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EDITORIAL

“Quem dança, seus males espanta”

Nesse clima de festa, o Conselho Nacional de Saúde reconheceu religiões de matizes africanas, como o candomblé, como prática integrativa no SUS - Sistema Único de Saúde Viva o SUS! Porém, morre a ciência, negacionistas.

O Ministério da saúde pretende incorporar terreiros para promover saúde e cura. Literalmente voltando aos tempos da Babilônia. Na Babilônia, civilização existente há 3.700 anos aproximadamente, a mesma que criou a Lei de Talião - aquela do olho por olho, dente por dente - os sacerdotes exerciam o papel de curadores, tratando especialmente transtornos mentais, considerados possessão por espíritos, e tratados através de rituais religiosos. Mas, engana-se quem pensa que essas atividades foram em vão. Esses curandeiros desempenharam para a Medicina um grande papel, já que fizeram o detalhamento de várias doenças, e descobriram dezenas de princípios médicos.

Que fique bem claro: princípios!

Nas culturas da antiguidade, era comum curas serem praticadas com magias, pois entendia-se que eram castigos enviados pelos deuses e que só poderiam ser curados com feitiços e rituais. A ciência surgiu e evoluiu. Hipócrates, o pai da medicina, foi um marco, justamente por contrapor que doenças eram enviadas pelos deuses e promoveu importantes avanços na pesquisa do corpo humano com estudos catalogados desvendando o funcionamento da anatomia humana. No século XIX (1895) já existia o microscópio e no XX desenvolveram-se equipamentos de diagnósticos como raio X.

Charuto, farofa, galinha preta e cachaça agora são artefatos nos espaços de cura. Não mexa naquele despacho na encruzilhada, pois há uma cura sendo feita.

Será?

Não há base cientifica. Aliás, curandeirismo é crime previsto no Código Penal. Daqui a pouco João de Deus será considerado inocente em nome da cura por prática integrativa.

Nossa constituição, por sua laicidade, ou seja, por admitir todas as religiões, não permite privilégio de religião de matiz africana, ou seja, tal resolução do CNS deveria prever então, igualmente, que todas as religiões são práticas integrativas para a cura.  

Nada contra uma ou outra religião, a fé é importante e controla bem as massas, porém, Templos, sejam quaisquer templos, igrejas, barracões ou terreiros não são locais de cura mesmo que complementares. Fé e ciência não fazem parte do mesmo grupo.   

Bom mesmo é saber que os pretos velhos, com a fala humilde e seus charutos longos, em maio à fumaça do palo santo, tem mais bom senso que os administradores do CNS. Encaminham seus doentes aos médicos de branco, afinal, o que é mundano e físico deve ser resolvido à forma humana mesmo, e, de preferência, com a ciência mais desenvolvida e testada possível.

Viva a ciência!

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1964, repaginado

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