praia dos ingleses

Após destruição de muros, moradores dos Ingleses convivem com nova ameaça da maré alta em Florianópolis

  • Foto: Germano Rorato/ND - Após derrubar muros, moradores dos Ingleses convivem com ameaça da maré alta em praia alargada

Moradores tentam se reerguer após prejuízos e temem novos danos na praia alargada; meteorologista explica o fenômeno que elevou o nível do mar em outubro.

Moradores da praia dos Ingleses, no Norte de Florianópolis, seguem convivendo com os impactos da maré alta que, no início de outubro, destruiu muros e causou prejuízos em cerca de 12 residências, além de danificar postes e afetar parte da orla recém-alargada. O evento, ocorrido no dia 6, reacendeu o debate sobre os efeitos das obras de engordamento da faixa de areia e o avanço das construções sobre áreas costeiras vulneráveis.

Maré alta causa destruição e deixa rastro de prejuízos

Mesmo semanas após a ressaca, a paisagem da praia ainda revela os estragos. Muros caídos, entulhos à beira-mar e barreiras improvisadas compõem o cenário. Na quarta-feira (22), moradores como o pescador Alex Marçal, de 51 anos, ainda circulavam entre o mar e as estruturas danificadas.

“Eu creio que não vai adiantar consertar, porque vai sempre acontecer isso aqui. Quando dá lestada ou vento sul muito forte, o mar sempre avança. É um fenômeno da natureza. Ele sempre existiu”, relatou o morador, acostumado a acompanhar as variações do mar desde a infância.

As residências atingidas estão situadas em um trecho que recebeu, em maio de 2023, a obra de alargamento da praia dos Ingleses, uma intervenção de R$ 18 milhões que ampliou a faixa de areia em 2,87 quilômetros — entre o canto sul e a região próxima à foz do rio Capivari — com o objetivo de conter a erosão.

Alargamento da praia e avanço do mar reacendem debate

Para alguns moradores, o avanço das construções e as barreiras erguidas na orla intensificam os efeitos das marés. “Antes não tinha essas barreiras todas, então o mar voltava. Agora ele fica batendo até derrubar tudo”, observa Marçal.

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No canto norte da praia, os danos ainda são visíveis. Em alguns pontos, os banhistas passam por ruínas de antigas estruturas. O morador César Correia conta que as obras de reconstrução ainda não começaram, mas já há planos em andamento. “Por enquanto tá parado. Houve algumas cogitações de reconstruir os que caíram. Eles vão reforçar a parte de dentro das barreiras, onde o mar pegou por dentro”, explicou.

O que explica a maré alta

De acordo com o meteorologista Leandro Puchalski, da Central do Tempo do Jornal ND, o fenômeno observado no litoral catarinense foi resultado de uma combinação meteorológica e astronômica.

Ele explica que um centro de alta pressão sobre o oceano, localizado entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul, gerou ventos fortes e uma elevação temporária do nível do mar. “As noites mais frias e o vento nordeste mais forte têm tudo a ver com esse sistema. Ele tem uma aspiração muito grande, com influência até o Sudeste do Brasil e a Argentina”, detalhou.

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Segundo Puchalski, quando essas áreas de alta pressão são intensas e persistentes, elas acabam interferindo diretamente nas marés, principalmente quando coincidem com os picos astronômicos. “Isso amplia a elevação do mar e aumenta a força das ondas, como vimos na praia dos Ingleses.”

Situação pode se repetir nos próximos dias

A previsão indica que os efeitos da maré alta devem permanecer até o fim da semana, principalmente no Litoral Sul e nas praias da Grande Florianópolis. A condição, no entanto, deve diminuir com a chegada de uma frente fria prevista para o fim de semana, segundo o meteorologista.

Enquanto aguardam estabilidade no tempo, os moradores tentam se adaptar à nova realidade da orla — uma faixa de areia reduzida, estruturas fragilizadas e a incerteza sobre o que virá com a próxima ressaca.

Fonte: NDmais

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