Férias!
Enfim, nossos filhos estão em casa, conosco, vivendo momentos incríveis! Espera aí? Será? Estou passando meu tempo com meu filho? Ou estou deixando-o com o celular para não me incomodar? Estou usando a tecnologia, por exemplo, para deixar meu filho em casa com telas, computadores, smartphones e tablets? Será que a tecnologia substitui a escola?
Pais orgulham-se em dizer que o filho mexe no celular melhor do que ele. Mas o que estamos criando? Quais os limites que uma tecnologia pode ter sobre o humano? É verdade, temos tecnologia suficiente para resolver todos os problemas do mundo, porém, nada no mundo supera a troca entre as pessoas e exatamente por isso os problemas humanos não se resolvem. Porque esquecemos o elemento básico: a troca humana, as emoções, a empatia.
A solidão é cruel em todos os sentidos, especialmente porque ela não nos ensina nada. A aprendizagem exige correspondência, contato, valores, princípios. Para desenvolver a paciência é preciso conviver com o outro, com aquele que é diferente da gente, com aquele que nos tira a paciência, pois para adquirir paciência é preciso praticá-la. Tudo na vida é exercício prático, não teórico.
Na escola, no parquinho, na casa do amiguinho a criança aprende a esperar, aprende que ela não é única, que o outro sabe algo que eu não sei, mas que eu também posso ensiná-lo alguma coisa. Existem trocas que jamais serão substituídas pela tecnologia. Jamais os robôs vão ter sentimentos e emoções que são o verdadeiro cerne do aprendizado humano.
O que nos torna humanos são o amor, a empatia, a compaixão, a tolerância, a inteligência. É na troca que se desenvolve a criatividade.
Criatividade, aliás, é experiência única de cada indivíduo que envolve a história vivida, referências, experiências, experimentações, emoções, imaginação e intuição, por isso é única. Mesmo a tecnologia podendo ser uma ferramenta potente para alavancar a criatividade, não pode simplesmente substituí-la. E por isso mesmo, do século XVIII à XIX foram os momentos em que mais se criou na História. As necessidades faziam com que as pessoas criassem alternativas ao que lhes faltava.
Nossas necessidades físicas podem, devem e são substituídas por tecnologia, por exemplo, roupas com proteção solar, roupas que são impermeáveis, etc., mas o melhor calor, o melhor aconchego vem do abraço. A melhor conexão humana não é verbal. Não adianta ter uma rede de ‘amigos’ virtuais nas redes sociais. A comunicação não verbal e as experiências vividas entre pessoas que geram laços e fortalecem relações.
Assim, é preciso observar que a formação da personalidade de nossos filhos também se baseia na convivência escolar, lá no meio de estranhos que viram amigos, de professores que viram inspiração. Ali, é preciso cercá-los de bons exemplos e novas experiências. Nossos filhos tomam o que nós damos.
Por isso, menos celular, menos TV e mais gente! Gente como a gente, gritando, pulando, jogando bola, bolinha de gude, subindo uma árvore, andando de bicicleta. A tecnologia deve ser aproveitada e usada, mas com parcimônia, com cuidado, pois ela funciona como uma droga, é a cocaína de criança. Jogos online têm levado nossos filhos para caminhos sem volta. Crimes bárbaros acontecem em razão da ausência básica ao aperfeiçoamento do ser humano: sentimentos.
Sentir é um exercício que exige consciência, inteligência, noção da individualidade e a concepção larga de tudo que nos rodeia é vida, de senso crítico, de desenvolver as emoções e sentimentos virtuosos. Inclusive se sabe que através de bons sentimentos nosso corpo produz hormônios que nos permite ser mais saudáveis e felizes. E isso ocorre somente com convívio entre pessoas.
Nossas crianças nascem com a pureza da alma e precisam ser estimuladas para tal. Todo comportamento infantil é baseado no que estamos dando para elas. O que você dá para seu filho? Lembrem-se, o afeto e a alegria jamais serão substituídos pela tecnologia. Que as férias sejam divertidas e com muito contato com familiares e logo, na escola, novamente, o despertar de que a existência é o relacionamento e a troca entre humanos. Sejamos gente de verdade, com amor e alegria sempre.
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