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EDITORIAL

Antiético ou só imoral?

Ética e moral são faces da mesma moeda porque se referem ao comportamento humano em sociedade, não são sinônimas, mas se entrelaçam. Nos tempos hodiernos muito se discute, especialmente, em relação à política acerca de atitudes imorais ou antiéticas. Tanto ética quanto moral são anteriores à política, mesmo que a política, hoje, influencie demasiadamente sobre ambas.

Mas o que é ética e o que é moral? Ética é obediência ao que não é obrigatório, mas é bom, justo e coloca o coletivo sobre o individual, o contrário do mau. São valores universais que são idênticos em qualquer lugar do planeta. Seriam virtudes inatas que orientam as ações humanas mesmo sem a interferência de um Estado organizado. A ética é ligada ao caráter.

A moral é baseada nos costumes e isso sim tem influência geopolítica. É o que é certo ou errado em cada localidade e cultura, portanto é variável. Podemos ter por exemplo, o concubinato (relações extraconjugais tidas imorais) e o poliamor (hoje relacionamentos múltiplos e até conjuntos).

Hoje vivemos muito mais uma crise moral do que ética, em que pese uma reflita na outra, porque a mudança na moral pode alterar a ética. É como um navio sem mapa (ou GPS) que fica incapaz de se nortear. É só olhar para novas gerações.  

As pautas progressistas e de esquerda, buscam constantemente (e há anos) uma projeção para mudança brusca de costumes, um foco na perda de valores, na falta de compreensão entre as gerações e pessoas. Hoje, por narrativas – que nada mais são do que ‘fake News’ ditas ‘para o bem’ (tudo entre aspas) – está desconstruindo tanto a moral quanto a ética. Qualquer grupo identitário e militante é medida da ética, é o marcador de como você se comporta sendo até criminalizado.

Falar que uma pessoa é gorda, no auge de seus 200 kg, é gordofobia. Falar que a Branca de Neve não pode ser negra pelo próprio nome e descrição de quem a criou é racismo; falar que homem é homem e mulher é mulher é transfobia. Casos como esses que seriam questões morais estão atingindo a ética porque estão colocando o ser humano que não concorda ou que fala combatendo tais narrativas como um vilão, o mau, como um ser humano que deve ser banido da sociedade porque alguém diz que a regra de conduta mudou. Mas aceitar o outro e as diferenças são regras (éticas) inatas.

A política nunca teve ética porque ela é movida pelos costumes. Em defesa de minorias, a maioria dos políticos aprova e entende que tais pautas são necessárias para se manter no poder e não para promover o melhor relacionamento entre humanos.

O comportamento ético, dito como valores universais, portanto, como o básico do respeito a qualquer ser humano e sua complexidade natural, está sendo corrompido dia a dia num discurso vazio de que tudo é construção social, como se essa construção acontecesse de um dia para outro e quando temos indícios do homem na Terra há 5 milhões de anos.

Pelas narrativas (estórias) na busca da mudança da moral, porque tem gente que nasceu com raiva do mundo e com inveja do outro, a identidade de gênero que é uma ideologia está sendo tratada como uma ciência e como uma verdade constante do mundo humano desde o primitivismo, como uma regra ética, quando é uma tentativa de mudar o costume local (que é no campo da moral). Sócrates estaria horrorizado vendo a deturpação e a falta de uso da racionalidade para estudar a natureza humana com uma imposição de evolução que fica no campo das ideias e algumas até das patologias da psique humana.

Por isso, a linha é tênue entre a moral e a ética, porque pela ética se tem princípios, valores e virtudes inatas e postas universalmente. Pela moral que são os costumes, a cultura e, portanto, os fatores sociais que a constroem, se explicam práticas como a religião, a política, o Direito que são diversos, diferentes em várias partes do planeta e mutantes. Por isso, hoje se enfrentar disparidades na religião, na política e no Direito. São eles que estão mudando o mundo por dois estágios de ‘desenvolvimento’: por uma prática (ação forçada) somada a uma narrativa (uma fala qualquer, mas com ares de convicção e verdade) que visa a ‘desconstruir’ a tradição (moral e ética).  

O ser humano existe na busca de um existencial nobre. Todos querem ser os escolhidos à uma grande missão, querem fingir estar fazendo algo grandioso. Porém, quando não consigo essa grandiosidade e notoriedade, forço os meus pares (outros humanos) a me aceitarem com todas as deturpações físicas e morais que eu tenho para que eu não precise me esforçar e me elevar no nível das virtudes pretendidas numa existência humana.

E nisto consiste nossa própria reflexão ou deveria ser uma reflexão diária de cada um de nós: sou antiético? Ou sou imoral? Ou sou os dois? Porque quando não nos posicionamos, quando ficamos sobrevivendo ao mundo sem o propósito básico que é buscar virtudes em nossos lares e nossa família não estamos sendo éticos com nossa própria natureza que é gregária e virtuosa.

Estamos deixando barbáries e narrativas firmes (porém, nada coerentes) adentrar nossos lares e dizer o que é e como deve ser. Se cada um cuidar e dominar seu quadradinho, certamente, o mundo melhorará. A ética está dentro de cada um e mesmo que haja tentativas forçadas de mudança, como disse Ayn Rand “Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade.

Então, você é o que?

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