A meningite é uma inflamação das meninges, que são as três membranas (Dura-máter; Aracnoide; Pia-máter) que envolvem o cérebro e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central.
É causada, principalmente, por bactérias ou vírus; raramente, pode ser provocada por fungos ou pelo bacilo de Koch, causador da tuberculose. Quando esses agentes, por alguma razão, conseguem vencer as defesas e chegam às meninges, elas inflamam e causam as meningites
Em princípio, pessoas de qualquer idade podem contrair meningite, mas as crianças menores de 5 anos são mais atingidas.
As meningites bacterianas e virais são as mais importantes em termos de saúde pública, por sua capacidade de causar surtos. A meningite meningocócica (causada pela bactéria Neisseria meningitidis) é a mais grave, mas outros organismos também podem estar envolvidos. Em geral, a incidência das bacterianas é mais comum no outono e no inverno e das virais na primavera e no verão.
Os principais causadores são:
-Bactérias: Neisseria meningitidis (meningococo A, B, C, W e Y), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Haemophilus influenzae Streptococcus do grupo B, Listeria monocytogenes, Escherichia coli, Treponema pallidum e Bacilo de Koch,
-Vírus: Os principais são os enterovírus (como Coxsackie e Echovírus), vírus do grupo herpes (como Herpes simplex, o vírus da varicela zoster, de Epstein-Barr e citomegalovírus), o vírus do sarampo, o da caxumba e arbovírus (como os vírus da dengue, Zika, Chikungunya ou febre amarela), entre outros.
- Fungos: Cryptococcus neoformans, Cryptococcus gatti, Candida albicans, Candida tropicalis e Histoplasma capsulatum, entre outros, são raras, mas podem acometer indivíduos com a imunidade comprometida.
-Parasitas: Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi e Plasmodium sp e helmintos (vermes), como a larva da Taenia solium, Cysticercus cellulosae (causador da cisticercose) e Angyostrongylus cantonensis.
Transmissão
Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Também ocorre transmissão através da ingestão de água e alimentos contaminados e contato com fezes.
Na meningite bacteriana algumas bactérias se espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta; outras bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos.
Na meningite viral, a transmissão depende do tipo de vírus, podendo ocorrer contaminação fecal-oral, por contato próximo (tocar ou apertar as mãos) com uma pessoa infectada; tocar em objetos ou superfícies que contenham o vírus e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos; trocar fraldas de uma pessoa infectada; beber água ou comer alimentos crus que contenham o vírus. Alguns vírus (arbovírus) são transmitidos pela picada de mosquitos contaminados.
Sintomas
As meningites provocadas por vírus costumam ser mais leves e os sintomas se parecem com os das gripes e resfriados. A doença ocorre, principalmente, entre as crianças, que têm febre, dor de cabeça, um pouco de rigidez da nuca, falta de apetite, irritação.
Meningites bacterianas são mais graves e em pouco tempo os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de infecção generalizada aumenta muito.
Sintomas gerais e de complicações: Fadiga; Mãos e pés frios; Calafrios; Dores severas ou dores nos músculos, articulações (juntas), peito ou abdômen (barriga); Respiração rápida; Diarreia; Manchas vermelhas pelo corpo.
Tratamento
Após a avaliação médica e a realização de exames, o tratamento será indicado de acordo com o agente causador da infecção. Não há tratamento específico para a meningite viral e, como acontece com outras viroses, se resolve sozinha, podendo ser utilizados medicamentos que tratem apenas dos sintomas, como dor e febre.
Meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente, em ambiente hospitalar.
Prevenção
As vacinas estão disponíveis para prevenção das principais causas de meningite bacteriana. O Programa Nacional de Imunização disponibiliza as seguintes vacinas no Calendário de Vacinação da Criança:
Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: Protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C;
Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): Protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite;
Pentavalente: Protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;
BCG: Protege contra as formas graves da tuberculose.
Na rede particular existe a vacina contra a meningite B e contra sorotipos ACWY da Neisseria Meningitidis
Observações aos pais e responsáveis
– Estejam atentos aos sinais e sintomas, principalmente em crianças menores de 5 anos;
– Procurem imediatamente um médico para um diagnóstico seguro e tratamento.
– avisem a escola se a criança estiver com meningite confirmada;
– Após a alta do paciente não existe mais perigo de contaminação, portanto essas crianças não precisam ser evitadas ou discriminadas, voltando normalmente a frequentar a escola;
– Não há necessidade de fechar escolas ou creches quando ocorre um caso de meningite entre os alunos, professores ou funcionários da escola, pois o meningococo (em caso de meningite meningocócica) não sobrevive no ar ou nos objetos;
– A limpeza e a higiene devem ser as habituais. Não há necessidade de inutilizar ou desinfetar objetos de uso pessoal do doente.
Meningite deixa sequelas?
Quando o diagnóstico da meningite é atrasado ou a condição não é tratada de forma adequada, há risco de a doença deixar sequelas, ou seja, problemas permanentes como surdez, dificuldade de aprendizagem, crises de epilepsia e comprometimento cerebral; além de causar a morte.
Informe-se com seu pediatra sobre as vacinas, formas de prevenção e tratamento. Não deixe de vacinar, pois os surtos ocorrem rapidamente e atingem aqueles não vacinados primeiramente.
Abraço e até breve!
Dra. Cristiane Schmitz
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