Ascurra é contemplada com 12 casas pelo programa Casa Catarina

O Brasil vive, há décadas, um ciclo vicioso de escândalos. De Brasília aos rincões mais distantes, somos bombardeados diariamente com notícias de desvios bilionários, esquemas complexos e operações policiais que revelam a podridão da corrupção. Assaltos aos cofres públicos que nos custam não apenas dinheiro, mas a confiança nas instituições, a qualidade dos serviços essenciais e, em última instância, a própria esperança em um futuro mais justo. Vemos megaobras inacabadas, hospitais sem insumos, escolas caindo aos pedaços, e a resposta, muitas vezes, aponta para a atuação implacável de quadrilhas que se aninham nos centros do poder.
A indignação é generalizada. Nas redes sociais, nas mesas de bar, nas rodas de conversa, o tema da corrupção é quase unânime. Culpamos os "políticos", o "sistema", as "elites". Apontamos o dedo para as grandes empreiteiras, para os lobistas, para os grandes figurões da República. E, de fato, eles têm sua parcela gigantesca de responsabilidade. As manchetes gritam os nomes de quem desviou milhões, de quem está envolvido em lavagem de dinheiro, de quem transformou o bem público em fonte de enriquecimento ilícito. É um cenário desolador, que nos faz sentir pequenos diante de uma engrenagem tão poderosa e aparentemente inabalável.
Contudo, ao focar apenas nos grandes escândalos e nos bilhões desviados em Brasília ou nas capitais estaduais, corremos o risco de ignorar o que acontece bem debaixo dos nossos narizes. Enquanto nossos olhos e ouvidos estão sintonizados nas grandes operações, na mídia nacional que detalha propinas milionárias em grandes contratos, o problema pode estar mais próximo do que imaginamos.
E se a corrupção que você tanto abomina nas manchetes de jornais estiver acontecendo agora, na sua rua, no seu bairro, na sua própria cidade?
Pensemos bem: Pequenos desvios, superfaturamentos em contratos menores, nepotismo em cargos comissionados, favores que beneficiam uns em detrimento de outros – esses atos, embora em menor escala individualmente, somam-se e corroem o orçamento municipal de forma silenciosa, mas igualmente devastadora. A corrupção não é apenas a lavagem de bilhões; ela é também a pequena fraude no dia a dia da gestão que afeta diretamente sua vida.
Será que estamos tão preocupados em fiscalizar os "grandes tubarões" que esquecemos de olhar para os "peixes menores" que nadam em nosso próprio aquário? A indiferença em relação ao que acontece no nosso município, a falta de cobrança efetiva sobre os vereadores, o prefeito, os secretários, pode ser um terreno fértil para que a corrupção floresça sem alardes, roubando recursos que poderiam transformar a realidade local.
Não é hora de apenas culpar os outros ou o sistema. É hora de nos perguntarmos: Estamos realmente atentos ao que acontece com o dinheiro público no nosso próprio município, ou a corrupção bilionária do Brasil nos cega para os desvios que ocorrem bem perto de casa?
Talvez, em seu município tudo esteja dentro da normalidade, mas lembre-se: é necessário fiscalizar sempre.
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