproveitáveis.
Um dos grandes males da ‘cultura’ política de nossos pequenos municípios e, na verdade, do país, é aceitar e acreditar que tanto executivo, como legislativo e também o Judiciário detenham responsabilidades que são nossas, em que pese a estrutura política brasileira tenha criado esse fantasma.
O brasileiro está acostumado a se vitimizar e colocar a culpa no outro. Ninguém quer assumir a responsabilidade e quando alguém quer mudar e demonstrar a responsabilidade individual, fere a integridade do mediano, daquele “isentão” e fraco que quer manter tudo como está porque ainda consegue tirar algum proveito (normalmente, financeiro) sem fazer nada.
Há um amplo sentimento de críticas a pessoas diversas em nossos municípios, porém, são as que realmente fazem alguma coisa. Podem errar, mas fazem. E a “influência” do não falar nada, dos “isentões” que não querem contrariar pseudo amigos (eleitores, especialmente) que jamais votariam nele, desgraçadamente promove mais e mais erros democráticos incorrigíveis.
O conhecimento sobre política (não politicagem), mesmo que básico, pode nos ajudar em várias esferas da vida, como, por exemplo, não ser dominado pelo medo acreditando que o ‘governo’ lhe dá tudo e sem ele (a cidade, o Estado ou o país) nada existiria (vejam o Rio Grande do Sul).
Cuidado com ‘velhos’ políticos, eles manipulam você.
Não sejam trouxas de políticos que criam “estórias” e narrativas apenas para se perpetuar no poder. Mas creiam ainda menos naqueles que se transvestem da aparência do bem, mas que dão o tapa e escondem a mão, e também daqueles que são naturalmente nulos e medíocres.
Para não sermos manipulados politicamente diante da desordem causada por alguns, é preciso conhecer minimamente fundamentos da política e das principais ideologias que afetam nossa vida. Somente o conhecimento permite esse discernimento. Somente estudando, lendo e não supondo é que se sai das armadilhas. Parem de repetir direita ou esquerda, esses termos já são ultrapassados. Parem de fingir que são patriotas quando não conhecem a história do Brasil e hostilizam os portugueses, por exemplo. Ou sequer saibam quem foi André Rebouças.
Pior ainda se dizer conservador sem saber que todo conservador deve ter ceticismo político e sem ideais consistentes e autênticos. Para encontrar caminhos políticos mais adequados e, sobretudo, para que se desmascare a velha política, é preciso, no mínimo desconfiar, com prudência e sabedoria prática, dos políticos que se forjam em discursos abstratos e genéricos, mas que são totalmente desvinculados da realidade local.
Eu sempre vou ‘votar’ pela construção de uma comunidade que seja edificada na literatura, na cultura, no ensino escolar sem militância, nas associações de bairros – que sempre defendi e creio devam voltar a ser atuantes – no melhor aproveitamento dos CPCs da Igreja, mas com a criação do discernimento aguçado das responsabilidades pessoais. Não dá para requerer mudança no outro. Não adianta eleger um político e esperar que ele limpe a sua casa.
Precisamos de povo qualificado, eficiente, forte, rápido e estratégico. Comecemos já, por nós e em casa! O avanço pessoal é uma proposta inadiável. Não sejamos omissos e não escolhamos representantes inativos, que não produzem e não entendem nada.
Com uma ação disciplinada e propositada a reação será de colher boas novas. Precisamos qualificar o debate e qualificar as pessoas. Lembrem-se: é melhor uma pessoa que busque, faça e até erre, do que um omisso que finge fazer e não promove nada. Isso vale para a vida pessoal e para a política.
Sigamos!
Avante pessoal!
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