Meu próprio veneno
Já iniciamos outra coluna com essa mesma citação há aproximadamente um ano. Nada mudou.
É evidente que não podemos sair ofendendo pessoas, entretanto, o que está em ênfase, neste momento, é, novamente, o desuso e a ignorância total à Constituição Brasileira.
O Deputado Federal Marcel van Hatten foi indiciado (isto é, está sendo investigado), pela Polícia Federal (PF), por falar, em tribuna, da atuação do delegado de polícia federal Fábio Alvarez Schor, o que está sendo tratado como calúnia e injúria.
A PF considerou que o parlamentar agiu com a ‘intenção’ de constranger, humilhar e ofender o delegado, supostamente por discordar de sua atuação profissional. As críticas teriam relação com a condução de inquéritos policiais supervisionados pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Bem, não devemos, por questões de proteção pessoal, falar sobre os inquéritos obscuros do STF. Mas, parece constrangedor, em verdade, que não apenas um parlamentar, cuja função é exatamente de PARLARE (falar), mas que qualquer cidadão não possa mais criticar – e aqui se falam em críticas construtivas, não xingamentos vãos – de qualquer profissional.
O grande problema é cada um pensando no próprio umbigo, na modalidade mais sutil do wokismo, criando infinitos intocáveis que não aguentam serem chamados de ‘bundões’ e péssimos profissionais.
Mas, pensando bem, muitas gestões proíbem os cidadãos de falar nos comentários de redes sociais oficiais, apagando conteúdo porque não conseguem lidar com a crítica e querem fingir só existir elogios, o que é humanamente impossível. E os próprios parlamentares da Câmara Federal aprovaram no ano passado um projeto de lei (que está no Senado) para criminalizar a instituição bancária ou a instituição financeira que não apresentar por escrito o porquê da recusa da abertura da conta ou de solicitação de crédito, o que ensejará uma multa diária de R$ 10 mil. Ou seja, banco não poderia negar crédito às estrelas mesmo que seu histórico pregresso não contemple crédito como a análise que se faz do cidadão comum (de mim e de você, caro leitor!).
Só há dois problemas no Brasil que afastados resolveriam tudo. Um, o estrelismo da maioria dos políticos e da maioria dos Ministros, bem como, o formato em que o Estado sempre quer limitar, subordinar e dar ordens ao indivíduo na vida em geral, especialmente, na vida privada.
Os Governos autoritários fazem exatamente isso: “Tudo pelo Estado, nada fora do Estado”, frase essa, aliás, de Benito Mussolini o criador do fascismo que era de direita, mas que é copiado nas atitudes da esquerda. Quem for contra o Estado é inimigo e não importa se é um parlamentar ou não, vai sofrer sanções.
Também, é muito, muito, muito comum mesmo, verificar em nossas Prefeituras (bem aqui pertinho) aquela perseguição contra funcionários que não apoiaram os gestores em suas eleições. Sim, o que acontece no Governos Federal, também acontece aqui... não é apenas com Marcel van Hatten, a oposição sempre perseguiu seus subordinados aqui e acolá. Inclusive seguindo Alexandre de Moraes em Processos Administrativos Disciplinares totalmente abusivos.
E circundamos, fazendo quase o oito infinito, na busca incessante deste Governo lulista de censurar a todos que possam relatar ou apontar às atrocidades evidentes de uma tirania abusadora que está tomando conta deste país. Daniel Silveira segue preso por expressar-se na Tribuna. Também perseguiram Nicolas Ferreira por falar na Tribuna que Lula é ladrão. Agora chegou a vez de van Hatten. Logo, terá outro.
Liberdade de expressão é um direito fundamental, é cláusula pétrea (imutável) a qualquer cidadão, entretanto, a situação é mais desastrosa quando não se permite que parlamentares, cuja função é exatamente alertar e frear o autoritarismo em todos os setores e órgãos do governo, usem de sua voz para falar ou criticar.
Mas, não esqueçam também que nossas estrelas mais próximas adoram um cartaz, normalmente na recepção, indicando que DESACATO é crime, e que qualquer manifestação que se assemelhe a ação de humilhar, desrespeitar ou desprestigiar o FP (funcionário público, não aquela outra expressão...) é passível de punição. Todos vão provando do próprio veneno.
A verdade é que grandes e verdadeiras personalidades que habitaram este mundo e deixaram algum legado estão sendo também silenciados porque não se defende mais o direito de se dizer as coisas, porque querem reescrever a história e os ensinamentos porque há algum ofendido no caminho. Alguns porque acreditam piamente que é tudo verdade, outros porque acreditam piamente que é tudo mentira, e cada um, ofendido com todas as suas dores e sabotagens financeiras precisa ocultar seus próprios crimes e descontar suas frustrações em alguém.
Mas nós sempre defenderemos o direito do cidadão de falar sobre suas ideias e pensamentos, ainda que não concordemos. Maturidade! Críticas construtivas, sim!
Sigamos e não se ofendam!
Deixe seu comentário