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Pedido por volta de linhas de ônibus extintas segue forte em Florianópolis
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(Foto: Alan Pedro, DC, Arquivo) - Usuários relatam a falta que os horários fazem e as adaptações que foram feitas ao longo dos anos
A população do Continente segue mobilizada para pedir o retorno das antigas linhas diretas até a UFSC, extintas em 2020.
O transporte público de Florianópolis passou por mudanças recentes com a inclusão de novas rotas a partir de 6 de outubro. Apesar disso, moradores seguem cobrando a retomada de linhas extintas durante a pandemia de Covid-19, principalmente as que atendiam o trajeto entre o Continente e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Antes de 2020, linhas como Abraão-UFSC, Capoeiras-UFSC e Jardim Atlântico-UFSC atendiam diretamente estudantes e trabalhadores. Quando as atividades presenciais foram retomadas, as rotas não voltaram — e os usuários afirmam que o impacto continua até hoje.
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Para estudantes e trabalhadores, rotina ficou mais difícil
Para muitos, a mudança significou mais tempo no trajeto e reorganização da rotina para evitar os horários mais cheios.
“A experiência se tornou pior. Eu precisei mudar meus horários na UFSC porque o trajeto virou um caos nos horários de pico”, relata João Marcelo, morador do Abraão.
Segundo ele, a antiga linha demorava cerca de 30 a 35 minutos até o campus. Agora, com integração no TICEN, o tempo pode chegar a uma hora.
Moradores de outros bairros da região continental relatam sensação semelhante.
Linhas diretas economizavam tempo e dinheiro
Gabriel, morador de Capoeiras, lembra o período anterior à pandemia:
“Eu usava o Capoeiras-UFSC até 2010 para consultas no HU. Era mais rápido e mais barato. Hoje preciso pegar dois ônibus.”
Com o sistema integrado atual, o usuário precisa desembarcar no Terminal do Centro e pegar outra linha para a UFSC — aumentando o tempo total e, para quem não usa cartão integrado, o custo.
Abaixo-assinados, mobilização e negativa do MP
Para pressionar o poder público, moradores criaram abaixo-assinados pela volta das linhas. Um deles reuniu 542 assinaturas; outro, 625. Ambos foram negados.
O caso chegou ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) em 2024, mas o órgão afirmou não haver comprovação técnica suficiente para justificar o retorno das rotas.
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O que diz a Prefeitura de Florianópolis
A prefeitura afirma que as antigas linhas atendiam poucas pessoas e que o modelo atual, baseado na integração nos terminais, amplia a cobertura do sistema.
Segundo o município, a recomendação é utilizar a linha 188-Ticen-UFSC, que possui mais horários que os antigos itinerários diretos.
A administração ainda reforça projetos futuros, como:
- BRT entre TICEN e TITRI, passando pela UFSC
- Faixas exclusivas para ônibus
- Novos veículos com ar-condicionado
- Cartão turista
- Linhas circulares durante obras na SC-401
Obras do BRT devem começar em 2026, segundo a prefeitura.
Especialista contesta e diz que foco deveria ser no usuário
Para o professor Daniel Pinheiro, da UDESC, a decisão da prefeitura não atende à dinâmica da cidade, que possui polos naturais de atração, como universidades e grandes corredores viários.
“Florianópolis tem um sistema pensado mais pelo custo do operador do que pelo usuário. Se há forte demanda entre Continente e UFSC, faz sentido haver linha direta.”
O especialista cita Curitiba como exemplo de modelo integrado com diferentes níveis de rotas — incluindo linhas longas diretas — e defende faixas exclusivas para que o futuro BRT funcione de fato.
“Não adianta ter ônibus com estrutura de BRT sem pista exclusiva.”
Expectativa dos moradores segue alta
Apesar das negativas, usuários dizem que continuarão insistindo para que o poder público reavalie o retorno das linhas diretas rumo à UFSC, especialmente enquanto o BRT não sai do papel.
Para eles, o tema não é apenas transporte: envolve tempo, qualidade de vida, acesso à educação e incentivo ao transporte coletivo.
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