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CULTURA

Santo Antônio e a comunidade da Vila Nova

A Origem da Festa de Santo Antônio na cidade de Ascurra

 

Santo Schenalle foi um homem de fé e determinação, cuja história se entrelaça profundamente com a devoção da comunidade da Vila Nova. Nascido no dia de Santo Antônio, desde cedo cultivou uma ligação especial com o Santo, o que fixou ainda mais sua devoção ao longo da vida. Foi ele quem trouxe a primeira imagem de Santo Antônio para o povoado — um gesto aparentemente simples, mas que carregava um profundo significado espiritual.

A fé floresceu e ano após ano as rezas e as celebrações em honra ao Santo passaram a fazer parte da vida de todos os moradores.

Santo Schenalle, faz parte da linhagem da família de Ieda Bis Merini, e conversar com ela foi essencial para compreender melhor o início dessa história.

A história da Festa contada pela família Merini

Para contar para vocês essa história maravilhosa de fé e celebrações, que teve seu início nos idos dos anos 1950, conversei com os filhos de Luiz Merini e Leonilde (Dagnoni) Merini e com Ivanilde Merini Chiarelli, Iria Poffo, Charles Chiarelli, Juraci Caprari Chiarelli, Paulo Merini, Ieda Bis Merini.

Essa é a verdadeira história da Festa de Santo Antônio da Vila Nova em Ascurra.

Foi em uma noite fria de segunda-feira, 13 de junho de 1955, feriado de Santo Antônio, que  a nona Paula (Zonta) Merini mandou Luiz Merini e Leonilde Merini rezarem no capitel de Santo Antônio. O capitel não era como hoje, e nem a estrada. Era de tijolo, bem pequeno, tinha duas janelinhas de madeira e quatro bancos para ajoelhar. Não cabia todo mundo, e o resto das pessoas tinha que ficar do lado de fora.

** O capitel era virado no sentido contrário do que é hoje, e a estrada passava em frente.**

Luiz convidou Isaías e a namorada Ivanilde para irem lá rezar juntos. De tão frio que estava, acenderam uma fogueira com gravetos e depois para mantê-la acesa se utilizaram de estrume seco de vaca. Florindo, cunhado de Luiz, que morava próximo, observou a cena e juntamente com sua esposa Olga dirigiram-se ao local. Mas o encontro ficou ainda maior quando o irmão de Luiz, Júlio Merini, e a mulher Leonora também foram lá rezar.

Os quatro casais: Luiz Merini e a mulher, Leonilde Merini; Isaias Chiarelli e a namorada, Ivanilde (Merini) Chiarelli; Florindo Poffo com a mulher, Olga (Merini) Poffo o Júlio Merini com a mulher Leonora (Zonta) Merini, repetiram o evento no ano seguinte. José Tomio, a família de Piero Chiarelli, Lino Dalfovo e José Possamai, o conhecido “Bepi”, juntaram-se a eles. Eles rezavam o terço e o responso.

Por causa do frio, mantiveram a tradição da fogueira, agora com lenha, e também levavam uma cachacinha para aquecer.

A cada ano, mais gente se juntava, e tornou-se uma tradição. O nono Amabilio Luiggi Merini doou um terreno para fazerem a celebração, da Festa de Santo Antônio.

O evento se popularizou, e muitas moças passaram a fazer promessas a Santo Antônio, pois ele era o santo casamenteiro.

A comunidade era conhecida como “Val’Nova”, mas por iniciativa do então vereador Olivo Chiste foi denominada de Vila Nova e hoje é um bairro de Ascurra.

No início, não existiam galpões, os festejos eram em uma barraquinha coberta de lona, onde vendiam rapadura, pinhão, amendoim, quentão, gasosa e cerveja. Com o passar dos anos, começaram a preparar churrasco e construíram uma meia-água de madeira.

