Entenda os surtos nessa época
Gastroenterite é a inflamação do revestimento do estômago e dos intestinos grosso e delgado. A OMS estima que ocorram cerca de 2 bilhões de casos a cada ano, sendo a principal causa de mortalidade de origem infecciosa e a maior causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos. A perda de líquidos e eletrólitos costuma ser de pequena monta em adultos saudáveis, mas pode ser grave em pessoas muito jovens, idosas ou imunocomprometidas ou que têm doença grave concomitante. Melhorias no saneamento de água em muitas regiões do mundo e o uso adequado de reidratação oral para lactentes com diarreia provavelmente são os responsáveis por essa diminuição.
Muitos casos são infecciosos, embora a gastroenterite possa ser secundária à ingestão de medicamentos e toxinas químicas (p. ex., metais, substâncias derivadas de plantas). A aquisição pode ser de origem alimentar, transmitida pela água ou disseminada de uma pessoa para outra.
Os maiores causadores de diarreia são os Virus, sendo o rotavírus a causa mais comum de diarreias esporádicas, graves e que provocam desidratação em crianças menores (com pico de incidência dos 3 aos 15 meses de idade). O rotavírus é altamente contagioso; muitas infecções ocorrem por via oro-fecal. Outros vírus são os norovírus, mais frequentemente infectam crianças mais velhas e adultos, o astro vírus, que pode infectar pessoas de todas as idades, mas em geral atinge bebês e crianças pequenas, e os adenovírus, a quarta causa mais comum de diarreia viral na infância.
No caso de bactérias, elas são menos comuns que a viral e causam gastroenterite por vários mecanismos. Algumas espécies aderem à mucosa intestinal sem invadi-la e produzem toxinas. Algumas bactérias produzem uma toxina que é ingerida junto com o alimento contaminado, mal acondicionado. Outras bactérias invadem a mucosa do intestino delgado ou cólon e provocam ulcerações microscópicas, sangramento, exsudação de líquido rico em proteínas e secreção de eletrólitos e água.
Outros causadores são: parasitas (vermes), água contaminada com esgoto ou água de enxurradas com diversos agentes contaminadores.
Os sintomas clássicos são: início súbito, com perda de apetite, náuseas, vômitos, que podem ser intensos, cólicas abdominais e diarreia (com ou sem sangue e muco). Mal-estar, dores musculares e queda do estado geral (prostração). O abdome pode estar distendido ou moderadamente sensível. O intestino pode ficar bem distendido e cheio de gases. Sons intestinais estão muito aumentados. Vômitos persistentes e diarreia podem causar intensa desidratação com piora rápida e agravamento. Nos casos mais graves pode ocorrer choque, com choque vascular e insuficiência renal.
O Tratamento em geral é com: Reidratação; Considerar o uso de agentes antidiarreicos se houver suspeita de infecção; Antibióticos somente em casos específicos e de origem bacteriana, já que a imensa maioria dos quadros são virais.
Basta o tratamento de suporte para a maioria dos pacientes. O repouso com acesso a um banheiro próximo, soros de reidratação, caldo ou canja podem ajudar a prevenir ou mesmo tratar casos de desidratação leve. Mesmo que esteja vomitando, o paciente deve tomar pequenas doses desses fluidos; os vômitos diminuirão com a reposição de fluidos. Quando o paciente tolera bem os líquidos, não está vomitando e o apetite já começa a retornar, a alimentação deve ser gradualmente recomeçada. Não existe qualquer benefício comprovado na restrição de alguns alimentos (cereais, gelatina, bananas e torradas). Alguns pacientes podem desenvolver intolerância temporária à lactose.
A prevenção é dada pela aplicação de vacinas nas crianças, disponível no SUS e pelo cuidado com saneamento básico, não ter contato com esgotos, águas de enxurradas ou contaminantes como alimentos mal acondicionados e locais com esgoto correndo em praias por exemplo. Estão disponíveis duas vacinas vivas atenuadas contra rotavírus que são seguras e eficazes. A imunização contra rotavírus é parte do programa de vacinação infantil recomendado. A prevenção da infecção é complicada pela frequência de casos assintomáticos e pela facilidade como alguns agentes, em particular vírus, são transmitidos de uma pessoa a outra. Em geral, procedimentos adequados no preparo e manuseio de alimentos devem ser seguidos. Viajantes devem evitar alimentos e bebidas potencialmente contaminados. Para evitar infecções transmitidas por águas recreativas, as pessoas não devem nadar se tiverem diarreia. Deve-se frequentemente verificar as fraldas de bebês e crianças pequenas e devem ser trocadas em um banheiro e não perto da água. Os nadadores devem evitar engolir água ao nadar.
Sempre que tiver sintomas de diarreia, náusea e/ ou vômitos procure orientação médica, principalmente quando as crianças são afetadas. É importantíssimo manter a hidratação e o equilíbrio da flora intestinal nesses casos.
Cuidem se nas praias contaminadas nos últimos meses com enxurradas e com a intensa superpopulação sem saneamento adequado.
Abraço carinhoso e até breve!
Dra. Cristiane Schmitz
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