logo RCN
EDUCAÇÃO FINANCEIRA

O amor acaba quando o dinheiro termina?

 

Muitas são a metas particulares na vida de cada um. Formar-se em um curso, ter a oportunidade do “primeiro emprego”, trocar de emprego, abrir seu próprio negócio, comprar um carro, trocar de carro, fazer uma viagem, comprar um imóvel, iniciar uma vida à dois, ter filhos e tantos outros sonhos. Mas claro que, independentemente de cada objetivo, não esqueça que a vida vai passando. É necessário e indispensável viver em equilíbrio, mantendo os pés no chão, vivendo a realidade, certos de que cada escolha tem as suas consequências. Não dá para ter tudo ao mesmo tempo, quando se tem sonhos e metas para alcançar. Esse é o brilho da vida.

E quando essas “metas” envolvem outras pessoas?? Uma sociedade empresarial ou uma união – um casamento, por exemplo. Escrevo aqui sobre educação financeira, e vocês que aqui me acompanham, sabem que a parte financeira é uma questão bem importante nas nossas vidas. Trabalhamos, somos remunerados sobre os serviços que fazemos ou prestamos, com nossas finanças provemos nossos lares e vamos conquistando nossos investimentos. Agora, como tratar esse assunto “finanças” em um relacionamento?

Dentre tantos atendimentos que já realizei, um dia, recebi uma senhora que me disse algo que nunca mais esqueci: — O amor acaba quando o dinheiro termina! Rapidamente pensei: para essa mulher o dinheiro está acima do amor. Sorri, e perguntei-lhe: — Por que a senhora diz isso? Ela me respondeu: — Quando o dinheiro começa a faltar na vida de um casal as coisas vão ficando mais complicadas, os desentendimentos começam a ficar mais frequentes, assim como as brigas. Um casal deve estar em sintonia, trabalhar junto, caminhar na mesma direção. Me falou ainda, que ela e seu marido tinham uma vida muito confortável, com certos “luxos” e um casamento muito feliz. Ela nunca achou necessário especializar-se ou trabalhar. Mas, em um dado momento, seu marido ficou desempregado, do dia para noite, de um trabalho de mais de 15 anos. A vida toda desandou, as dificuldades foram crescendo assim como as brigas, grande parte em razão dos gastos e das dívidas que foram crescendo.

Errada ela não está na sua afirmação. Mas só nessa fala podemos tirar várias lições. Aqui toda renda estava concentrada em uma única fonte – o emprego do marido – não havia diversificação de renda e a mulher sempre foi dona de casa. Ao longo do tempo, ambos nunca mais investiram em formação ou algum curso de especialização. 15 anos de trabalho e uma vida bem confortável – não haviam feito nenhuma reserva – tudo que se ganhava, se gastava, porque o marido tinha um bom emprego. O investimento que tinham era o financiamento da casa que moravam e um carro também financiado. Aqui, ponto para o casal, eles tinham investimentos, embora estivessem pagando. Claro que, não podemos julgar as escolhas de cada um. As pessoas fazem o que podem ou fazem a melhor escolha para aquele momento. Posso alertá-los que é importante viver o presente, mas, preparados para imprevistos futuros, que podem surgir quando menos se espera, ainda mais quando se tem filhos e uma família para prover.

Se começarmos a falar sobre vida “à dois” o assunto é bem vasto, mas como meu escritório é financeiro e não psicológico, nosso foco hoje é finanças “à dois” (risos). Independente disso, uma coisa é comum e extremamente importante e indispensável no relacionamento e nas finanças – DIÁLOGO e COMUNICAÇÃO. Ora, a partir do momento que se decide construir uma vida juntos, na minha opinião, não se pode mentir, muito menos esconder renda, dinheiro, finanças ou gastos. Desde o início a relação o casal deve ser transparente, em todos os sentidos. Omitir assuntos financeiros em uma vida “à dois” representa falta de confiança, cumplicidade ou verdade em um relacionamento. Além disso, pode desencadear outros problemas futuros.

Ah, e sobre o desenrolar da vida aquela senhora que conheci, quando o marido foi demitido eles passaram por muitas dificuldades, especialmente financeiras que também abalou o casamento, que quase chegou ao fim. Tinham dois filhos pequenos, que estudavam em escolas particulares. Primeiramente as crianças mudaram de escola, cursos de natação, inglês e artes foram suspensos, assim como as viagens e gastos supérfluos no mercado. Ele aproveitou suas habilidades – tinha formação em técnico contábil – abriu um escritório de contabilidade na sala de casa, que demorou muitos anos para adquirir estabilidade comercial. Foram muitos “nãos” e muitas portas fechadas, tiveram que vender o carro para pagar as dívidas, andaram por muitos anos a pé. A mulher que nunca tinha trabalhado, começou a pintar telas, fazer crochê e vender salgados. Porém aqui fizeram algo muito importante – se reinventaram e readequaram o padrão de vida. Passaram por momentos muito difíceis, mas o amor prevaleceu, e estão juntos até hoje – mais de 40 anos de união, dois filhos formados e já vieram os netos. Ah, e o escritório continua na sala da casa.

Hoje conto essa história, mas quantas pessoas já passaram por isso? Quantas empresas necessitaram reduzir custos, implantar automatização ou conter gastos, e tiveram que reduzir seu quadro funcional através de demissões. Por outro lado, quantas famílias já passaram por este difícil processo de readequar-se após um “golpe da vida”. Um grande empresário um dia me disse: — Não gosto de demitir e evito fazê-lo, só mesmo se a pessoa não se ajuda. Antes de demitir lembro que ali existe uma família, que muitas vezes dependem 100% desta renda.

Muitas lições financeiras podemos tirar do que apresentei hoje. Em um acontecimento como este, readequar o orçamento ou o padrão de vida da família é o primeiro passo. Primeiro de tudo é mapear toda a situação financeira, listar as despesas, as dívidas e os custos essenciais. Verificar o que pode ser cortado, vendido, adaptado e o que realmente é necessário. É uma tarefa muito difícil, ter que abrir mão de certas coisas, do conforto e de alguns luxos. Mas tenha em mente que é uma situação temporária e momentânea, somos persistentes e resilientes. Quando uma porta se fecha, abrem-se várias janelas, a visão muda, a gente passa ver oportunidade onde antes não víamos. Para um “não” que se houve, para um empreendimento que se inicia, um novo emprego, um novo relacionamento ou um “não vai dar certo”, criam-se novas oportunidades, novos caminhos, novas vivências e novas chances. Podemos tornar essa caminhada um pouco mais leve, conversando, planejando e traçando metas pessoais e conjuntas.

Mas esse assunto não termina aqui, na próxima semana apresento os Passos para o Sucesso Financeiro à dois. Imperdível!

Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve.

Juscelino Gaio

Orientações para declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2025 Anterior

Orientações para declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2025

Pagamentos por aproximação via celular Próximo

Pagamentos por aproximação via celular

Deixe seu comentário