O que é CDI e o que a sigla tem a ver com seus investimentos

Todo investidor ao ler e estudar sobre investimentos já se deparou com a sigla CDI. Trata-se de uma taxa de referência para comparação de investimentos, baseada na taxa básica de juros, a Selic. Mas não são sinônimos, como muita gente pensa, apenas tem taxas próximas.

O CDI, sigla para "Certificado de Depósito Interbancário", nada mais é do que um título de curtíssimo prazo emitido pelos bancos, com duração de um dia. As instituições financeiras emprestam ou tomam recursos entre si de um dia para o outro, em especial para fortalecerem sua disponibilidade de dinheiro.

Durante o dia os bancos têm fluxo de entrada (depósito + transferência de outros bancos) e de saídas (saques e transferência saindo de seus clientes) e todo dia essa conta de fluxo precisa no mínimo zerar. Tem dia que um Banco A tem saldo sobrando (Banco Superavitário) nessa entrada e saída, e por este motivo empresta para o Banco B (Banco Deficitário) que está saindo mais dinheiro naquele dia. Nesse final de dia o Banco A empresta para o Banco B que precisa zerar sua posição de saída maior que entrada, eles se emprestam pela TAXA DI. O Banco B emite um título chamado CDI com garantia de títulos públicos em sua carteira e paga uma taxa levemente inferior a SELIC, pois se fosse mais alta o Banco B venderia seus títulos em carteira ao Banco Central pela Taxa SELIC e geraria caixa para pagar as saídas maiores que as entradas naquele dia.

O CDI possui uma importância significativa em vários aspectos do Sistema Financeiro Brasileiro:

1. Referência para Investimentos: A taxa CDI é amplamente utilizada como referência para diversas aplicações financeiras, como CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), Fundos de Investimento, e outros produtos de renda fixa. Investidores acompanham a taxa CDI para avaliar a rentabilidade de suas aplicações.

2. Gestão de Liquidez Bancária: O CDI ajuda na manutenção da liquidez no sistema bancário. Através desse mecanismo, os bancos conseguem gerenciar suas necessidades de caixa de forma eficiente, contribuindo para a estabilidade do sistema financeiro.
3. Indicador Econômico: A taxa CDI é um importante indicador econômico. Ela reflete a percepção de risco e liquidez no mercado interbancário, e suas variações podem sinalizar mudanças nas condições econômicas e nas expectativas do mercado.

É por isso que, em momentos de alta de juros pelo Banco Central, alguns títulos de renda fixa acabam se tornando mais atrativos em relação à renda variável, uma vez que o rendimento deles, que geralmente é atrelado à taxa DI, está subindo. Quando os juros caem, pode haver uma saída de investidores da renda fixa, já que esses títulos vão render menos.

Os CDBs também possuem seu rendimento atrelado à taxa DI, na maioria dos casos. Alguns títulos de CDB podem ser utilizados como reserva de emergência, já que oferecem liquidez diária - ou seja, capacidade de retirar o dinheiro na hora, quando precisar.

Os títulos de renda fixa que têm sua rentabilidade atrelada à taxa DI são conhecidos como pós-fixados. Afinal, o investidor, ao comprar esse título, sabe qual indicador será referência para o rendimento dele, mas não tem certeza se esse retorno aumentará ou diminuirá, já que pode haver altas ou quedas de juros no período entre a aplicação e o resgate.

Como o CDI é apenas uma referência, ou seja, não é possível "comprar" CDI, mas sim um título que tem sua rentabilidade atrelada a essa taxa, como o CDB, LCI ou LCA, o risco é do emissor do título. Por isso, vale pesquisar sobre a credibilidade da instituição financeira que está por trás da oferta antes de fazer o investimento. No site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) há notícias sobre processos envolvendo ofertas de investimento irregulares. Confira em https://conteudo.cvm.gov.br.

Contudo o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é uma peça fundamental no sistema financeiro brasileiro. A taxa DI, derivada desse instrumento de empréstimo entre Bancos, reflete as condições econômicas atuais e influencia um amplo conjunto de investimentos. À medida que a economia brasileira passa por ciclos econômicos, o CDI seguirá desempenhando um papel central na liquidez bancária, na rentabilidade dos investimentos e como um indicador econômico chave.

Em 2023 a taxa anual do CDI foi de 13,04% ao ano. O acumulado em 12 meses hoje é de 11,99% e se considerar apenas o ano de 2024 até agora foi de 4,85% nos cinco primeiros meses de 2024. Isso significa tendência de baixa, entretanto pode mudar a partir de outros fatores. Os juros no Brasil têm muitas influências externas como inflação de outros países e economia mundial e outras internas como inflação, taxa de crescimento econômico e política fiscal do governo.

Você conseguiu perceber que as aplicações estão intrinsecamente ligadas aos juros de nosso Sistema Econômico?

Seguimos vigilantes nesta jornada, praticando e difundindo a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve!

Juscelino Gaio