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Janja, no auge do sucesso

Sucesso não é o mesmo que ter competência ou ser, de fato, fonte de inspiração ou ainda ser uma pessoa dotada de algum valor e princípio. Aliás, no mundo há diversos exemplos que nos mostram que sucesso é simplesmente atingir algum êxito.

Rosangela da Silva, a Janja, é um bom exemplo. Ela é um ‘case’ de sucesso. E não, Senhores leitores, não a admiro, não a aprovo, nem tenho dúvida alguma de que a primeira-dama é distante de quaisquer princípios e valores morais. Ela é leal apenas a si mesma e ao dinheiro do pagador de impostos.
Enquanto eu escrevo, ou no mesmo tempo em que você lê esse texto, Janja usufrui livremente de R$400,00 (tempo de aproximadamente 6 minutos de leitura), isto é o equivalente a 4 mil reais por hora. Segundo o IBGE de 2022, metade da população brasileira vive com R$17,90 por dia. Logo, indiscutivelmente, ela é um sucesso.

Exatamente! Aquela que não sabe falar ‘problema’ e nem ‘irresponsável’, simplesmente está nas rodas que decidem os rumos deste país, come do melhor, bebe importados, veste-se como bem entende, usa grifes, pega avião, participa de eventos diplomáticos que lhe convém. Não há quem a segure. Não importa seu comportamento e nem seu nível intelectual, ela decide sobre coisas que você e eu sequer chegamos perto.

Janja se consolida dia a dia mesmo que trabalhe apenas em interesses privados. Tratada como autoridade, ela discute assuntos políticos relevantes e globais. É desesperador, mas é a realidade. Janja é um auge de sucesso.

Mas Janja, ainda que seja nosso caso estudado de sucesso, se inspira em outras que a precederam. No Brasil tudo se desenvolve em torno de protagonismo próprio e ninguém é ileso.

Ao contrário do que muitos pensam, a primeira-dama não possui nenhuma obrigatoriedade administrativa. Ela ocupa uma posição simbólica e, tudo o que ela venha a fazer, é voluntário e não remunerado.

Tudo começou com Dona Ruth Cardoso, que atuou em ações sociais por todo o país. Ela dizia que "ao contrário dos homens, que seriam competitivos, as mulheres são colaborativas e precisam ser colocadas no centro das políticas de desenvolvimento". Depois disso, toda primeira-dama tinha o dever de estar envolvida em projetos sociais. E disso dependiam as reeleições, afinal de contas.

Marcela Temer, bela, recatada e do lar, optou pela discrição e eventos culturais. Michelle Bolsonaro, destacou-se ativamente causas sociais, focando na inclusão das pessoas com deficiência e na valorização da comunidade cristã. Ela desempenhou um papel crucial na promoção de políticas públicas voltadas para melhorias no atendimento a pessoas com deficiência, como a ampliação do acesso a materiais educativos em Libras e o apoio a instituições de caridade. Mas quem está usufruindo do país, é Janja, socióloga, feminista e, por que não, uma articuladora política sem igual.

Não se trata de ter escrúpulos, de se ter capacidade, de se ter bom senso. O sucesso realmente nasce do querer. Ela quis, ela investiu no presidiário e hoje tem as rédeas de boa parte do país. Eis pois, o grande dilema. Não se trata de sermos técnicos, eficazes, bons, éticos, quando somos facilmente substituídos por quem tem ou se sujeita a determinadas negociações.

Mas, não queremos deixar uma mensagem de desesperança, evidentemente. A capacidade intelectual permite que nos tornemos mais completos, mais ligados à lógica, ao funcionamento e a percepções que poderão ser mudadas justamente por esta casta da sociedade.

Se nos fortalecermos enquanto seres mais moralizados, espiritualizados e intelectualizados, com caráter definido ao bem, eliminaremos o sucesso daqueles que nada fazem e nada produzem, pois todo problema de um Estado corrompido e que enaltece e permite ‘Janjas’ com um sucesso efêmero, é, no fundo, um problema de natureza humana e de conduta de sua própria sociedade na luta pelo poder político e usando dos mesmos mecanismos que o sistema mantém e sustenta.

Que sucesso queremos ter?

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