Finanças à dois: Cinco perfis financeiros dos casais

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Quando me casei em 2006 com minha esposa e companheira de vida, a nossa primeira tarefa foi ler um livro, quando a educação financeira nem tinha material extensivo como vemos hoje. O nome do livro: Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, de Gustavo Cerbasi, que é uma referência na educação financeira voltada para casais. E dentre várias dicas, conselhos, definição, uma das contribuições mais valiosas da obra é a identificação de cinco perfis de comportamento financeiro, que ajudam a entender como cada pessoa lida com o dinheiro e como isso afeta a dinâmica do casal.

Todos nós nascemos em famílias de diferentes costumes, culturas, jeito e comportamentos, que normalmente complementam os casais, e é por isso que se casam, para somar forças positivas para um sonho de se tornar um família mais completa tanto emocionalmente quanto financeiramente. Gustavo Cerbasi, após muitos atendimentos e experiência com milhares de pessoas, reconheceu o padrão de cinco perfis de comportamento financeiro. Conhecer esses perfis é essencial, mas saber como equilibrá-los é o que realmente fortalece a vida financeira e emocional do casal. Assim, segue as categorias com personagens fictícios: Maria, José, Isabela, Paulo e Susana, para exemplificar com dicas de equilíbrio e conflitos entre os casais a saber:

1 – POUPADOR: "Guardar é sagrado!" É disciplinado e tem como objetivo acumular recursos para o futuro. O seu Eu do futuro é rico. Valoriza a segurança financeira e evita gastos desnecessários. E muitas vezes é extremamente rígido até consigo,  privando-se de experiências prazerosas no presente. Exemplo: Maria sempre faz uma planilha mensal de gastos. Ela prefere levar marmita ao trabalho e evita compras por impulso. Seu objetivo é comprar um apartamento à vista em cinco anos. Mesmo em viagens, ela pesquisa promoções e escolhe opções econômicas.  Dica de equilíbrio: O poupador precisa aprender a valorizar o presente sem comprometer o futuro. Estabelecer uma “reserva para lazer” no orçamento pode ajudar a aproveitar momentos sem culpa. O parceiro pode contribuir mostrando que experiências também são investimentos emocionais, que todos merecem receber recompensa no presente onde as pessoas vivem e o futuro só fará sentido se começar aproveitar um pouco por dia.

2. GASTADOR: "Se sobrou, é pra gastar!" Vive o presente e valoriza o consumo imediato. Tem uma mente aberta para novas tendências e não gosta de rotinas. Dessa maneira tende a comprometer toda a renda com gastos atuais, o que pode gerar insegurança financeira e dificuldade em planejar o futuro. Exemplo: José gasta com jantares, viagens e compras parceladas, sem pensar no futuro.  Dica de equilíbrio: O gastador pode manter seu estilo de vida, mas com limites definidos. Criar metas de curto prazo (como uma viagem planejada) e usar ferramentas de controle financeiro (apps, planilhas simples) ajudam a manter o prazer sem gerar dívidas. O parceiro pode ajudar com sugestões de consumo consciente e valorizar a qualidade do tempo entre os dois mais que o valor financeiro gasto.

3. DESCONTROLADO: "Cadê meu dinheiro?" Não tem controle sobre suas finanças. Não sabe quanto ganha ou gasta, e frequentemente entra em dívidas. É o mais vulnerável financeiramente, pois não possui disciplina nem planejamento. Os conflitos e o endividamento são comuns nesse perfil. Exemplo: Isabela não sabe quanto tem na conta e evita olhar o extrato bancário. Ela faz compras por impulso, esquece de pagar boletos e já entrou no cheque especial várias vezes. Quando o cartão é bloqueado, ela se surpreende, pois não acompanha seus gastos. Dica de equilíbrio: O primeiro passo é criar consciência financeira. O parceiro pode ajudar com conversas leves e sem julgamentos, propondo metas simples como “acompanhar o saldo semanalmente”. Automatizar pagamentos e usar alertas no celular são boas estratégias para evitar esquecimentos.

4. DESLIGADO: "Depois eu vejo isso..."Não se preocupa muito com dinheiro. Poupa apenas quando sobra e não tem objetivos financeiros claros. Apesar disso, consegue cortar gastos quando necessário. Sua principal fraqueza é a falta de planejamento e falta de foco em metas de longo prazo. Exemplo: Paulo nunca fez um orçamento. Ele paga as contas quando lembra e não sabe quanto gasta com lazer ou alimentação. Quando sobra dinheiro, ele guarda, mas sem um objetivo definido. Apesar de não estar endividado, não tem reservas nem planos financeiros. Dica de equilíbrio: O desligado pode se beneficiar de rotinas simples, como revisar os gastos uma vez por mês. O parceiro pode propor metas conjuntas (como uma reforma ou viagem) para despertar o interesse. Mostrar os benefícios do planejamento pode gerar motivação.

5. FINANCISTA: "Planilha é vida!" É o mais técnico dos perfis. Além de poupar, busca eficiência nos gastos e entende bem de investimentos. Tem facilidade para elaborar planejamentos financeiros, mas pode ser visto como excessivamente rígido ou “chato” por querer controlar tudo com precisão. Exemplo: Suzana acompanha o mercado financeiro, investe em ações e fundos, e tem metas claras para aposentadoria. Ela usa aplicativos para controlar gastos e revisa seu planejamento mensalmente. Apesar de ser organizada, às vezes seu parceiro acha que ela é “controladora demais”. Dica de equilíbrio: O financista deve praticar a flexibilidade e ouvir o parceiro. Nem tudo precisa ser otimizado. Reservar espaço para decisões espontâneas e aceitar pequenas variações no orçamento pode melhorar a convivência. O parceiro pode reconhecer o esforço e colaborar com pequenas tarefas financeiras.

Agora você já pode ter uma noção e avaliar qual o seu perfil de comportamento financeiro e de seu parceiro. Escrever sobre Finanças e a sua organização sempre me motivou, e quem sabe poderei de alguma forma motivá-los também. Escrever e Ler sobre Administração de Finanças nunca será o suficiente, muitas vezes a teoria é mais fácil do que a prática, que dirá fazer este controle à dois, mas algum começo sempre terá, o primeiro passo é  poupar, para tentar sair das dívidas, depois conhecer melhor o mercado e poder fazer as escolhas financeiras mais conscientes.

 Desse modo seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.

Até breve.

Juscelino Gaio