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O impacto da Alto dos Juros

 

O impacto da Alto dos Juros

Na primeira reunião de 2025, o COPOM (Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central) decidiu, por unanimidade, pela elevação da taxa básica de juros do país – SELIC - 12,25% ao ano para 13,25% ao ano — um aumento de 1 ponto percentual. Este representa o quarto aumento consecutivo dos juros no país (setembro, novembro, dezembro e janeiro). O Brasil se mantém como o país com o segundo maior patamar de juros reais de todo o mundo. Com Selic a 13,25%, os juros reais no Brasil ficam em 9,18%, conforme levantamento da MoneYou, seguindo atrás somente da Argentina, que tem juros reais de 9,36%. A taxa de juros real é a taxa de juros ajustada pela inflação, refletindo o verdadeiro custo do crédito ou o retorno de um investimento, descontando a perda do poder de compra causada pela inflação.

A SELIC é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. A Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia, entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom). O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.

Uma das justificativas do comitê, sobre a consecutiva alta dos juros, é que a inflação no Brasil está acima da meta e continua subindo. Nem precisamos ler estas notícias em jornais ou na internet, para perceber que tudo aumentou. O custo do real está muito mais caro, ou seja, os R$ 100,00 do ano passado, não compram os mesmos produtos hoje. A carne bovina, frango, café, arroz e leite lideram a lista da inflação de alimentos em 2025. A alta do dólar também tem influência direta, pois, o dólar alto estimula a exportação. Ora! Se a indústria ganha mais dinheiro exportando, o que resta para o mercado interno? A elevação dos produtos! Combinados que, a alta do dólar também aumenta o custo dos insumos importados para a produção, então, as exportações não são o principal motivo da elevação, mas também o aumento dos custos de produção e das incertezas do atual cenário econômico mundial.

Em um cenário de ALTA DE JUROS, com elevação da taxa SELIC, a tendência é que todas as taxas de juros se elevem, nesta situação o crédito às empresas e as pessoas fica mais restritivo.  Em contra partida, o juro elevado, favorece as aplicações financeiras de renda fixa, porque os rendimentos das aplicações financeiras ficam mais atrativos. O “custo do dinheiro” elevado, pela alta de juros, faz com que o consumo seja freado ou reduzido, as pessoas consumem menos, as empresas/indústrias também produzem menos, a empregabilidade diminui, consequentemente a renda diminui, reduzindo ainda mais o consumo. Esta condição reflete em toda cadeia econômica, reduzindo o Produto Interno Bruto (PIB). Os juros mais altos desestimulam o consumo, e favorecem a queda da inflação.

Os juros influenciam o consumo e o crédito também os juros pagos aos investidores. A variação da Selic impacta diretamente o consumo das famílias e na tomada de crédito, afetando o comportamento econômico no país. O aumento da Selic reduz o consumo e afeta todas as taxas de juros. As taxas cobradas em empréstimos e financiamentos e as pagas por aplicações financeiras estão atreladas à variação da taxa básica, e o rendimento de renda fixa cresce com alta da Selic. Esta alta é um remédio amargo para reduzir a inflação, pior que pagar juros altos é ter o poder de compra reduzido. Na meta de inflação do governo é usado o IPCA que, nos últimos 12 meses acumulou 4,83% ao ano, acima da meta de 3,5% e que ainda nem recebeu o reflexo total do aumento do dólar. Os juros pagos aos investidores aumentaram também, por exemplo uma LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) está pagando juros de 13,00% ao ano, totalmente isento de imposto de renda para 12 meses!!! Exemplo: R$50 mil aplicados rendem já com isenção de imposto o valor de R$6.500,00 por ano.

Já a inflação gera incertezas importantes na economia, desestimulando investimentos e, assim, freando o crescimento econômico. A inflação afeta particularmente as camadas menos favorecidas da população, pois essas têm menos acesso aos instrumentos financeiros para se defender da inflação. A inflação mais alta também aumenta o custo da dívida pública, pois as taxas de juros da dívida pública têm de compensar não só o efeito da inflação, mas também têm de incluir um prêmio de risco para compensar as incertezas associadas com a inflação mais alta, e a cada 1% de aumento da SELIC o governo paga 55 bilhões por ano somente de juros para rolar a dívida.  

O aumento já era esperado pelo mercado e o ciclo de aperto monetário deve seguir. As reuniões do Copom têm intervalo médio de 45 dias. A expectativa é que na próxima reunião, marcada para o dia 19 de março, deva acontecer mais um aumento de 1% por conta do ambiente fiscal incerto. Para conduzir a inflação à meta, o mercado acredita que será necessário continuar fazendo novos aumentos nos próximos meses. Assim, a Selic pode ultrapassar os 15% ao ano ainda em junho deste ano — sendo o maior percentual desde meados de 2006.

Estas informações sobre a nossa política monetária podem ser acompanhadas através de sites oficiais do governo, como do Banco Central do Brasil, através do endereço eletrônico https://www.bcb.gov.br/.

Ademais, apertem os cintos, pois seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve.

Juscelino Gaio

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