Referência em Santa Catarina: hospital público com mais de 50 anos é campeão em doações de órgãos

Com atuação integrada e baixa taxa de recusa familiar, o Hospital Governador Celso Ramos se destaca nas doações de órgãos em Santa Catarina.

Com 58 anos de atuação, o Hospital Governador Celso Ramos (HGCR), em Florianópolis, se consolidou como referência em saúde pública em Santa Catarina. Além de oferecer mais de 30 serviços especializados, a unidade é hoje a líder estadual em doações de órgãos, registrando 32 procedimentos entre janeiro e agosto de 2025, segundo dados da Central Estadual de Transplantes.

Estrutura e capacitação das equipes

O neurologista Diego Fagundes, coordenador Hospitalar de Transplante do HGCR, explica que os resultados são fruto da atuação integrada e da capacitação constante das equipes médicas.

Ele destaca que a doação de órgãos só ocorre após o diagnóstico confirmado de morte encefálica, feito com critérios rígidos e bem definidos pela legislação brasileira. “O objetivo inicial é sempre reverter a condição grave do paciente. Porém, quando não há evolução positiva, a morte encefálica pode ser constatada e, a partir daí, é possível iniciar o processo de doação”, afirma.

Importância da autorização familiar

Mesmo após a confirmação médica, a decisão final depende da família. No HGCR, apenas 19% das famílias se recusam a autorizar o procedimento — índice considerado baixo diante da média nacional.

“A autorização familiar é o ponto decisivo. Esse entendimento de que a doação é um ato de amor faz toda a diferença para salvar vidas”, ressalta Fagundes.

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Santa Catarina no cenário das doações

De acordo com a Central Estadual de Transplantes, entre janeiro e agosto de 2025 foram registradas 234 doações de múltiplos órgãos em Santa Catarina. Metade delas se concentrou em cinco hospitais:

• Hospital Governador Celso Ramos (Florianópolis): 32 doações
• Hospital Santa Isabel (Blumenau): 27 doações
• Hospital Maternidade Marieta Konder Bornhausen (Itajaí): 27 doações
• Hospital São José (Criciúma): 19 doações
• Hospital Regional do Oeste (Chapecó): 15 doações

Essas unidades, juntas, responderam por 120 doações no período.

O desafio da fila de transplantes

Apesar dos avanços, a demanda ainda é alta. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 1.641 pessoas aguardam por transplantes em Santa Catarina. O rim é o órgão mais solicitado, com 933 pacientes na fila.

A rede estadual conta com 69 comissões hospitalares de transplante, que atuam no acolhimento das famílias e na organização dos fluxos de doação. Esse esforço coletivo tem colocado o estado entre os mais engajados do país no tema.

Um ato que salva vidas

Os dados do HGCR mostram que investimentos em estrutura hospitalar e na humanização do atendimento podem impactar diretamente na vida de milhares de pessoas. Cada doação de múltiplos órgãos tem potencial para salvar até dez pacientes.

“Nosso papel é oferecer acolhimento, respeito e informação às famílias. Sem esse entendimento coletivo de solidariedade, nada disso seria possível”, conclui o neurologista.

Fonte: Ndmais

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