A algum tempo recebo pais encaminhados para avaliação de seus filhos, pois estão mais agitados ou desatentos. Na verdade, essas crianças muitas vezes já vêm trazidas com o diagnostico realizado erroneamente de TDHA (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), com o intuito de iniciarem tratamento farmacológico.
É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra, pediatra), neurologista, juntamente com psicólogo, terapeuta ocupacional especializados, podem confirmar a suspeita em conjunto.
O diagnostico envolve a avaliação assertiva de vários profissionais e os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses.
O Dicionário de Saúde Mental atual (DSM V) subdivide o TDAH em três tipos:
• TDAH com predomínio de sintomas de desatenção;
• TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/ impulsividade e;
• TDAH combinado.
Nesta síndrome, ocorre o déficit de atenção e a impulsividade ou falta de controle, considerando- -se, além disso, que a atividade motora excessiva é resultado do alcance reduzido da atenção da criança e da mudança contínua de objetivos e metas a que é submetida.
É um transtorno reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tendo inclusive em muitos países, lei de proteção, assistência e ajuda tanto aos portadores quanto aos seus familiares. Há muita controvérsia sobre o assunto. Há especialistas que defendem o uso de medicamentos e outros que acham que o indivíduo deve aprender a lidar com ele sem a utilização de medicamentos.
Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa muitas vezes têm dificuldades para lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança.
A criança com déficit de atenção muitas vezes se sente isolada e afastada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no parquinho ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa autoestima.
Ela frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras.
O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional que conheça profundamente o assunto e que necessariamente descarte outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento.
De acordo com a neuropsicologia os passos para o diagnóstico também são:
•Observar aspectos do neurodesenvolvimento;
•Importância da história familiar;
•Impactos dos sintomas na vida da criança tanto em casa quanto na escola;
•Influência na aprendizagem escolar;
•Perfil neuropsicológico;
•Diferenciar a atenção normal em comparação as crianças da mesma idade;
•Fatores ambientais de risco.
Existem testes e questionários que auxiliam o diagnóstico clínico. Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento do futuro, por isso dizemos que afeta diretamente as funções executivas.
Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes se interligam. Portanto, o funcionamento inadequado de outras áreas conectadas à região frontal pode levar a sintomas semelhantes aos do TDAH.
Para evitar que se distraia, é recomendado que a pessoa portadora do transtorno tenha um ambiente silencioso e sem distrações para estudar/trabalhar.
• Na escola, ela pode se concentrar melhor na aula sentando-se na primeira fileira e longe da janela.
• Aulas de apoio com atenção mais individualizada podem ajudar a melhorar o desempenho.
• É importante que os pais e professores se focalizem em recompensar onde seu desempenho é bom, valorizando suas qualidades, mais do que punir seus erros.
• E nunca a punição deve ser violenta, pois isso pode tornar a criança mais agressiva, e leva ela a evitar e guardar rancor, medo, raiva da pessoa que a puniu (além de não ser eficaz um comportamento quando o agente punidor não estiver presente).
Lembre se que criança deve brincar, correr, pular, sorrir, cantar etc. Não devem ficar sentada o tempo todo em frente a televisão, computador celular. Qualquer pessoa retirada do seu ambiente de “conforto” ficará mais ansiosa.
Então, estimule o seu filho a ser a criança que você era!!!
Em caso de dúvidas sempre converse com o pediatra que lhe acompanha
Uma abraço carinhoso e até logo
Deixe seu comentário