Descubra o impacto do índice nas dívidas e investimentos com a taxa em 11,75% ao ano e com viés de baixa
Nesta última reunião do ano, o Comite de Política Monetária (COPOM), alinhado à expectativa do mercado e à previsão dos especialistas, reduziu a SELIC, taxa de Juros básica da economia, para 11,75% ao ano, com tendência de baixa também para próxima reunião em 2024. Essa redução afeta diretamente as dívidas pós-fixadas em CDI e indiretamente as prefixadas, assim como todas as opções de investimentos.
Em 2020, quando a SELIC estava no patamar de 2% ao ano, muitas pessoas pegaram dívidas atreladas à SELIC mais um percentual fixo de aproximadamente 6% ano, com o custo total de 8% para financiamento habitacional. Em 2022, a taxa de juros básica já estava em 13,75% ao ano, quase acabando com o sonho da casa própria e basicamente dobrando o valor da parcela. Essa alta repentina associada à inflação provocada pela pandemia do Covid-19 resultou em 80% das famílias brasileiras totalmente endividadas. Mesmo com esta baixa da taxa de juros anunciada no último dia 13, o alívio no aperto dos juros desde 2022 abaixou apenas 2% (13,75% - 11,75%). Desse modo, a baixa de hoje suaviza o aperto nos financiamentos atrelados à taxa, mas ainda não melhora a situação das famílias que contrataram dívidas anteriormente.
Os compromissos de juros reduzem nas dívidas e contratos novos, com tendência de uma perspectiva melhor, visto o poder de quitar com renovação e com troco no mesmo valor da parcela, pois, com juros menores, o prazo e parcela podem continuar iguais e o capital emprestado pode aumentar. Por exemplo, para um aposentado que contraiu R$ 10.000,00 em 84 parcelas de R$ 264,00 mensais, com essa baixa e após pagar 10 parcelas restariam 74 parcelas, sendo que ainda estaria devendo R$ 9.949,84 para quitação. Se fosse renovar com troco de R$ 2.000,00, ou seja, mesmo aumentando a dívida para R$ 11.549,00, os bancos refinanciaram com 74 parcelas de R$264,00 mensais. Portanto, o valor total a pagar continua o mesmo, entretanto, o pensionista receberá R$ 2.000,00 de volta aproveitando essa baixa da SELIC, seja pela portabilidade de crédito ou pela renovação na mesma instituição que emprestou pela primeira vez.
Entretando, para as empresas as taxas de juros demoram um pouco mais para baixar devido ao risco de mercado e ainda estar começando a melhorar o cenário de crescimento econômico e poder de compra, assim como o aumento da demanda por mercadorias. Desse modo, com a tendência de melhora e aquecimento da economia, muitos bancos anteciparam a redução dos juros futuros ainda antes de findar 2023. Mesmo com essa possibilidade de alívio para as empresas, é necessário usar mais linhas de crédito de longo prazo para aumentar a liquidez e conservação do capital de giro do seu negócio. Uma empresa falece toda vez que o ciclo operacional de pagar antes e receber é muito longo, chegando por vezes a 180 dias. Depois, se não há capital para fazer essa ponte entre o custo de produzir e o tempo de receber pela venda, não há juros bons que resolvam quando não se tem capital de giro.
Nas possibilidades de investimento, a modalidade mais afetada são as aplicações ligadas às taxas de juros pós-fixadas como CDB e Tesouro SELIC. Conquanto a tendência seja que os fundos de investimentos e grandes investidores comecem a olhar com mais atração aceitar o risco de aplicar no mercado de ações, buscando a bolsa de valores para aumentar rentabilidade de suas carteiras de investimentos. Entretanto, como reserva de emergência para cobrir possíveis imprevistos da vida, ainda há de se conservar boa parte em renda fixa e aplicações mais conservadoras pelo fato de que, no tripé de investimentos - Retorno, Segurança e Liquidez, a opção pela liquidez diária (resgate imediato a qualquer tempo) e a preservação do capital contam mais intensivamente que o próprio retorno quando se precisa do dinheiro para pagar conta imediata de emergência, como no caso de doença ou acidente.
Com a meta da inflação fixada em 3% ao ano em 2024 e com a economia ensaiando uma recuperação mais animadora, há espaço para redução maior da taxa de juros básica, segundo o alinhamento e previsões do mercado, sendo que até o final de 2025 poderá chegar em 8,5% ao ano.
Diante desse horizonte de baixa da taxa juros, tanto para dívidas como investimentos afetados pela da redução da SELIC, somado à apatia da economia; o ano de 2024 tende a ser promissor tanto para o mercado quanto para as famílias, pois, com custo menor de alavancagem financeira, a tendência principal é o mercado aquecer e melhorar a qualidade de renda de forma geral. Que venha 2024! Venha repleto de possibilidades e novidades na vida de todos os brasileiros, que assim seja.
Assim, seguimos juntos nesta jornada, praticando e difundindo a todos uma educação financeira simples e de resultado.
Até breve!
Juscelino Gaio
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