EDITORIAL 344

Viver, simples assim...

O que pode ser melhor do que isso, se antes viver um dia era apenas um dia a menos para viver?

Todos nós sonhamos com um tempo, um lugar, onde há esperanças, onde tudo vale a pena. Quando jovens temos o viço e a força que nos impulsiona para lutas por ideais e um mundo melhor onde todos possam ser iguais. Buscamos, cheios de sentimentos, acabar com a miséria e a falta de perspectivas de outros pares. Esmurramos pontas de facas, lutamos marços, setembros e em novembradas que já se foram. Sonhamos que a vida mudaria... Seriam diferentes os invernos... As primaveras seriam mais coloridas... No verão o sol seria para todos.

Mas, perdemos o viço, o ímpeto, e as pequenas conquistas passaram despercebidas.

O mundo segue. A miséria permanece. Povos sofrem sob o jugo dos mais fortes. Sob a pressão das armas e das leis que só a eles é imposta.

Mas, lobos em peles de cordeiros surgem e novas esperanças são lançadas sobre estes miseráveis que pouco ou nada tem. Trazem esperança de comida na mesa, educação, saúde para viver melhor.

O que pode ser melhor do que isso, se antes viver um dia era apenas um dia a menos para viver?

Os subsídios para maior produção nas áreas rurais, da França, Inglaterra, EUA, e os abonos salariais no Brasil, levam todos a produzirem mais riqueza, mas para os mesmos bolsos.

Os programas de bolsas famílias, gás e tantos mais, levam o miserável povo a achar que tudo mudou e que suas preces foram atendidas e impede-o de ver que por detrás daquela pele, lobos jaguaras... sarnentos, se escondem e escondem na Suíça, nas ilhas Cayman e demais esconderijos, tesouros, riquezas.

E tudo muda e nada muda.

A esperança é trocada por circo e pão.

A miséria permanece.

Os reis não possuem mais sangue azul, mas as riquezas continuam nos palácios.

O povo miserável insiste em viver um dia após o outro para um dia a menos precisar viver depois do outro.