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Editorial

Apenas siglas

Após o encontro do Partido dos Trabalhadores no sábado com a presença de líderes de outros partidos, o caldeirão da política apiunense ferveu com muitos comentários nas redes sociais, que chegaram ao ponto máximo que foram as ofensas. Mas lembramos aos nossos leitores que siglas são apenas letras e que no Brasil a ideologia partidária passa longe e muito abaixo dos interesses pessoais.

As eleições municipais próximas sempre é o assunto mais debatido nos municípios e nos quatro cantos de nossas cidades, e vale observar que desde o início da formação municipal de nossas cidadezinhas, ou seja, desde nossas emancipações políticas, as siglas sempre foram meramente letrinhas unidas e figurativas.

Como diz o ditado: siglas partidárias são roupas que se trocam conforme a necessidade. Alguns tentam limpar as mãos sujas por canetarem o que não deve, outros tentam disfarçar a grande ‘melancia’ que são.

Verdade é que sigla partidária realmente não reflete uma ideologia como lá na época da Grécia e Roma antiga. Tanto é que, no Brasil, há 30 partidos políticos com registro regular e mais 17 novos partidos em formação, dados de junho de 2023, como se verifica no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aliás, vale traduzir que partido político com as lindas siglas que formam seus nomes nada mais são que um grupo organizado buscando poder, porque ninguém ou quase ninguém está disposto a organizar o Estado com base nas necessidades da sociedade, tanto é que sequer temos saneamento básico e o Estado se preocupa com sua propriedade privada, com o controle de sua empresa e de sua vida em geral esquecendo do crime organizado, por exemplo.

A exploração de siglas partidárias é uma ferramenta de barganha, de negociação e muito poder político. A ideia é possuir parlamentares suficientes para barganhar na formação de coalizões, por exemplo. E mais ainda é ganhar, literalmente, mais dinheiro – através do fundo eleitoral – bem como negociar cargos em secretarias e tempo de mídia (TV e rádio), mas tudo em nome da democracia.

É claro que temos, dentre 30 partidos em atuação, alguns que se destacam pela busca de alguma moralidade e organização parlamentar de oposição, bem como, levando – especialmente nos dias atuais das redes sociais – informação política em outro nível para a população. Porém, quem não segue o jogo não se cria.

Há dois poderes que se mostram na política brasileira que são: um, o poder político e o outro, o poder eleitoral. Uns têm naturalmente o voto da população pela simpatia e proximidade com o povo, outros têm o poder de barganha, de negociação, tem o vulgo “a faca e o queijo na mão,” este é o poder político. Política é projeção de poder e cargos, são a musculatura da política. Esse é o jogo.

Para se mover é preciso somar tudo isso. O que ocorre é que a lei, mais uma vez nossas maravilhosas leis, exige filiação partidária para ser eleito. Aqui não há político sem partido, não se pode buscar um cargo eletivo avulso. Isso significa que a própria lei empurra e favorece a mentira das siglas e de coligações para blefar e angariar fundo partidário. Todas as siglas refletem mais do mesmo. São 50 tons de vermelho porque não há uma ideologia coerente e a grande maioria se joga para pautas identitárias, de gênero, abortistas porque está na moda a defesa das minorias e as paixões absurdas por animais que são mais protegidos que a vida humana. Há contradições em todos os partidos, até mesmo porque o nível cognitivo é realmente assustador.

Imaginem um Brasil sem amarras, sem fundo eleitoral com candidaturas avulsas e sem legenda para arrastar o coleguinha. Seria o suprassumo da verdadeira democracia representativa, sem gente entrando pela porta dos fundos.

Hoje, tantas siglas em atividade e tantas outras que buscam formação, são nada mais nada menos que a asfixia da democracia e de seu povo, uma mentira de falsos conservadores, libertários e nacionalistas.

Pura demagogia, cujo objetivo único é manter-se na profissão que menos exige esforço e cognição. Qualquer bêbado pode virar Presidente. Isso vale para Estados e municípios.

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