Déficit de policiais em SC provoca atrasos de até 5 anos em inquéritos, revela MP
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Foto: PCSC, Divulgação - Polícia Civil prepara concurso público para 2026
Polícia Civil de Santa Catarina enfrenta déficit de efetivo, causando atrasos de até cinco anos nas investigações e pressionando o sistema de Justiça do Estado.
O déficit na Polícia Civil de Santa Catarina tem provocado atrasos graves em investigações, chegando a cinco anos em alguns casos, segundo inquérito do Ministério Público do Estado.
Desde 2018, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) investiga a insuficiência no efetivo da Polícia Civil, que opera atualmente com cerca de 52,5% do quadro previsto para atuar de forma eficiente. Esse déficit comprometendo o andamento das investigações e a efetividade da Justiça sobressai em uma investigação exclusiva da NSC TV, baseada em documentos oficiais em posse do MPSC.
Um caso emblemático é o inquérito sobre o estupro de uma idosa, aberto em janeiro de 2022 e concluído somente em 2025, sem identificar nenhum suspeito. A demora atingiu cinco anos e o processo foi reaberto nesta semana após ligação com outro crime grave, a morte da estudante Catarina Kasten em Florianópolis. O inquérito oficial evidencia que prazos estabelecidos pelo Código de Processo Penal não foram cumpridos devido à sobrecarga de trabalho e à reduzida quantidade de servidores na unidade.
Cidades do interior e litoral sofrem com falta de delegados e policiais
A insuficiência do efetivo não é problema isolado da capital. Relatórios da Promotoria mostram que municípios como Rio do Sul tinham 60 processos parados por mais de 100 dias em 2024. Em Presidente Getúlio, um delegado cuida de quatro cidades com 33 mil habitantes, enquanto em Palmitos apenas metade dos policiais disponíveis atua plenamente. Também foram registradas pendências nas delegacias de Palhoça, São Francisco do Sul, Araranguá e Balneário Arroio do Silva.
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Florianópolis, por sua vez, enfrentou em 2024 a abertura de mais de 2 mil novos inquéritos, somando-se a 5 mil já em andamento. A sobrecarga atinge diretamente a capacidade de investigação da Polícia Civil, tornando a resolução dos casos mais lenta e dificultando o acesso da população à Justiça.
Concurso público e esforço pela recomposição do efetivo
Em abril de 2025, o delegado-geral Ulisses Gabriel admitiu ao Ministério Público que a Polícia Civil enfrenta dificuldades para suprir as demandas, especialmente no interior e em algumas regiões litorâneas. Ele afirmou que o governo estadual está aguardando autorização para abertura de novos concursos públicos, fundamentais para ampliar o quadro.
Recentemente, o Ministério Público solicitou à Delegacia-Geral informações sobre o planejamento dos concursos para os cargos de agente e escrivão. A corporação enfrenta um “apagão de mão de obra”, segundo relato oficial, em especial devido à ausência de concursos durante o governo anterior, situação que vem sendo corrigida agora, embora o processo seja demorado.
A Polícia Civil informou que o edital para o concurso público com 300 vagas para agentes e escrivães será publicado na primeira semana de dezembro de 2025, o que pode trazer alívio para a estrutura da corporação.
Falta de policiais civis impacta toda a sociedade
A demora na investigação prejudica o combate à criminalidade de forma geral e reduz a confiança da população nas instituições públicas. Processos que se arrastam por anos deixam vítimas esperando por justiça e ameaçam a segurança ao não identificar e punir suspeitos rapidamente. Além disso, a sobrecarga dificulta o trabalho dos profissionais da área, que ficam expostos a uma pressão constante, muitas vezes sem condições adequadas.
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