A última reunião promovida pelo COPOM reduziu a taxa SELIC ao percentual 13,25%. Em outubro de 2016 a taxa SELIC estava em 14,25%, sofreu queda periódica continua, e chegou ao percentual de 2% em março de 2021, voltando novamente a crescer até agosto de 2022, chegando ao percentual de 13,75%. Este registro de agosto é a primeira redução da taxa desde março de 2021. Mas o que representa essa alta/baixa da taxa? O que eu tenho a ver com isso? O que é COPOM? O que é SELIC?
As relações de compra e venda estabelecidas no sistema monetário brasileiro são realizadas através da moeda, chamada Real (R$). Utiliza-se da política monetária para controlar o nível geral de preços e determinar a quantidade de investimentos estrangeiros no país. A SELIC é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. A Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia, entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O BC opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom). O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.
Mas como isso funciona na prática? Quando o Banco Central altera a meta da taxa SELIC, a rentabilidade dos títulos indexados a ela também se altera, e, com isso, o custo de captação dos bancos muda. Isso tem influência direta nos títulos de aplicação, ou seja, naquelas reservas que você pode ter no banco, como nos casos dos investimentos de renda fixa (CDB, LCI, LCA, CRI e CRA). Estes papéis estão diretamente atrelados a taxa de juros, sendo que a maior parte deles possui rentabilidade num percentual de CDI (Certificado de Posse Interbancária), isso representa a taxa de juros que os bancos pagam entre eles para “fechar o caixa” quando tem mais saque do que depósitos, em comparação a outra instituição. Investimentos de renda variável variam de acordo com o risco assumido, exemplo: ações, renda fixa pós-fixada, fundos de créditos de títulos privados, debêntures, etc.
O COPOM (Comitê de Política Monetária) é o órgão do Banco Central, formado pelo seu Presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia – a Selic. As reuniões normalmente ocorrem em dois dias seguidos e o calendário de reuniões de um determinado ano é divulgado até o mês de junho do ano anterior. Durante o ano são realizadas 8 reuniões. Na prática, o COPOM realiza na reunião, uma primeira sessão, terça-feira e quarta feira de manhã. Nesta primeira sessão é realizada apresentação sobre a economia nacional e mundial, são analisadas as tendências econômicas, a inflação do mercado, as contas públicas do governo, o nível das atividades econômicas, e os fatos que internamente e externamente podem influenciar a economia do país. Na segunda sessão – tarde da quarta-feira – são avaliadas as perspectivas de inflação, decisão e divulgação da taxa SELIC. A Ata do COPOM é sempre divulgada na terça-feira seguinte à reunião.
Em resumo, em um cenário de ALTA DE JUROS, com elevação da taxa SELIC, a tendência é que todas as taxas de juros se elevem, nesta situação o crédito às empresas e as pessoas fica mais restritivo. Em contra partida, o juro elevado, favorece as aplicações financeiras de renda fixa, porque os rendimentos das aplicações financeiras ficam mais atrativos. O “custo do dinheiro” elevado, pela alta de juros, faz com que o consumo seja freado ou reduzido, as pessoas consumem menos, as empresas/indústrias também produzem menos, a empregabilidade diminui, consequentemente a renda diminui, reduzindo ainda mais o consumo. Esta condição reflete em toda cadeia econômica, reduzindo o Produto Interno Bruto (PIB). Os juros mais altos desestimulam o consumo, e favorecem a queda da inflação.
Agora, em um cenário de BAIXA DE JUROS, com a redução da Taxa SELIC, todas as demais taxas de mercado são reduzidas, o dinheiro fica “mais barato”, torna-se mais atrativo investir do que deixar o dinheiro no banco (baixo rendimento), tornando mais atrativo e acessível o crédito, fazendo com que as empresas e as pessoas aumentem o consumo. As empresas passam a produzir mais, aumentando a geração de empregos, que por conseqüência aumenta a renda das famílias, e eleva o aumento do consumo. Nesta conjuntura, há um maior crescimento econômico, o que eleva também o PIB. Neste cenário pode ocorrer um excesso de demanda, que resulta no aumento da inflação.
Conforme apresentado, este ciclo da taxa de juros deve bem administrado pelo governo através de suas políticas econômicas, para que se evite o “fenômeno” da inflação, mantendo-se a produtividade, o PIB interno e o equilíbrio econômico entre produção e consumo.
Estas informações sobre a nossa política monetária podem ser acompanhadas através de sites oficiais do governo, como do Banco Central do Brasil, através do endereço eletrônico https://www.bcb.gov.br/.
No próximo artigo, serão apresentadas as formas de cálculos de juros para obtenção de crédito e tipos juros de investimentos, que afetam diretamente o valor pago pelo crédito e o valor da rentabilidade das aplicações.
Ademais, seguimos juntos, praticando e divulgando a todos uma educação financeira simples e de resultado.
Até breve.
Juscelino Gaio
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