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A escalada do abigeato em SC e como produtores podem se proteger

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Santa Catarina enfrenta aumento nos casos de abigeato, e produtores adotam medidas de segurança e tecnologia para proteger seus rebanhos.
O termo abigeato designa o furto de animais domésticos (principalmente bovinos, mas também equinos ou outros) de propriedades rurais, pastos ou currais.
No Brasil, com a Lei nº 13.330/2016, esse crime passou a ter tipificação mais rigorosa: o furto ou a receptação de animais de produção (mesmo abatidos ou em partes) recebe tratamento mais grave no Código Penal.
Ele difere de um furto “comum” por fatores como:
- localização (áreas rurais, com menor fiscalização)
- logística usada para transporte e abate quase clandestino
- possibilidade de associação criminosa estruturada
- maior dificuldade de rastreamento dos autores e das mercadorias obtidas (carne, couro, animais inteiros)
Por isso, abordar o tema exige tanto o olhar jurídico quanto prático de segurança e prevenção.
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Panorama do abigeato em Santa Catarina
Crescimento expressivo de casos
Nos últimos anos, registros mostram aumento preocupante no número de ocorrências de abigeato em SC. Em certa fase, o crime de furto de gado representou 40,8% de todos os boletins registrados no Centro de Operações da Polícia Civil para o Agronegócio (CAOAGRO) no Estado.
Em outra reportagem, constatou-se que, durante um mês de outubro, foram subtraídos 281 animais (bovinos, suínos e aves) no Estado, sendo 48 apenas de bois.
Ainda, o Estado já registrou aumento de 46,8% nos casos de abigeato em determinado período, refletindo a escalada do problema no campo.
Esses números ajudam a dimensionar que o furto de gado não é um caso isolado: é uma ameaça crescente e sistemática.
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Operações e prisões recentes
- Operação Campo Seguro: ação integrada da Polícia Militar, Polícia Civil e Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de SC) para identificar autores, recuperar animais fugidos e combater redes criminosas. Em uma fase da operação, foram recuperadas 22 cabeças de gado furtadas.
- Operação Marca de Ferro: realizada em setembro de 2025 em Itaiópolis (Planalto Norte), essa operação desarticulou uma organização criminosa ligada ao abigeato, prendeu três pessoas e fechou um frigorífico clandestino que recebia carne furtada.
- Exemplos de prisões locais: em Saudades (Oeste catarinense), gados furtados foram recuperados em flagrante após ação da polícia.
- Ataques extremos: na Udesc Lages, uma vaca prenha foi abatida ilegalmente dentro do campus, com esquartejamento parcial encontrado no local.
Esses casos mostram que o abigeato não está restrito a zonas muito rurais; pode atingir propriedades próximas de centros urbanos ou até instituições de ensino.
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Como o modus operandi funciona (o esquema criminoso)
Análises dos casos revelam alguns padrões comuns usados pelos criminosos:
Estratégia criminosa | Detalhes observados |
---|---|
Marcação prévia | Alguns autores usam sinais discretos (ex: saco plástico no portão) para “marcar” propriedades alvo. |
Operações à noite | A maioria dos furtos ocorre em horários de pouca visibilidade e vigilância reduzida. |
Transporte cauteloso | Uso de veículos apropriados para transportar carne ou animais inteiros com dissimulação (sem identificação) |
Abate no local | Para evitar carga volumosa, animais são abatidos em pasto ou local discreto, sendo transportados em partes |
Frigoríficos clandestinos e receptadores | A carne furtada muitas vezes é encaminhada a frigoríficos ilegais ou mercados informais que não exigem documentação |
Um caso documentado revelou exatamente isso: um vizinho marcou o portão, o grupo entrou à noite, abateu um bovino de quase 500 kg e usou um veículo tipo VW SpaceFox para transportar a carne furtada.
Quando os órgãos de segurança conseguem rastrear esse tipo de operação, muitas vezes descobrem não só os autores, mas cadeias de receptação e logística.
Impactos para o produtor rural
- Prejuízo financeiro direto: a perda de animais — especialmente bovinos adultos — representa investimento perdido em criação, alimentação, cuidado sanitário e previsão de venda futura.
- Avaliação genética comprometida: animais de alto valor genético são alvos preferenciais — a perda deles afeta o potencial produtivo do rebanho.
- Risco à sobrevivência da propriedade: para pequenos produtores, o furto de poucas cabeças pode desequilibrar a renda familiar.
- Aumento de insegurança e desgaste emocional: o medo de novos furtos leva produtores a instalações mais custosas ou até abandonar áreas menos assistidas.
- Custo adicional em segurança: investimento em cercas, sistemas de monitoramento ou contratação de vigilância se torna necessário, corroendo margens de lucro.
Boas práticas e tecnologias para prevenir abigeato
Embora nenhum método garanta 100% de proteção, seguir um conjunto de medidas de segurança já aumenta bastante a defesa da propriedade:
1.Cercas reforçadas e delimitação clara
- Cercas físicas (arame liso, redes) bem mantidas e visualmente evidentes.
- Sinalizações de propriedade privada visíveis para indicar que a área é fiscalizada.
2.Controle de acesso
- Portões fechados à noite e uso de travas rígidas ou cadeados de qualidade.
- Vias de acesso controladas com barreiras físicas.
- Registros de entrada e saída com horários, identificação e finalidade de visitantes.
3.Monitoramento por câmeras e sensores
- Câmeras com visão noturna (infravermelho), posicionadas estrategicamente nos pontos de passagem.
- Sensores de movimento, cercas eletrificadas ou detectores perimetrais.
4.Identificação dos animais
- Brincos com identificação visível e resistente.
- Microchips ou marcações internas (implantes) para rastreamento mais confiável.
- Registro fotográfico atual do rebanho (sexo, cor, tamanho, marcas) para comparação em casos de suspeita.
5.Vigilância e ronda
- Rotinas de ronda noturna periodicamente, inclusive com apoio comunitário (próximo vizinhos).
- Parcerias com vizinhança rural para denúncias mútuas.
6.Integração com órgãos de segurança
- Relatórios regulares à polícia local e comunicação imediata em caso de alerta suspeito.
- Participação em programas de segurança rural, como a Rede Rural de Segurança de SC e operações como “Campo Seguro”.
- Adoção de políticas estaduais que promovam patrulhamento rural, apoio às distâncias maiores e cooperação interinstitucional.
7.Tecnologia de rastreamento e georreferenciamento
- Uso de drones para monitoramento aéreo pontual.
- Sistemas de rastreamento por GPS acoplados em veículos ou animais (em casos específicos).
- Software de gestão de rebanho que avisa anomalias (ex: desaparecimento inesperado).
8.Educação e cultura de denúncia
- Sensibilizar trabalhadores rurais para reportar suspeitas, registrar boletins de ocorrência.
- Promover encontros regionais e capacitações sobre segurança no campo.

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