A comunidade se dividia nas tarefas e preparos. O quentão e o pinhão eram feitos na casa de Luiz Merini; as galinhas assadas, na casa de Florindo Poffo e as rapaduras na casa do Antônio Chiarelli. Além disso passavam de casa em casa pedindo a "questua", que hoje seria uma “vaquinha”. Pediam uma galinha, ovos e outras coisas mais produzidas pelas famílias.

**É importante lembrar que não havia as facilidades de hoje.**

Eram outros tempos!

Por alguns anos foi assim, uma meia-água de madeira com telha e uma barraca grande de lona. Quem ajudou muito, colocando alto falante, microfone, música e o toca-discos
de músicas juninas – que, quando esquentava, tinha que parar a música - foi a família Dalfovo. Leandro Dalfovo era o locutor, era ele quem falava e dava vida a noite. Outra pessoa que foi importante também foi a Tereza Chiarelli, que comandava a cozinha. Os pasteis da época eram recheados de carne com palmito. Durante o evento o “aviãozinho”, que ao aterrizar após breve voo, premiava quem tivesse o número onde a roda parasse, era uma das mais destacadas atrações. (Este brinquedo foi produzido para o Colégio Salesiano por Olivio Coelho de Apiúna). Vale também lembrar das rifas: para queimar a fogueira (sim tinha fogueira e ela crescia metros e mais metros todos os anos); para concorrer a prendas doadas pela comunidade, muitas delas de alto valor.

Muito tempo se passou e o espaço ganhou um galpão grande, que era aberto, mas com um quartinho com chave onde guardavam itens principais, como o baralho. Ali também tinha um tipo de barzinho, porque os responsáveis que cuidavam vendiam para poder fazer uma “caixinha”. Também tinha uma cancha de bocha, onde a geração do Luiz Merini se reunia com os filhos no sábado à noite, depois da missa da Igreja Matriz Santo Ambrósio, ou no domingo à tarde.

Bocha, baralho, chinquilho, canastra e pife eram o passa tempo de jovens e adultos.

O tempo passou, a tradição foi mantida e o público cresceu. Hoje existe uma linda Capela e um salão espaçoso e aconchegante.

A COMUNIDADE DE VILA NOVA

Além da festa de Santo Antônio, a comunidade também marcava presença no desfile da “Per Tutti”, com participações muito especiais. Houve anos em que até carros alegóricos foram preparados com todo cuidado e criatividade, representando com orgulho a tradição do bairro. Essa participação sempre teve um brilho especial, e grande parte disso se deve ao carinho com que os filhos da Ivani e a Iria se dedicavam à organização.
A presença de Iria se destacava, pois ajudava a montar os vestidos, preparava as roupas típicas, os enfeites, e ainda organizava o parquinho em dias de festa. Esse cuidado todo garantia que as crianças também tivessem seu cantinho de alegria durante os dias de celebração, fazendo este momento ainda mais especial para todos. Muitos mais contribuíram para o crescente sucesso e continuam a construir esse belo caminho: Ambrósio, Odir, Veneranda, Clara Possamai, a família Tomio e tantos mais que guardamos com carinho no coração.

“Cada um, à sua maneira, deixa um pedacinho de si nessa tradição que continua viva até hoje.”

A Festa de Santo Antônio faz parte da nossa história, e acreditamos que também tem um lugar especial no coração do povo de Ascurra. O que compartilho aqui é o jeito como a família Merini viveu essa tradição. Não quer dizer que seja a única ou o mais certa, mas foi a minha forma de contar e repassar a memória.

Registrar essas memórias foi também uma maneira de homenagear a Nona Paula e o Nono Amabilio, que com tanto carinho cultivaram essa fé. E, mais do que isso, é uma forma de deixar para as próximas gerações um pedacinho dessa história, para que nunca se perca o valor daquilo que nos une.

Texto: CAMILA KLITZKE com adaptações de Ailton Carlos Coelho



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