É preciso treinar
É interessante que sob a ótica teleológica o homem nasce simples e ignorante, com a lei divina gravada na consciência. E logo nos perguntamos: ora, por que existe então tanto mal no mundo? Porque uma coisa não tem nada a ver com a outra. Simples assim!
Primeiro é preciso compreender que simples e ignorante significa dizer que todos nascem iguais com capacidades e oportunidades, com diversas existências da alma. Segundo é que temos uma índole, um caráter e uma inteligência que são díspares entre as pessoas. Ninguém é igual, ninguém.
A índole é um conjunto de traços e qualidades inerentes ao indivíduo desde o seu nascimento – de acordo com o dicionário. Já o caráter depende, além da índole, do contexto de vida do sujeito, da educação que ele recebe, dos valores e princípios ensinados enquanto aquele ser humano é forjado e, claro, da inteligência que aquela pessoa tem para absorver tudo que lhe é passado, enfim, do ambiente em que ele vive definem o caráter.
Além disso, pelo fato de sermos herdeiros do pecado original, o homem carrega em si a concupiscência (luxúria, cobiça aos bens materiais, sexolatria). Como somos seres miseráveis – e temos, ainda, o livre arbítrio garantido por Deus – a tendência é que cada um de nós deixe a razão e a fé serem encobertas pelo desejo, especialmente durante a juventude (segundo o Padre Gillet no livro Educação do Caráter). Por isso, alguns estacionam no mal ou na inércia e outros avançam na senda do bem, da evolução da transcendência.
Padre Gillet também mostra (em seu livro) que o olhar é fundamental para a educação do caráter. Por isso é necessário que busquemos ver (e mostrar aos nossos filhos e cônjuges) o belo e, especialmente, voltarmos nosso olhar para dentro para reconhecermos nossas falhas e evoluirmos um pouquinho por dia como seres que estão longe da perfeição moral, mas que podem sim, seguir o modelo crístico.
No dia a dia é facilmente visível a distância entre índole, caráter, inteligência, moralidade, especialmente numa semana conturbada como essa em que as tendências morais se mostraram com a busca pelo poder (político), com as sequelas morais da humanidade nos casos em que terroristas se utilizam de minorias ao exemplo do Hamas se apropriando dos Palestinos e convencendo parte do mundo que Israel é quem os persegue, e que há 12 meses ainda mantém mais de 100 pessoas como reféns com os mais cruéis artifícios para vencer uma batalha ‘espiritual’.
Aliás, se pensarmos bem, no mundo tudo gira em torno da religião. E é assustador que em milhares de anos da Lei Mosaica, com a vinda de Jesus ao orbe gerando a ruptura com o antigo testamento, ainda se torture e use o santo nome d’Ele em vão para tantas atrocidades.
Vale citar Roberto Rachewsky, jornalista, quando diz que o nazismo, por seu líder, Adolf Hitler, usou método de evangelização, a intimidação, seu bode expiatório e vítima, os judeus. Em 1979, o Irã foi tomado por um grupo de fanáticos fundamentalistas que acreditaram que somente uma religião poderia existir na mente dos homens, o Islã, e que todos aqueles que o rejeitassem seriam infiéis que deveriam sofrer a ira de Alá e Maomé conforme o que prescreve a Lei da Sharia.
Como o nazismo, o Islã é uma ideologia, diferindo daquela porque é transcendental. Uma ideologia que como o nazismo subjuga o indivíduo à vontade do estado, no caso da Alemanha, um estado laico, no caso do Irã um estado teocrático onde a religião determina o sistema de governo.
Segundo o jornalista Rachewsky, a Europa já se entregou ao islamismo, como se verificam em suas universidades e na postura dos seus governantes. E é verdade. Um grupo de palestinos parou a cidade de Roma nos dias 05 e 06 de outubro para gritar ‘pró-palestina’. Fizeram isso quebrando carros, impedindo cidadãos italianos e turistas de todo o mundo de ir e vir parando o sistema de metrô e ônibus, depredando semáforos e placas.
Ao mesmo tempo, na visita ao Borgo hebreu na cidade de Roma, qualquer cidadão não hebreu é tratado com inferioridade. No comércio a preferência é sempre dos hebreus e qualquer possibilidade de afronta aos seus ideais, o visitante é tratado como suposto terrorista. É um meio de defesa, sim. No final das contas todos atacam para se defender (de algo) e assim o mundo caminha a passos largos para uma psicopatia global.
Não, não se trata mais da raça ariana pura, mas de xiitas contra todas as outras religiões cristãs ou de inventadas minorias que se vitimizam querendo impor obrigações aos demais por suas opções, orientações e vontades. O ser humano é medíocre, não importa de é caucasiano, negro, amarelo, se é hétero, trans, gay, homem ou mulher. Nossa deformidade moral é tão grande quanto há 1990 anos quando pregaram Cristo na Cruz.
Do mesmo modo, a idolatria desenfreada em políticos abertamente problemáticos e totalmente sem caráter é algo que precisa muito ser refletido. Afinal, todos os líderes religiosos determinam também os caminhos políticos, direta ou indiretamente. Bato na tecla que não há muita diferença entre Boulos e Marçal. A vida pregressa de ambos é desastrosa e temos que parar de comparar o nível dos defeitos como se um defeito minimizasse o outro. A pessoa que mata um, mata tantos outros, assim como a pessoa que rouba um roubas tantos outros. Desvio de caráter é intimamente ligado à psicopatia.
O caráter é algo que precisa (muito!) ser PRATICADO, já que o ser humano nasce com a índole, não com o caráter. O caráter é moldado com a ação e com a repetição e a inteligência é desenvolvida com estudo e esforço.
Treinemos, todos os dias. Treinemos.
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