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Conversa Afiada

O criminoso favorito

O sistema nos forja. Nos desenha ou para sermos muito resilientes ou para sermos muito corruptos. Quando selecionamos os criminosos de acordo com nossas paixões e para proteger nossos próprios erros, somos tanto ou mais delinquentes que o próprio meliante.

A morte de Mariele Franco traz uma revelação assombrosa. A mão que afaga é a mesma que bate (ou mata). O mandante do crime abraçou a família, literalmente, e é ligado a um ‘grande’ político fluminense que foi condenado a mais de 300 anos de prisão por corrupção na lava jato. Todos foram protegidos pelo sistema.

A justiça tem sido eficaz em garantir impunidades e, ao mesmo tempo, tem pesado sua espada em cortes meticulosos apenas à opositores de qualquer indício de ligação como atual governo. A história apenas se repete.

Quando os libertários dizem que o estado é uma gangue (o bandido estacionário) há quem diga ser exagero. Parece que não. Cada vez mais temos os Peaky Blinders no poder. Para quem não conhece, os Peaky Blinders são uma gangue da cidade Birmingham na Inglaterra que ascende ao poder, que negocia com o primeiro-ministro e até com o rei (uma série baseada numa gangue urbana real). Cada vez mais temos Pilatos lavando as mãos para continuar no governo.

Hoje cultuamos os cruéis travestidos de benevolentes que fingem trabalhar em causas nobres. Hoje temos muitos corruptos e bandidos no poder. Então como eles conseguem? Como se parecem bons? Por força das imposições “positivas”. As tais narrativas acontecem assim. Basicamente a ideia é ‘uma mentira contada muitas vezes, se torna verdade’. O subconsciente humano vem sendo constantemente alimentado com determinadas ideias a alicerçar o projeto de alguns grandes que monopolizam e direcionam as mentes de manobra.

Muitos apoiam políticos cujas falas são totalmente distintas das suas práticas. Aqui também deveria valer a máxima ‘a palavra convence, mas o exemplo arrasta’. Não para copiar, mas para enxergar a realidade das gestões absurdas e das decisões judiciais totalmente eivadas de ideologias que estão escancaradas todos os dias. O contrário disso, quer dizer, quando uma pessoa observando as atrocidades diárias que estão acontecendo ainda defendem o indefensável é porque seu caráter é totalmente duvidoso, egoísta, materialista e invejoso.

É sério que você, anti-Bolsonaro, busca defender teses absurdas para sua prisão, mas acha normal todos, eu disse, todos os condenados por três instâncias na lava jato estarem livres e em cargos de alto escalão. Temos bandidos de estimação? Sim, temos (desde a época de Jesus).

O Brasil é campeão em criar falsos heróis. Exemplo rápido foi Carlos Marighella, um político cultuado pelos comunistas brasileiros como herói. Fazia parte do PCB (Partido Comunista Brasileiro). No final da década de 60 tornou-se líder da resistência armada contra a ditadura militar quando, enfim, ganhou notoriedade. Matava, assaltava em prol de uma ideologia.

A CIA o considerava sucessor de Che Guevara (cujos adjetivos são péssimos). Ele dizia ser anti fascista e defensor da democracia (sim foi durante o golpe militar, porém era contra a ditadura militar, mas a favor da ditadura do proletariado, ou seja, só trocaria o comando. Nenhuma ditadura pode ser boa). Porém, seu compromisso era com o desenvolvimento do socialismo, o chamado etapismo revolucionário. Seu partido defendia reformas que culminariam no socialismo. Marighella foi basicamente um precursor do Foro de São Paulo. Seu filme, no entanto, o mostra como herói, mas era apenas um guerrilheiro. Marighella criou um manual para guerrilha urbana, ao estilo Peaky Blinders. Ou seja, um bandido. O bandido escolhido para dizer que a ditadura militar foi cruel.

São as narrativas. A história é reescrita de acordo com o desejo de alguns. São as fakes do bem. São os maus que em algum momento demonstraram uma aparência de bem, mas tudo pelo poder e muitos pela vingança. Isso acontece com muitos nomes famosos da atual gestão brasileira, isso também aconteceu com Mandela, com Frida Kahlo, com o próprio Che Guevara. Todos são fraude. São pessoas que cometem crimes, mas que em algum momento utilizaram símbolos de causas nobres e, portanto, foram elevadas pelo desenho social que governantes decidiram estampar em seus propósitos de poder.

Nessas criações é possível ver como se inventam e se perdem as essências reais desses criminosos, numa incoerência de ver homossexuais usando camiseta com a estampa de Che Guevara que era torturador e assassino de gays, pois não aceitava tal condição.

O suporte das narrativas tem braços antigos e fortes. O desenvolvimento formou-se há muitas décadas e hoje está no cerne da espinha dorsal brasileira. Tenha a posição ideológica que quiser, mas seja coerente com a verdade e fatos.

Hoje, sexta feira da paixão, sabemos que a reflexão nos leva ao momento em que escolhemos (o povo) libertar Barrabás. Pilatos, para não ter problemas políticos deixou o povo escolher, pois já era costume libertar um prisioneiro na Páscoa. Parece que em mais de 2020 anos, o povo não aprendeu, nem evoluiu nada. As escolhas ainda são pelo melhor ladrão. Por defender ideias que escondam as próprias imperfeições. Ou na defesa de apenas ver o sangue jorrar. Realmente as semelhantes se atraem. Cada um escolhendo seu criminoso favorito.

Até quando?

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