“Mao ôe!”

Quem nunca declarou um "Mao ôe"? Ou cantarolou "a pipa do vovô não sobe mais"? Aquele programa alegrava os domingos e permaneceu durante quase 60 anos. Dois terços da vida de Sílvio Santos. Isso é bastante tempo. É uma vida! E que vida!
Até mesmo as pessoas que não tinham o hábito de assisti-lo já deram risadas com suas piadas e peripécias, cantaram suas músicas ou imitaram sua voz peculiar.
Fortemente lembro-me de alguns domingos pela manhã quando acordava com o cheirinho da lenha enquanto a nonna cuidava do café e o nonno já colocava no Show de Calouros com o rabugento do Pedro de Lara. Naquela época ainda não sabia o quão era admirável e nem o quanto ele fez por muitas pessoas.
Anos depois, como observadora que sou, passei a admirar, gostar e dar boas risadas, afinal um sagitariano reconhece as piadas do outro no bom humor que só os próprios deste zodíaco se reconhecem. Tenho certeza de que suas piadas eram genuínas e não pensadas para o "sucesso", pois Sílvio Santos era portador de uma autenticidade única.
Além de uma trajetória de muito sucesso, afinal além do SBT, possuía Jequiti, uma empreiteira de nome SiSan, um hotel e a Tele -Sena (Liderança Capitalização S.A), muitos vídeos mostram uma linhagem realmente nobre do apresentador Sílvio Santos, cujos antepassados consertaram as finanças de Portugal e da Espanha no século XV, além de financiar Colombo no descobrimento das Américas. Realmente, pode-se ver em Silvio Santos, além de um exímio comunicador, uma personalidade que produziu e ocupou espaços edificando um império com humildade. Vejam, riqueza e humildade podem (e deveriam) andar juntos.
Ninguém sabe a real trajetória de ninguém, vemos alguns instantes e deduzimos muito. Normalmente não se vêem as dores, mas se aponta o sucesso como uma afronta, uma ofensa. A verdade é que Silvio Santos viveu uma vida realmente invejável, não pelo sucesso financeiro e milhões na conta, mas por fazer o que tinha vontade e, sobretudo, por um legado que deixa e que realmente o coloca acima da média.
A partida de Silvio Santos nos convida a uma profunda reflexão sobre o poder da comunicação e sua influência em nossa sociedade, afinal esta é a ideia da coluna: refletir e, quem sabe, aprender.
O comunicador, com seu carisma inigualável e frases marcantes, como “Do mundo não se leva nada. Vamos sorrir e cantar!”, deixou um legado que ultrapassa os limites do entretenimento.
Com seu humor leve deixou mais marcas do bem do que qualquer atitude má que possa ter promovido, afinal um ato de amor cobre uma multidão de pecados. Eis o papel da comunicação em nossas vidas. Em nossa expressão, seja numa conversa particular, numa postagem de internet ou num programa de televisão, todos nós influenciamos. Imagine esse Senhor que foi comunicador por décadas atingindo todo um país.
E o que certamente, a história registrou do legado de Silvio Santos, foi que ele utilizou, na maior parte do tempo de sua vida, suas palavras para inspirar as pessoas. Há muitos relatos e vídeos que demonstram que suas falas, desde o “Ma ôe, vem pra cá” até dicas profundas como "Quando o ser humano está com a razão, Deus é o seu advogado”, eram professadas de muita alegria, mas também de estímulo, com caridade e amor. Ele era pura diversão e simplicidade e, por isso mesmo, um reconhecidíssimo comunicador. Ele distribuía não apenas aviõezinhos de dinheiro, mas palavras valorosas com foco em virtudes e família.
Mesmo reconhecendo dificuldades, Silvio foi o sinônimo de entusiasmo abraçando o trabalho como ferramenta para evoluir e distribuir com suas façanhas verbais!
Diante de influenciadores digitais e de uma televisão cujas falas são carregadas de frivolidades e muitas vezes desprezando valores e virtudes, temos nesta semana uma perda grandiosa. Que os novos apresentadores, locutores, influencers digitais possam se utilizar dos veículos de comunicação para o bem, especialmente, quando temos tolhida a expressão em muitos casos indicando um regime de exceção neste país. Que não tenhamos medo e como disse o próprio Silvio Santos “Se amanhã eu não tiver mais nada, ainda vou ter a minha voz.”
Se todo comunicador, colunista, jornalista puder tocar uma pessoa a propósito do bem, e da verdade sem proteger atrocidades e pessoas indignas, estaremos no caminho certo.
Sigamos com nossa voz, essa ninguém pode calar!
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