O refluxo gastroesofágico fisiológico ocorre por um escape do conteúdo estomacal para o esôfago. Isso ocorre por imaturidade de uma válvula localizada no final do esôfago. Geralmente esse tipo de refluxo, desaparece por volta de 1 ano de idade, com o amadurecimento deste sistema. Essa manifestação geralmente não vem acompanhada de outros sintomas.
Já a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é caracterizada pela regurgitação crônica, que pode permanecer além de um ano de vida, associada a choro intenso, irritabilidade e perda de peso ou dificuldade para ganha lo.
Ao nascer, a criança ainda não tem uma válvula madura o suficiente para um fechamento eficaz. Essa pressão se desenvolve com a idade, e por volta de 2-4 meses está normal. No período que compreende esse desenvolvimento, e até alguns meses depois, pode haver pequenos refluxos do estômago para o esôfago, caracterizando o quadro conhecido como refluxo.
Alguns fatores influenciam no relaxamento da válvula, tais como: distensão gástrica após a alimentação, sono, postura deitada da criança e tabagismo passivo (pais ou conviventes fumando próximos ou no ambiente que a criança está inserida).
Esse fenômeno ocorre em até 60% das crianças menores de 1 ano, predominando no sexo masculino, sendo na maioria dos casos benigno e transitório. Os episódios de regurgitação são mais numerosos nos primeiros meses de vida, sendo que 5% dos casos mostram mais de seis regurgitações por dia, com a tendência de reduzir sua ocorrência conforme avança a idade, até seu desaparecimento esperado ao redor do primeiro ano de idade - mais de 90% dos casos.
A regurgitação pode ocorrer várias vezes ao dia, e pode vir acompanhada de outras manifestações, como cólica e arrotos. Quando associada a outros fatores mais graves, como dificuldade para ganho de peso ou perda de peso, irritabilidade, vômitos frequentes e alterações do sono, outras patologias devem ser pesquisadas, em especial a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
As manifestações nos bebês, não se limitam somente às regurgitações, sendo capazes de apresentar vômitos intensos, dificuldades durante as mamadas, alteração na posição cervical, jogando o pescoço para trás, déficit no ganho de peso, irritabilidade e choro intenso.
Nos adolescentes e crianças maiores, as principais manifestações são dor estomacal, azia ou dor no peito.
A abordagem do lactente com refluxo deve ser construída a partir do desenvolvimento de um bom diálogo, história clínica cuidadosa, diferenciação adequada entre refluxo fisiológico e doença do refluxo gastroesofágico, orientações e tratamento adequado para o paciente e seus pais.
A respeito de medidas dietéticas, é importante esclarecer que se o bebê é menor de seis meses e está em aleitamento materno exclusivo, não é necessário trocar seu alimento ou complementá-lo, e a amamentação segue a livre demanda.
Caso a criança seja maior do que seis meses e já tenha outros alimentos em sua dieta, deve se alimentá-la em porções menores ao longo do dia, para tentar reduzir o refluxo.
Diversas condutas podem ser adotadas na tentativa de amenizar os sintomas como medidas comportamentais, farmacológicas e até mesmo cirúrgicas, se houver agravamento e necessidade. É importante reservar o tratamento com medicamento para aqueles pacientes que apresentam dificuldade de se alimentar ou sinais e sintomas mais graves.
Nunca automedique seu filho, muitos medicamentos podem piorar o quadro de refluxo. Converse com seu pediatra para adotarem a melhora conduta.
Até breve e um abraço carinhoso.
Dra. Cristiane Schmitz
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