
Há algumas semanas venho falando sobre a relação: finanças e vida à dois, como um casal pode se organizar para gerir o orçamento de forma que, o dinheiro não se torne um empecilho na vida do casal, ou até mesmo fato gerador de discussões, brigas ou conflitos.
São inúmeras as causas de dívidas ou endividamento. Despesas imprevistas ou inesperadas, que podem ser desde coisas materiais até mesmo doença na família, a perda ou troca de emprego, mudanças, investimento na educação dos filhos, como custear uma faculdade particular, padrão de vida não condizente com a renda, descontrole através de gastos financeiros, conscientes, inconscientes ou compulsivos, e tantos outros, mas uma coisa é comum, faltou dinheiro! Obviamente que temos casos e casos, há casos como, uma doença na família por exemplo, em que muitas vezes mesmo tendo uma reserva financeira, não é possível equilibrar os gastos.
Mas, se por algum motivo a vida financeira do casal está com problemas, como fazer para retomar ou amenizar o equilíbrio financeiro? Apresento hoje, algumas atitudes que podem ser implementadas na rotina da vida financeira do casal, para auxiliá-los no controle do orçamento financeiro doméstico.
O primeiro fato é: de onde vem o dinheiro e pra onde ele está indo! Não há como estabelecer uma rotina de controle financeiro sem colocar no papel: rendimentos e gastos, ou seja, as receitas do casal, como: salário, serviços extras, valores recebidos, e as despesas, que podem ser essenciais, necessárias ou supérfluas. Conforme já ensinei, isso pode ser feito no papel, em um caderno ou uma agenda, ou de forma mais organizada em planilhas eletrônicas.
- Mas consultor, eu já faço isso! Então está faltando fazer o acompanhamento e o Balanço do mês. Fazendo essas anotações é possível sim saber o que entrou, o que saiu e para onde foi o dinheiro e o quanto faltou. Sem saber onde o salário está indo, o casal continuará eternamente na “corrida dos ratos”.
Então, primeiramente fazer este balanço. Após listar as despesas fixas e variáveis. As despesas fixas e essenciais são aquelas que não temos como cortar, como: aluguel ou prestação do imóvel, condomínio, conta de luz, água e telefone, seguros, planos ou convênios médicos, prestações adquiridas. As despesas variáveis, são aquelas possível de algum corte, como: alimentação fora de casa, combustível, academia, lazer, passeios, vestuário, presentes, compras eventuais, entre outros. Se o casal está em dificuldade financeira de pagamento, deve observar o que já está pago e o que falta pagar. Tem algo que pode ser cortado ou renegociado? Em caso de contas em atraso, deve-se priorizar o que está lhe dando mais despesas, com juros por exemplo. Dever no rotativo do cartão de crédito ou no limite do cheque especial torna a dívida muito onerosa, o ideal é tentar uma renegociação, dentro de uma parcela que esteja no orçamento.
Tenham o cumprimento do orçamento como meta do mês, e dentro do possível, deve-se priorizar e saber quais dívidas que devem ser pagas primeiro.
Outro ponto, como casal, vocês já devem ter definido como funciona o pagamento das despesas da casa, se é de forma conjunta e concentrada, ou quais as contas cada um deve pagar individualmente. Esta organização é necessária para que conflitos e cobranças financeiras sejam efetuadas futuramente. Às vezes é necessária uma revisão, de quem faz o quê, ou quem paga determinada conta. Lembrem-se que, o orçamento nunca é engessado, ele deve ser moldado e modificado conforme as necessidades surgirem.
Agora, ainda que realizadas estas etapas e a situação ainda for complicada, existem três passos a seguir:
1) Reduzir os gastos ou despesas - O primeiro ato nesse aspecto é reunir a família toda para fazer a adequação das despesas e dos custos recorrentes para se adaptar a um padrão de vida temporariamente inferior. Muitas vezes o elevado custo de vida deve-se ao padrão financeiro adotado, que está acima das posses. Reduzir o padrão de vida pode ser momentâneo. Passado por esta dificuldade, as coisas podem voltar a sua normalidade. Então poupar torna-se uma recompensa para o casal.
2) Aumentar as fontes de renda – se mesmo reduzindo os gastos o dinheiro não é o suficiente, uma opção é aumentar a renda. Falamos recentemente do Microempreendedores – MEI, que muitas vezes trabalham com suas atividades paralelas a um emprego fixo. Lembram do caso da senhora que conheci, que o marido ficou desempregado e tiveram que se reinventar? Sempre há tempo de verificar se o casal dispõe de alguma habilidade, seja prestar um serviço, fazer algum tipo de comida, reinventar alguma atividade. O mundo PET por exemplo, tem aquecimento muito o mercado, hoje não tem só hotel para cães e PET, como também ônibus que leva e busca, pessoas que são contratadas para passear com os cães, hospital e crematório para PETs. Cito esse exemplo, porque sempre haverá alguma coisa para se criar e algum coisa por fazer.
3) Renegociar dívidas ou vender coisas/bens – falo vender, porque a questão aqui é bem abrangente. Vender pode ser se desfazer de algum bem, seja, pequenas coisas que estão sem utilização e até mesmo grandes imóveis ou um carro. Tive a oportunidade de conhecer várias outras pessoas que tiveram que vender a casa que moravam e voltar para o aluguel. E não tem problema nenhum nisso. Muitas vezes, dependendo da situação de endividamento, esse é o caminho. Quitar todas as dívidas, parar de pagar juros exorbitantes, consignados sem fim e realmente trabalhar com o dinheiro que se tem. As vezes esse é um caminho necessário, até mesmo para o casal voltar a realidade e viver em paz, reconstruindo-se.
Agora, mesmo diante das dificuldades, um casal nunca deve esquecer da sua unidade, são duas pessoas, mas são um casal, quizá já tem uma família. Hoje os casamentos se dissolvem bem mais rápido que antigamente. Claro que os tempos mudaram, hoje, independente de homem ou mulher, ambos têm os mesmos direitos, as mulheres não permanecem mais caladas, muito menos em casa cuidado do Lar. Então ambos trabalham, e ambos devem manter o diálogo e a comunicação na vida à dois. Embora as dificuldades do dia-dia nos impeçam, o casal deve ter seu tempo de qualidade, tempo para sair, caminhar, tomar um sorvete, dar uma volta. O que segura um casal não é o dinheiro, mas a parceria. Façam planos em conjunto. Onde querem chegar? Como vai ser daqui um ano, dois? Casal que alinha a vida financeira junto não se separa por dinheiro, e mais do que isso: prosperam juntos.
Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.
Até breve.
Juscelino Gaio
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